Isto é um excerto de um manual de escola secundária da disciplina de língua indonésia (*), e explica algumas noções muito básicas sobre afixos desta língua. E então? O caríssimo leitor compreendeu? Pois... mas em Timor espera-se que os aprendentes timorenses adquiram proficiência na língua portuguesa com materiais preparados apenas em português. Vejo que o caro leitor - que é um indivíduo perspicaz - está já pronto para objectar dizendo que os timores falam tétum, uma língua que tem uma percentagem enorme de léxico proveniente da língua em que Luís Cardoso e Fernando Sylvan escreveram as suas obras. Tem toda a razão. Vamos então aprender tétum usando apenas explicações em tétum:
“Ora, parese katak verbu lia-tetun nian simples no ‘mamar’ liu verbu lia-portugés no lia-inglés ninian, maibé bainhira ita liu ba feisaun seluk sistema verbál nian, mak aspetu, ita haree kedas katak dalen austronéziku sira (tetun no malaiu) maka kompleksu ka ‘toos’, enkuantu dalen europeu sira simples ka ‘mamar’.
Tempu ne’e feisaun gramatikál ida-ne’ebé hatán ba lia-husun ‘bainhira?’. Dalen austronéziku sira (hodi haleno makdalek sira-nia kultura) ladún importa kona-ba tempu, ne’ebé importante tebetebes fali ba malae-Europa sira. Dalen austronéziku sira hali’is liu ba aspetu, ida-ne’ebé hatán ba lia-husun ‘hotu ka seidauk?’.
Hodi hanoin kona-ba hahalok ida hotu ka seidauk, makdalek tetun baibain husu an se hahalok ne’e karik
(1) sei la’o hela lailais/maka’as nune’e uza matadak gresivu daudaun
(2) sei la’o hela neineik nune’e uza matadak estativu hela
(3) sei la’o hela, la’ós prontu atu hotu nune’e uza matadak prospetivu sei
(4) hotu tiha ona nune’e uza matadak perfetivu tiha
(5) hahú ona nune’e uza matadak insetivu ona
(6) hahú ona no mós hotu ona nune’e uza matadak (katetek) perfeitu tiha ona
(7) foin hahú nune’e uza matadak resentivu foin
(8) atu hahú de’it nune’e uza matadak aprosimativu ba
(9) prontu ona atu hahú nune’e uza matadak iminentivu atu” (**)
Como vê o tétum tem de facto muito vocabulário oriundo do português, mas ainda assim seria mais fácil para o aprendente lusófono se estas explicações sobre o sistema de tempo-modo-aspecto do idioma estivessem em língua portuguesa. (Para os que se interessam realmente pelo tema é oportuno lembrar que as explicações incluídas no “Guia de Conversação Português-Tétum” de Luís Costa, pág. 27-29 – que repetem mais ou menos o que diz Basílio de Sá (***) em 1961 – estão gramaticalmente incorrectas, devido fundamentalmente a uma simplificação excessiva e errónea e à tentativa de espremer à força o tétum para dentro da gramática do português.)
Há teorias que defendem o ensino da língua segunda e da língua estrangeira usando apenas a língua alvo, mas a validade disso na prática depende de muitas circunstâncias. Qualquer pessoa percebe que faz todo o sentido ensinar espanhol a portugueses falando apenas em castelhano, ou que um aluno português de nível universitário a viver em imersão linguística num país escandinavo pode frequentar com proveito aulas do idioma nacional leccionadas apenas nessa língua. Mas agora imagine que está num ambiente onde se fala a sua língua materna e a aprender em contexto escolar japonês, chinês, basco, umbundo, indonésio ou tétum, e o professor ensina utilizando exclusivamente esse idioma. Passará meses de frustração sem compreender quase nada do que está a ser dito, sentir-se-á desmotivado, talvez desista do curso e quando um amigo lhe perguntar o que já sabe dizer na língua que estudou poderá ter que confessar que só aprendeu as saudações básicas. Pense então no aprendente timorense, que tem que lutar também com outros condicionalismos como a situação socio-económica do país e a falta de conhecimentos metalinguísticos básicos não adquiridos devido ao péssimo sistema de ensino existente.
