O Massacre de 17 de Abril de 1999
Aconteceu nos tempos de ódio indonésio, no último período
da luta pela independência.
É uma data que apenas é recordada por familiares e
amigos. No entanto, no dia 17 de Abril de 1999 – na nossa casa de família, onde
então vivia o meu irmão Manuel e demais familiares e onde hoje está sediada a
Fundação Oriente - ocorreu um massacre em que pereceram, para além de Manelito
Carrascalão, imensos refugiados de que ainda não se conhece (???) o número
certo. Mas, se lá em casa estavam pelo menos 120 pessoas, se ainda hoje se
desconhece o paradeiro de umas dezenas e, em Maubara, junto à praia, estão
sepultados uns tantos em campas rasas construídas pelos familiares das vítimas,
ajudados pela Cris, a irmã de Manelito, então é fácil concluir que não foram
mortos pelas milícias pró-indonésias apenas os 13 ou 19 de que falava a
Indonésia e que houve efectivamente um massacre...
Muitos foram atirados ao poço situado na parte traseira
da casa. Aquele espaço foi recuperado pela Fundação que o transformou num pequeno
jardim, lugar de dolorosa reflexão, assim os recordando. Triste lugar!
Nunca consegui perceber o silêncio de tantos, especialmente das entidades oficiais, a este horrível massacre. Porque houve um massacre! E a História, ainda que muitos – sabe-se lá bem porquê! - pretendam ignorar o seu curso, não se apaga!
Pelo meu lado, vou hoje, como em todos anos e juntamente
com a família e um punhado de amigos, prestar a devida homenagem a quem como,
Manelito Carrascalão, foi morto por não concordar com a ocupação e querer a
independência. Merecem o nosso respeito e que os recordemos também como
mártires ou heróis de Timor-Leste.
Não os esquecerei!
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