Chico Mau Loi
Continuo sem acesso a linha telefónica. Nem sei quando voltaremos a ter telefone fixo e Internet, até porque a recolocação de novos cabos parece estar sujeita ao restabelecimento da segurança na cidade, sabendo-se lá quando ela voltará!
Desta vez foram desviados seis metros. Não é muito, mas a Timor Telecom ajuizou que o melhor era não correr riscos. E enquanto se mantém o impasse, lá terei de aguentar, confesso que sem muita paciência, porque também já ajuizei que não tenho de ser castigada por algo que não depende de mim, a insegurança no país. Mas ainda porque aqui não há DECO nem nenhuma instituição que zele pelos interesses dos consumidores, utentes de um serviço público, só me resta como solução esperar. De cara alegre, preferencialmente, porque já se sabe que há coisas piores na vida!
Posto o desabafo, resta agora preparar o texto que será postado amanhã de manhã na cidade, contando que a tarde se passou com o ruído constante de helicópteros volteando, patrulhando a zona. Mas, agora que passa das 23 horas, a não ser o ladrar esporádico dos cães, impera o silêncio. Ignoro se terão encontrado alguma coisa ou alguém, ou se se retiraram para o descanso nocturno retemperando forças para o dia de amanhã.
Há rumores de que os dias que aí vêm são de crescente agitação. E a população, como aliás já vem sendo hábito, ressente-se da instabilidade em que o país está mergulhado.
Parecendo embora muito prosaico e pouco adequado à situação política que vivemos - em momentos como estes em que nada mais parece existir para além da aconselhada permanência em casa e de saídas apenas quando estritamente necessário -, para aligeirar um pedaço o desgaste que tudo isto provoca, sempre vou dizendo que fazem falta nas noites enluaradas ou totalmente escuras de lua nova o som contínuo de um conjunto tocando em animada festa. Bem sei que a música duraria até ao raiar do sol, ninguém dormiria e que durante toda a noite se ouviriam mais ou menos bem trauteadas, canções que deveriam ser só para ouvir mas que aqui incitam a animada e saracoteada dança. É por tanto ter ouvido e presenciado que já me parece absolutamente normal dançar o “lá em cima está o tiro liro liro, cá em baixo está o tiro liro ló…” É saloio, descabido, piroso? Pode ser… Mas, quem se importa com isso?
Uma noite, há talvez uns três anos, se bem me lembro, na festa de inauguração do renovado Sporting, o Chico Mau Loi - conceituado vocalista do grupo “Estrela do Mar”, um certo ar de artista, brilhantina no cabelo e melena grisalha sobre a testa, bigodinho arranjado, mãos nos bolsos a fazer estilo, os ombros em ritmado estremeção, olhar ora revirado, ora perdido no tecto branco acabadinho de pintar do salão (era apenas um sala, mas vá lá…) – atacou de uma só vez todas as canções dos tempos do Timor português.
E vai daí, ninguém ficou sentado. Todos dançaram ao som da voz bem colocada de Chico acompanhado por um conjunto de violinos e violas atacando as “Cartas de amor, quem as não tem”, “Olhos Castanhos”, “O Bailinho da Madeira”, “O mar enrola na areia” “Quando monto no meu cavalo jogo o laço”… Com a animação, Chico Mau Loi distraiu-se e começou a entoar “ Olha a marcha do Benfica, qual saloia cantadeira… “
Claro que a Chico nada lhe diz e pouco lhe importa que a marcha se refira ao bairro de Benfica. Para ele, a marcha tem a ver com o Sport Díli e Benfica. Ora, estando ele a animar a festa do Sporting Clube de Timor… Bem, acho que o susto durou apenas o tempo de Chico Mau Loi refazer a letra. Quem ouviu também não se deu por achado e continuou a dançar com a mesma animação “ Olha a marcha do Sporting, qual saloia cantadeira… “
Desta vez foram desviados seis metros. Não é muito, mas a Timor Telecom ajuizou que o melhor era não correr riscos. E enquanto se mantém o impasse, lá terei de aguentar, confesso que sem muita paciência, porque também já ajuizei que não tenho de ser castigada por algo que não depende de mim, a insegurança no país. Mas ainda porque aqui não há DECO nem nenhuma instituição que zele pelos interesses dos consumidores, utentes de um serviço público, só me resta como solução esperar. De cara alegre, preferencialmente, porque já se sabe que há coisas piores na vida!