Os materiais para o ensino de português em Timor-Leste têm sido habitualmente elaborados (ou adaptados de outros já existentes) em gabinetes em Portugal por pessoas que não conhecem as línguas relevantes no país. Ter o tétum em conta ao escrever um livro de PL2/PLE (português língua segunda/língua estrangeira) não significa meramente mandar traduzir para essa língua as instruções do género “Preencha os espaços em branco”. Também não significa agarrar num livro usado em Lisboa para ensinar estrangeiros e mudar apenas as Elisabeth para Marias Imaculadas e a Rua Augusta para Colmera. Contextualizar o ensino da língua inclui ter em atenção que um falante de inglês usa o verbo “
to be” onde um português usará “
ser” ou “
estar”, e que portanto haverá que dar uma atenção especial aos diferentes usos destes dois verbos. Para um falante de castelhano já só será importante explicar algumas poucas diferenças entre os “
ser” e “
estar” deles e os nossos. Em tétum não há verbo “
ser”. Há docentes em Timor que ensinam os alunos a memorizar transcrições fonéticas do português europeu padrão como aprenderam na Faculdade, esquecendo que os alunos não têm acesso fácil a falantes desse dialecto, e que
os timorenses que falam fluentemente a língua portuguesa usam regras fonológicas diferentes.
Por outro lado existem os “nativistas” que pensam que contextualização de materiais didácticos para as escolas de Timor significa que os livros não podem mencionar nada que seja exterior à realidade do aluno timorense típico. Vivem angustiados com a possibilidade de alguém lhes chamar neo-colonialistas. Exaltam-se se vêem uma ficha sobre transportes que mencione o comboio, porque não há comboios no país. Pois eu espero vir a criar os meus filhos em Timor e quero que eles saibam o que são comboios. Também não há naves espaciais em Portugal e quando eu era pequeno aprendi o que eram. Os livros escolares coloniais onde só apareciam maçãs e pêras, e nada de bananas, mangas e papaias, eram ridículos. Mas querer aprisionar as crianças nos limites da sua aldeia em vez de lhe dar também algumas janelas para ver o mundo também é digno de comiseração.
Uma outra lacuna grave do ponto de vista estratégico é a não instrumentalização da língua indonésia. Não me perceba mal, caro leitor, eu também sou dos que consideram o indonésio uma ameaça latente contra a especificidade cultural timorense, e acho que é da maior importância a disponibilização de apoios para o desenvolvimento do tétum. Mas às vezes é útil usar as armas do adversário (as Falintil usavam armas americanas capturadas ou compradas aos militares ocupantes, não iam combatê-los com surik – espada tradicional – em nome da pureza cultural). Justificava-se a produção de materiais para o ensino do português a jovens adultos utilizando a língua indonésia, que é aquela em que a maior parte desses alunos fizeram o seu percurso escolar e cuja gramática estudaram. Seria fácil evitar leituras políticas inapropriadas elaborando esses materiais tendo como público-alvo directo e declarado os próprios indonésios, já que o Instituto Camões tem um leitorado em Jacarta, e disponibilizando depois em Timor uma grande parte da tiragem. Nas pequenas livrarias improvisadas em cima de uma lona no chão ou de uma mesinha na beira das estradas em Díli (os locais em que normalmente os timorenses compram livros) é mais fácil encontrar manuais de espanhol do que de português, e estes têm procura pelos muitos candidatos a uma bolsa de estudos para Cuba.


