Bem aparecidos bravos da GNR!
Em fim de calmo serão familiar, somos subitamente surpreendidos pelo ladrar dos cães de todos os quintais da vizinhança dando sinal de que algo corre mal.
Não sendo nenhum tremor de terra – que, quando acontece origina de imediato uma sucessão de ruídos (gritos e bater de objectos) propositadamente provocados em tom de informação aos que estão no âmago da Terra e aos que já partiram que, nós, os vivos, ainda cá estamos no Mundo -, o mal só pode ter tido origem humana!
Num crescendo, ouvem-se gritos, o tinir dos canos de ferro usados como sinal de alerta, ruídos que tão depressa parecem estar próximos como mais distantes e, logo a seguir, uns quantos tiros.
Tanto e tão alto soaram os angustiados gritos que o Guilhermino, montanhês pouco habituado a estas loucuras da cidade, tão depressa quanto imaginou, transformou a íntima suposição em pública e certa realidade, garantindo sério ter até ouvido o choro das mulheres e crianças…
Prudentemente apagadas as luzes da varanda – que o diabo tece-as! -, tentamos perceber a origem da aflição. Com as montanhas que nos rodeiam, os sons ecoam por todo o lado e ficamos um tanto confundidos com a proveniência de tanto alvoroço. Tanto pode ser da ponte de Comoro, como do aeroporto como de Rai Kotuk, lá mais para a frente, próximo de Taci Tolu.
De imediato, telefonamos aos nossos mais velhos. É urgente avisá-los, saber como estão, aconselhar-lhes calma! Conhecedores entretanto de que os mais velhos, familiares e amigos da zona se encontram a salvo, é a vez de um contacto para a GNR. Telefone ocupado. Tento ligar para o número de outro amigo; daí a pouco e em resposta ao meu telefonema fico a saber que mais de uma centena de jovens tentou atacar o campo de refugiados do aeroporto. Daí a correria e os gritos. Os tiros para o ar são da GNR que, chamada ao local, procura restabelecer a calma. Alguns minutos mais tarde, tudo volta a ficar silencioso.
Respirámos fundo! Bendito retorno à tranquilidade! Até pudemos olhar o céu e apreciar o fantástico luar de Agosto!
E comungámos do mesmo e imenso sentimento de gratidão! Pela GNR,naturalmente; pela sua pronta intervenção e resolução de mais um problema. Ah, bem aparecidos bravos da GNR!