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terça-feira, agosto 29, 2006 

Reconciliação, de novo

Fala-se de novo sobre ela, sobre a necessidade de reconciliação – mais uma faceta dela ou talvez uma totalmente nova, resultante de problemas novos - como forma de alcançar a paz depois de serenados os ânimos.
Porque estamos em fase de reconciliação, o Primeiro-Ministro defende a melhor forma de alocar orçamento para a Igreja. Ao mesmo tempo, o Governo marcou encontro com a hierarquia da Igreja Católica a quem caberá a difícil tarefa de convencer o povo a reconciliar-se.
Mas, D. Basílio do Nascimento já afirmou publicamente que a reconciliação não vai resolver todos os problemas uma vez que para além da reconciliação como “solução moral há muitos outros problemas políticos, judiciais, legais” que terão de ter solução. E para o Bispo de Baucau a reconciliação não deve ser usada para encobrir os problemas políticos ou judiciais.
Dizia hoje uma personalidade entrevistada na Rádio Católica Timor Kmanek, “fala-se muito de reconciliação, fala-se de reconstruir as casas que foram incendiadas (e do dinheiro a isso destinado) mas ninguém fala sobre a Justiça nem de meios para melhorar a sua qualidade. E, sem Justiça, não haverá verdadeira reconciliação”.
Prosseguindo, explicava então o entrevistado que “de nada servirá reconstruir as casas porque logo que haja novos incidentes, os filhos daqueles que sofreram aparecerão e destruirão tudo de novo. Logo, os culpados têm de ser castigados”.
No Parlamento também se debate sobre o perdão, a reconciliação e a justiça, defendendo-se a reconciliação desde que se faça Justiça. Feita esta a par de castigo para os culpados, venha então a reconciliação e o perdão.
Mas, verdade se diga, a Justiça, - que tão mal deve andar em Timor-Leste que até o embaixador dos EUA vem a público defender que a nova missão da ONU deve trazer assessores capazes de resolver os problemas que o povo enfrenta, como por exemplo, ajudar a melhorar o sistema judicial… - tem sido um bocado esquecida. Mais, ou não se aplica ou se adia.
Foi assim sobre os crimes de 1975, sobre os de 1999 e ensaia-se o mesmo para os crimes deste ano. Em cada um dos acontecimentos desses anos distintos, foram-se somando as vítimas e as correspondentes expectativas de que um dia se fizesse justiça. Enquanto os que sofreram clamam por ela para depois se chegar à reconciliação, outros há que preferem apostar na reconciliação por via da amizade e da verdade. Sem justiça. Não creio que resulte!