Há uns anos uma instituição portuguesa envolvida no ensino de português em Timor orgulhava-se de disponibilizar glossários técnicos em português e tétum que consistiam em duas colunas com os termos numa e noutra língua. Na realidade a utilidade de tais listas de palavras é muito reduzida já que boa parte dos termos técnicos do tétum disponibilizados são propostas novas de um cultor da língua, que os falantes não apenas ainda não utilizam como precisam até de explicações adicionais para compreender. Esse caminho é interessante para o desenvolvimento do tétum, o que é útil, mas pouco produtivo para outro objectivo, o da divulgação da língua portuguesa no momento imediato. Os falantes jovens que usam ainda empréstimos lexicais do indonésio para o vocabulário técnico ao falarem em tétum achariam mais útil um glossário de indonésio-português. Assim poderiam saber que “pengacara” corresponde a “advogado”, em vez terem uma lista a informar que “tét–advogadu = port–advogado”. Se o jovem timorense que está a procurar a palavra não conhecia o vocábulo “advogado”, mas apenas “pengacara”, o glossário é completamente inútil para elucidá-lo. O professor português que está a dar uma aula apoiado em tais materiais procurará inutilmente termos cujo significado em língua portuguesa os alunos solicitam, coisas como: hukuman mati, hukum adat, hakim, kesaksian, olah raga, piala dunia, tinju, catur, wasit, pemenang, (sekolah) swasta, TK (lê-se “te ka”), pariwisata, kwitansi, sejarah, arsitek... Se houvesse glossários técnicos indonésio-português disponíveis o professor poderia dar as respostas: pena de morte, direito consuetudinário, juiz, testemunho, desporto, campeonato do mundo, boxe/pugilismo, xadrez, árbitro, vencedor, (escola) privada, escola pré-primária, turismo, recibo, história, arquitecto. O Instituto Nacional de Linguística (INL) está atento à necessidade de substituir os empréstimos lexicais do indonésio que ainda vão aparecendo nas conversas e textos em tétum e por isso publicou o muito útil “Disionáriu Malaiu-Tetun” (2002), de Geoffrey Hull e Toni Pollard, patrocinado pela Finlândia. Os autores também prepararam um Dicionário Malaio-Português, que está pronto há muito tempo, mas que nenhuma instituição portuguesa se disponibilizou para publicar. Pode ser que qualquer dia a Finlândia resolva investir na divulgação da língua portuguesa e então o dicionário possa ser publicado...

Devia haver comunicação entre os representantes do Instituto Camões em Jacarta e em Díli, isso traria proveito para ambas as partes. Instituições portuguesas como a Gulbenkian dão bolsas de estudo a estudantes timorenses que frequentam universidades indonésias, talvez fosse possível chegar a algum tipo de acordo entre esta fundação, o Instituto Camões (do MNE) e o Governo timorense, de forma a que a atribuição da bolsa tivesse associada a exigência de frequência de aulas de português com aproveitamento para os alunos que estão em Jacarta, onde o IC tem um leitorado. Aliás, isso deveria até ser alargado a pelo menos mais uma cidade, Yogyakarta, onde há uma enorme concentração de estudantes de Timor-Leste, eventualmente com a colocação de mais um leitor ou assistente português. A França não tem laços históricos relevantes com a Indonésia, ao contrário de Portugal, mas o Centro Cultural francês em Yogyakarta é mais bem equipado e mais activo do que o Centro Cultural português em Díli!! E o que vai salvando a honra do convento aqui é o empenho da Mara, dinâmica jovem responsável por ir fazendo omeletes quase sem ovos... Mesmo iniciativas meritórias levadas a cabo pelos portugueses em Jacarta, como a publicação de uma tradução para indonésio do livro de António Pinto da França “Portuguese Influence in Indonesia” [Pengaruh Portugis di Indonesia (2000)], não têm eco em Díli. Deveriam ter sido distribuídos, ou pelo menos disponibilizados para venda, muitos exemplares dessa tradução em Timor, em vez disso apareceu só meia dúzia de exemplares, vendidos apenas numa ONG de jovens timorenses que tinham estudado na Indonésia, agora já extinta. A revista indonésia de literatura “Prosa” (193 págs) publicou em 2002 a tradução de uma extensa entrevista de Katherine Vaz a José Saramago, além do texto em indonésio do primeiro capítulo do “Ensaio sobre a Cegueira”. Não existe nenhum exemplar nas bibliotecas que os portugueses mantém em Timor, apesar de terem sido então alertados.


Muitos portugueses em Timor, incluindo alguns professores, têm uma visão eurocêntrica da realidade linguística local e agem como se a língua portuguesa fosse a panaceia universal capaz de resolver todas as dificuldades do país. Nem lhes passa pela cabeça que a vida quotidiana das pessoas se centre em problemas mais prementes do que a língua, e vêem como uma ofensa pessoal a decisão de algum timorense de aprender inglês para ver se arranja emprego. Dizem orgulhosamente que não lhes apetece perder tempo a estudar tétum porque é uma língua que não serve para nada e que estão em Timor é para ensinar português. Gostava de os ver na França a tratar com essa sobranceria os franceses e a sua língua. Os australianos, que são mais práticos nestas coisas, aprendem geralmente tétum, que para eles é de mais difícil aprendizagem do que para nós por causa da quantidade de empréstimos do português que nós já conhecemos previamente e eles têm que decorar pela primeira vez. Desta forma eles conseguem conversar com toda a gente, com destaque para os jovens, enquanto os portugueses se entretêm a falar sozinhos ou com os velhos que lhes dizem o que eles querem ouvir.


