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sábado, setembro 02, 2006 

O regresso dos professores portugueses

Não sei o número exacto de estrangeiros em Timor-Leste mas sabe-se que são uns milhares, vindos de Portugal, Indonésia, Austrália, EUA, Japão, Malásia, Filipinas, Paquistão, China, entre muitos outros.
Mas é sobre os cidadãos nacionais de Portugal, Austrália e Indonésia que recaem as maiores atenções, o que até faz sentido, uma vez que Portugal foi a potência colonizadora por quase cinco séculos, a Indonésia ocupou o país durante 24 anos e é um vizinho poderoso tal como a Austrália, país com o qual Timor-Leste terá de medir constantemente forças pelo posse das riquezas naturais no Mar de Timor .
Qualquer atitude individual de cidadãos desses estados é de imediato ligada ao país de origem ao qual, consequentemente, são assacados os bons ou maus resultados das suas palavras e dos seus actos.
Portugal é o país que mais contribui para o desenvolvimento de Timor-Leste tendo ocupado quase sempre o 1º lugar no ranking dos países doadores. Depois, é a presença cultural a que não é alheia a escolha da língua portuguesa como idioma oficial do país, a par do tétum.
Por isso, a grande aposta da cooperação portuguesa se prende com o ensino do português e o envio de professores que, no âmbito de um programa do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, são destacados para os 13 distritos de Timor-Leste, se entregam e se empenham no ensino da língua de Camões, formando professores timorenses e ministrando também cursos intensivos a funcionários do Estado.
Sobre a importância da cooperação portuguesa na área do ensino, basta dizer que, só em Díli, a Escola Portuguesa conta actualmente com 28 docentes e cerca de 450 alunos.
A presença dos professores portugueses traz animação ao país. Quando partem, deixam saudades nos seus alunos e, verdade de La Palisse, sem eles, a cidade fica mais vazia.
Louvável é que, sendo todos tão jovens, se adaptem tão bem às dificuldades do país, tirando o melhor partido daquilo em que Timor-leste é rico, as suas belezas naturais.
Obviamente que, numa atitude mais pragmática, todos sabemos que a vinda dos professores é uma forma de resolver o problema do desemprego em Portugal, embora isso não cause qualquer prejuízo nas relações entre professores portugueses e alunos timorenses, nem diminua a generosidade que põem no seu trabalho.
Ontem, o jornal das 13 horas da RTP que aqui em Timor-Leste passa no horário nobre, a do jantar, noticiou a chegada a Díli de 34 professores portugueses que regressaram para retomar a formação de docentes timorenses.
O jornalista ouviu alguns professores, para auscultar as suas impressões no momento do regresso.
Estavam satisfeitos e prontos para recomeçar, disseram os entrevistados. E uma, apenas uma, professora expressou de forma infeliz o seu desagrado por ter regressado a Timor-Leste pelo 4º ano consecutivo.
A senhora não conseguiu apagar a sensação desagradável que as suas palavras deixaram nem mesmo quando afirmou gostar do país, dos timorenses e procurou esclarecer que o seu desencanto tinha a ver com problemas da carreira profissional dos docentes em Portugal.
É justamente aqui que a porca torce o rabo. Seria mais fácil, creio, expor o seu caso ao Ministério da Educação e ter ficado em Portugal. É que estando contrariada, deve ser complicado empenhar-se no trabalho tornando impossível criar laços de empatia imprescindíveis nas relações com os formandos, ainda por cima agora que Timor-Leste vive uma crise difícil.
Não está em discussão o direito da referida professora de manifestar livremente as suas opiniões e menos ainda a razoabilidade (ou falta dela) das suas queixas. Mas aqui, em Timor-Leste e num momento de reconhecida dificuldade deste país, foi um testemunho desnecessário, dispensável.
Tendo porém como certo que uma árvore não faz a floresta, a impressão negativa deixada pela desencantada e contrariada professora não deve fazer história nem ser extensiva aos seus colegas professores. Porque não o merecem. E Portugal também não.
Mas que era escusado, lá isso era…

É lamentável, Ângela e também nos envergonha a nós professores, Portugueses ou não.
Só tenho uma certeza, neste momento. A dita e pseudo professora só pode ser uma excepção para confirmar a regra de que os professores que vão para Timor são BONS PROFESSORES! Ah e gostaria de lembrar a essas excepções que o canudo que eles têm é fruto de um curso e não de um recurso.

Em resposta ao leitor Manuel Metelo:
O blog TIMOR é um blog do PUBLICO.PT e é animado por Ângela Carrascalão, que foi para isso convidada pelo PÚBLICO.
O PÚBLICO convidou outros colaboradores para participar neste blog desde o momento do seu lançamento (e continua a fazê-lo), mas essas colaborações têm de facto sido escassas, o que lamentamos.
O que não lamentamos de todo é o empenhamento e a participação de Ângela Carrascalão neste blog, que se transformou numa janela indispensável sobre a vida de Timor e num ponto de encontro de pessoas que partilham o seu interesse ou paixão por este país, portugueses, timorenses e de outras nacionalidades.
É evidente que as opiniões expressas por Ângela Carrascalão (como as de todos os nossos cronistas ou jornalistas) estão assinadas e apenas a obrigam a ela própria. Mas é também evidente que o PÚBLICO a convidou porque considerou que os seus relatos e as suas perspectivas são relevantes e enriquecedores em termos de informação e contribuem para o debate que gostaríamos que se realizasse em torno deste e de todos os outros temas da actualidade. Isso não quer dizer, naturalmente, que não possa haver quem não se reveja na sua perspectiva.
O blog Timor está aberto aos comentários de todos os leitores, que podem exprimir com total liberdade as suas opiniões.

José Vítor Malheiros
Director do PUBLICO.PT

olá
Estou a pensar ir leccionar para Timor no próximo ano lectivo (2008/2009)e não é por falta de trabalho em Portugal, mas sim pelo gosto de poder contactar culturas diferentes e poder contribuir de alguma forma para o progresso de um pais.
Gostaria de contactar com alguém que esteja lá.
Queria saber mais informações sobre variadíssimas coisas como é natural.
Aguardo contactos e informações
florjmo@gmail.com

Olá!

Já há bastante tempo que sinto vontade de ir leccionar para Timor. Gostaria de saber se alguém me pode enviar informações sobre os procedimentos e até alguns relatos de experiências.
Agradeço desde já

Andreia Costa
deialopesdacosta@gmail,pt

boas noites
sou natural de Timor e lamento que os concursos de professores para Timor sejam dirigidos aos professores não vinculados ao ME. Tenho uma experiência de 27 anos como docente de Biologia/Geologia e gostaria de dar o meu contributo ao país que me viu nascer. Espero que haja um concurso brevemente e que no mínimo seria razoável dêem prioridade aos naturais de Timor.
Bem haja
Maria Cristina

boas noites
sou natural de Timor e lamento que os concursos de professores para Timor sejam dirigidos aos professores não vinculados ao ME. Tenho uma experiência de 27 anos como docente de Biologia/Geologia e gostaria de dar o meu contributo ao país que me viu nascer. Espero que haja um concurso brevemente e que no mínimo seria razoável dêem prioridade aos naturais de Timor.
Bem haja
Maria Cristina

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