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sexta-feira, novembro 17, 2006 

O tempo urge!

Lágrimas, muitas. Tal como abraços, sorrisos, palmadas nas costas. Assisti das arcadas do Palácio do Governo à parada conjunta das F-FDTL e da PNTL.
O João “Choque”, ou João Becora, o mesmo que se tornou célebre em 1999 ao fazer frente aos militares indonésios durante os seus últimos dias de horror em Timor-Leste, ostentava um sorriso de orelha a orelha e conversava animadamente com os agentes da UIR, a Unidade de Intervenção Rápida da PNTL e alguns militares das FDTL. Todos pela paz, pela concórdia. Todos em reconciliação.
Garbosos, de flor na mão, militares e polícias acenaram aos poucos mail de mil pessoas presentes, aplaudiram alguns discursos – tiveram mais sorte que eu que não consegui ouvir nada devido ao deficiente sistema sonoro - e desfilaram de uma ponta a outra do Palácio do Governo, uns metros, o suficiente para se mostrarem como instituição organizada.
Quandoas forças já estavam a dispersar, Falur abraçou um agente da polícia; dele ouvi “agora ita halo ona dame, problema mos la iha”, ou seja, agora já estamos em paz acabaram-se os problemas.
Imagino que muitos timorenses estarão a sentir alguma dificuldade em acreditar neste esforço pela paz. Até porque, enquanto se falava de paz no Palácio do Governo, noutro local, em Ermera, os Kolimau 2000 e um grupo de artes marciais se envolviam em violentos confrontos.
E ainda porque mesmo com muitos sorrisos, as armas nas mãos de alguns militares que montavam a segurança na zona circundante ao Palácio, intimidavam um bocado...
Díficil foi também conseguir que os habitantes de Santa Cruz e de Quintal Quiik aceitassem fazer tréguas.
Na rotunda do Aeroporto, mantêm-se as forças internacionais. Umas vezes estão os filipinos, outras os malaios ou os australianos. A situação está estável dentro da instabilidade reinante mas, de um momento para o outro e em nome de nada, pode surgir um conflito!
Há que manter a tranquilidade porque a paz, a segurança e a estabilidade são efectivamente importantes. Deve ter sido com essa profunda preocupação que os nossos dois poderosos vizinhos firmaram um novíssimo acordo de cooperação bilateral visando a defesa, a luta contra o terrorismo, a segurança, a troca de informações, etc, etc, tudo de acordo com a Carta das Nações Unidas e em nome da vontade de se viver em paz com todos os povos e governos.
E por isso me parece fundamental que nós, timorenses - ao invés de andarmos a ver quem é mais herói, mais forte ou mais importante, mais bandido, mais corrupto ou mais miserável -, devemos tratar de cultivar a paz, interiorizá-la de forma bem profunda antes que sejamos tidos como agentes cultivadores de desestabilização nesta área do Mundo! O tempo urge
!

Só espero que não seja uma paz fixtícia. Rezemos por isso.

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