A produção portuguesa sobre línguas de Timor é escassa e ainda não se libertou de alguns complexos hoje anacrónicos. Mesmo o “
Dicionário de Tétum-Português” (2000) de Luís Costa, timorense residente em Portugal, é um dicionário para malai ver, não tem os timorenses como público alvo (além de não usar a ortografia oficial do tétum,
mas isso é outra história...). Bastante diferente é a filosofia que tem presidido à elaboração de gramáticas, prontuários, livros de exercícios, etc, do INL. Veja-se o impressionante dicionário monolingue de tétum, “
Disionáriu Nasionál ba Tetun Ofisiál” (2005), de 872 páginas, resultante de um trabalho de equipa de linguistas australianos e timorenses, e patrocinado pela União Europeia e por instituições austríacas. Há professores portugueses em Timor com uma atitude louvável, que tentam investigar e produzir alguma coisa fundamentada, principalmente para o ensino de PL2, mas não é fácil com os horários carregados que têm e com os condicionalismos que enfrentam. Deveria haver uma política determinada de produção de materiais didácticos, o que implicaria reduzir a carga horária dos envolvidos.



O tétum não está em concorrência com o português, mas pode roubar cada vez mais espaço de manobra ao indonésio na sociedade timorense. O português continuará a ser necessário para o futuro da nação, principalmente após a escolaridade básica. E claro que não há recursos disponíveis em tétum para formar um engenheiro ou um médico. Contudo, se alguém pensar em fazer um plano nacional de leitura para as escolas de Timor, isso só será minimamente credível actualmente se for com livros em tétum. Seria necessário mudar a mentalidade colonialista/colonizada no que se refere à forma como se olha para a língua nacional de Timor-Leste. Muitas percepções incorrectas devem-se apenas ao eurocentrismo. Uma vez, aquando da visita de um especialista em manuais escolares numa missão do Banco Mundial, houve uma reunião do tal senhor com um pequeno grupo de intelectuais timorenses, na qual também fui chamado a participar. A determinada altura defendi que o tétum deveria ser usado para fornecer explicações nos manuais de português e dei o exemplo de aulas de iniciação em que o professor malai tenta explicar a diferença entre “ser” e “estar” recorrendo a vocabulário e conceitos gramaticais complicados que o aprendente que não conhece os significados de “ser” e “estar” nunca compreenderá. Um amigo meu retorquiu que seria difícil explicar a diferença entre esses verbos por não existir uma tradução directa de “ser” em tétum, o que – acrescentou – trazia dificuldades acrescidas à teologia e ontologia. No livro de Susan Bassnett “Estudos de Tradução”, p.XXIV, podemos encontrar talvez uma resposta a esta última inquietação:
“Lefevere explica-se bem quando enumera alguns absurdos da história cultural que derivam de uma concepção excessivamente estreita da tradução: «Dá que pensar (...) que o Aramaico que Jesus Cristo falava fosse destituído de verbos copulativos, especificamente do verbo ‘ser’, apesar de os teólogos se terem questionado durante séculos sobre o verdadeiro significado do ‘é’ que aparece, na tradução grega, em frases do tipo ‘este é o meu corpo’ e que tenham queimado, sempre que tiveram esse poder, aqueles que discordavam da sua reescrita.» “
Numa outra ocasião explicava eu a dois colegas docentes universitários portugueses uma característica da variedade de português falada pelos timorenses que é influenciada pelas línguas autóctones: a resposta a perguntas na negativa. Se eu perguntar a um português “Não vais?” é de esperar que ele responda “Não” se não pretender ir, mas um timorense irá responder “Sim” na mesma situação. Se um lisboeta tiver um convidado de Timor e lhe perguntar “Não quer mais café?” e este disser “Sim” o português irá encher-lhe novamente a chávena e o timorense ficará muito surpreendido. A resposta do timorense é afinal mais lógica do que a nossa: “sim = é verdade que não vou”, “sim = é verdade que não quero mais café”. Isto também acontece no tétum. Os meus colegas achavam que isso era uma forma incorrecta de organizar o pensamento, um entrave ao raciocínio científico. Estive a tentar convencê-los com argumentos do relativismo cultural aplicado às línguas, mas entretanto descobri um de maior peso. É que o japonês também funciona como o português falado em Timor e o tétum, e não passa pela cabeça de ninguém imaginar que a língua japonesa seja um obstáculo ao raciocínio científico.
