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quinta-feira, julho 27, 2006 

Dias agitados


Parecia que o ambiente pesado dos dias de conflito e de crise estavam a ceder algum espaço à calma, ainda que todos estivessem conscientes de que se tratava de uma calma passageira, para não se dizer que todos sabiam ser uma falsa calma. Mas, o mais recente episódio sobre posse ilegal de armamento veio aumentar o clima de tensão no país.
O prazo para a entrega voluntária de material de guerra mal terminara quando em Díli, a GNR encontrou uma grande quantidade de armas e munições numa casa situada em frente ao quartel-general das forças militares australianas e ocupada pelo major Alfredo Reinado que assevera que a mesma lhe foi atribuída pelo Presidente da República, Xanana Gusmão.
No noticiário das sete horas da noite, a RTTL anunciou outra entrega de armas, pelo grupo de Labadain (Teia de Aranha) que declarou tê-las recebido das mãos do ex-ministro do Interior Rogério Lobato, a mando do Governo. Para Labadain, de Rai Laco, é uma novidade a natureza ilegal do armamento em sua posse, uma vez que esse lhe foi entregue – bem como a outros elementos que então nomeou - por membros do Governo. E Labadain não está interessado que fujam dele “como o diabo foge da cruz”, conforme deixou escapar. Exige, por isso, que “quem manda” vá a Gleno esclarecer a situação.
Na primeira página do jornal STL, as declarações feitas pelo presidente da FRETILIN sobre a falsidade de militância de Rai Los nesse partido, merecem do visado uma reacção irritada. Rejeitando as afirmações, ao mesmo tempo que assegura ter sido delegado ao congresso de Maio, Vicente da Conceição Rai Los vai dizendo que Lu Olo “olha mas não vê ou talvez veja mal”.
Acredita-se que o armamento desviado ou distribuído está disperso por todo o país e sabe-se lá em que mãos! Já ninguém acredita no discurso oficial de que a situação tende a normalizar-se.
Tudo isto incomoda e é muito preocupante.
A acrescentar à insegurança pela situação de crise que teima em não se despegar do país, é muito, muito inquietante a banalidade que transparece das relações entre alguma classe dirigente do país e os apelidados rebeldes e elementos de esquadrões da morte a quem também há quem chame de “Grupo secreto do secretário-geral da FRETILIN”.
No mínimo perturbantes são os sinais de tanta balbúrdia que denuncia alguma promiscuidade e revela demasiada ligeireza no tratamento de questões que deveriam ter sido motivo de uma conduta bem mais atenta, cuidada e discreta.