Posto o desabafo, resta agora preparar o texto que será postado amanhã de manhã na cidade, contando que a tarde se passou com o ruído constante de helicópteros volteando, patrulhando a zona. Mas, agora que passa das 23 horas, a não ser o ladrar esporádico dos cães, impera o silêncio. Ignoro se terão encontrado alguma coisa ou alguém, ou se se retiraram para o descanso nocturno retemperando forças para o dia de amanhã.
Há rumores de que os dias que aí vêm são de crescente agitação. E a população, como aliás já vem sendo hábito, ressente-se da instabilidade em que o país está mergulhado.
Parecendo embora muito prosaico e pouco adequado à situação política que vivemos - em momentos como estes em que nada mais parece existir para além da aconselhada permanência em casa e de saídas apenas quando estritamente necessário -, para aligeirar um pedaço o desgaste que tudo isto provoca, sempre vou dizendo que fazem falta nas noites enluaradas ou totalmente escuras de lua nova o som contínuo de um conjunto tocando em animada festa. Bem sei que a música duraria até ao raiar do sol, ninguém dormiria e que durante toda a noite se ouviriam mais ou menos bem trauteadas, canções que deveriam ser só para ouvir mas que aqui incitam a animada e saracoteada dança. É por tanto ter ouvido e presenciado que já me parece absolutamente normal dançar o “lá em cima está o tiro liro liro, cá em baixo está o tiro liro ló…” É saloio, descabido, piroso? Pode ser… Mas, quem se importa com isso?
Uma noite, há talvez uns três anos, se bem me lembro, na festa de inauguração do renovado Sporting, o Chico Mau Loi - conceituado vocalista do grupo “Estrela do Mar”, um certo ar de artista, brilhantina no cabelo e melena grisalha sobre a testa, bigodinho arranjado, mãos nos bolsos a fazer estilo, os ombros em ritmado estremeção, olhar ora revirado, ora perdido no tecto branco acabadinho de pintar do salão (era apenas um sala, mas vá lá…) – atacou de uma só vez todas as canções dos tempos do Timor português.
E vai daí, ninguém ficou sentado. Todos dançaram ao som da voz bem colocada de Chico acompanhado por um conjunto de violinos e violas atacando as “Cartas de amor, quem as não tem”, “Olhos Castanhos”, “O Bailinho da Madeira”, “O mar enrola na areia” “Quando monto no meu cavalo jogo o laço”… Com a animação, Chico Mau Loi distraiu-se e começou a entoar “ Olha a marcha do Benfica, qual saloia cantadeira… “
Claro que a Chico nada lhe diz e pouco lhe importa que a marcha se refira ao bairro de Benfica. Para ele, a marcha tem a ver com o Sport Díli e Benfica. Ora, estando ele a animar a festa do Sporting Clube de Timor… Bem, acho que o susto durou apenas o tempo de Chico Mau Loi refazer a letra. Quem ouviu também não se deu por achado e continuou a dançar com a mesma animação “ Olha a marcha do Sporting, qual saloia cantadeira… “
Olá Angela, tanto tempo... eu por aqui ando entre Angola e Brasil e quando quero noticias de Timor abro o seu blog. Faz tempo q queria escrever-lhe mas é complicado entrar.
Abraço
José Gonçalves
Posted by Blog do Jonuel 12:32 da manhã
Augusto,
As milicias nao eram do Benfica, mas garanto que muitos dos presentes eram do Benfica... ai, estes sportinguistas...
Jose Goncalves,
Bem pode dizer, ha quanto tempo!Fico esperando noticias! Como vai Angola?
Posted by Ângela Carrascalão 3:25 da tarde