Noutra situação ainda, uma amiga a quem estava a dar aulas de tétum comparava a gramática deste idioma à da “novilíngua” de Orwell em “1984”. Mas afinal também o chinês, p.ex, tem adjectivos que são verbos, além de palavras novas formadas por composição do género de “ró-ahi” (‘barco-fogo’ = navio a vapor): em mandarim “canguru” é algo como ‘ratazana bolsa’, “girafa” é ‘veado pescoço comprido’, “telefone” é ‘palavras eléctricas’, “computador” é ‘cérebro eléctrico’, os termos habituais para “europeu” costumavam ser ‘diabo estrangeiro’ ou ocasionalmente ‘nariz grande’... Mas não esqueçamos que a China tem uma civilização milenar, que produz actualmente também tecnologia de ponta, e que há quem defenda que no final do século XV a China tinha escrito e reproduzido sozinha mais livros do que todos os restantes países do mundo em conjunto. Outros tentam tirar mérito ao tétum por ter muitos empréstimos lexicais do português. Respondo com o exemplo do inglês, cujo vocabulário é em cerca de cinquenta por cento proveniente do francês e do latim.
O português é na minha opinião essencial para um futuro harmonioso em Timor-Leste, mas é necessário reflectir sobre todas estas questões. Não chega ter boas intenções. Em ocasiões anteriores tenho manifestado a minha perplexidade por haver docentes portugueses que usavam o “Auto da Barca do Inferno” como obra de estudo nos cursos para ensinar a língua portuguesa a professores timorenses nos vários distritos. Houve quem discordasse de mim. Aos que gostam da ideia de ensinar português em Timor recorrendo a Gil Vicente, recomendo uma experiência iluminadora: vão aprender a falar inglês usando como texto base os “Canterbury Tales” de Geoffrey Chaucer, ou, melhor ainda, o “Beowulf”.
Uma parte enorme do corpo docente das escolas do país tem apenas qualificações mínimas. Muitos queixam-se de não compreender os livros que lhes dão para usar. Um livro para ser usado em aulas de português, ou leccionadas em português, com estas características deve ser acompanhado de um manual do professor que traga as lições planeadas até ao pormenor, antecipando as dúvidas do docente e explicando em tétum as respostas que ele deverá dar aos alunos. Os autores destes livros devem conhecer muito bem a realidade social, linguística, cultural e educativa do Timor dos dias de hoje. Mas como criticar é fácil, vou passar a tentar convencer alguém a dar-me as condições necessárias para produzir o tipo de materiais que me parece que fazem falta para complementar o que já há. Andemos, que é para a frente que é o caminho.
(*) NURDIN, Ade, MARYANI, Yani dan MUMU – Intisari Bahasa dan Sastra Indonesia: Ringkasan Materi Lengkap disertai Contoh Soal-Jawab dan Latihan UAN, Cet. II. Bandung, Pustaka Setia, 2004, p. 43
(**) Hull, Geoffrey Stephen e Correia, Adérito José Guterres – Kursu Gramátika Tetun – Ba Profesór, Tradutór, Jornalista no Estudante-Universidade Sira. Díli, Instituto Nacional de Linguística, 2005, p. 38 [trata-se de um livro sobre a gramática do tétum destinado a um público falante dessa língua]
(***) Sá, Artur Basílio de [ed. crítico] – Textos em Teto da Literatura Oral Timorense, vol.1, Lisboa, Junta de Investigação do Ultramar/ Centro de Estudos Políticos e Sociais, 1961, p. XXX-XXXI