O velho aeroporto
Nos bons velhos tempos - entenda-se, ligados a uma fase da vida em que os tempos, os da juventude, são sempre pintados de cor-de-rosa - a cidade de Díli acabava junto à ponte que se situa junto do aeroporto que, por nunca ter sido baptizado era apenas o aeroporto, embora nunca devesse ter passado de campo de aviação.
Pequeno, era ali que semanalmente se reuniam as pessoas para as partidas e chegadas dos amigos ou de outras personalidades públicas.
Quando chegava um novo governador vindo da longínqua Mãe-Pátria ou uma personalidade do Governo Central (tão poucas que sobram alguns dedos de uma mão para os recordar) o aeoporto transformava-se em palco de celebridades. Era então "obrigatório" ir ao aeroporto para os cumprimentos e para a habitual feira de vaidades a que Timor não escapava.
À presença das celebridades juntava-se a da cavalaria de Maubara que, sob o comando do imponente régulo D. Gaspar, trajado a rigor, o surik (espada) desembainhado a prestar homenagem, acompanhava impante o cortejo automóvel até ao Palácio onde se encontrava o povo para assisitir ao desfile dos moradores dos diversos concelhos e do Exército português.
O aeroporto era pequeno mas servia para as necessidades do território. O avião era tão pequeno como o da companhia australiana que hoje assegura os voos diários entre Díli e Darwin.
Houve um curto espaço em que o Governo Central dotou a província de um avião maior, quadrimotor, com 16 lugares que desapareceu num acidente sujeito a muita especulação.
Se a cidade acabava ali junto do aeroporto, conclui-se que tudo o mais era paisagem, cabritos e vacas à solta pelo campos. Uns momentos antes da chegada ou da partida do avião bimotor, os animais eram retirados da pista , "enxotados" como se dizia. Saíam e voltavam daí a pouco. Afinal, o reino era deles!
No tempo indonésio, o aeroporto passou a militar e aí se viam inúmeros helicóteros, uma inovação que se manteve durante os tempos da ONU e da independência.
Depois, começou a ouvir-se falar de um novo destino a dar ao então baptizado heliporto.
Dizia-se que aí iria ser construído a nova residência oficial, vulgo Palácio do Presidente da Repúbica e até se dizia que o mesmo iria ter apoio chinês.
Isso foi até Maio deste ano. Porque agora que os tempos são outros, o aeroporto sofreu nova transformação. A pista já não tem vacas nem cabritos, helicópteros, um ou outro mas, em compensação, assiste-se ao nascer de uma nova "cidade", composta pelos diversos pavilhões onde se acomodam as forças australianas. Reparei que as novas construções ainda inacabadas são sólidas, grandes, variadas. O que me permite pensar que vai ter de ser descoberto um outro espaço para a tal residência ofical do Presidente da República porque, como páram as modas, tudo indica que aquela nova cidade veio para ficar. Ela, a cidade e, logicamente, os seus novos habitantes.
Pequeno, era ali que semanalmente se reuniam as pessoas para as partidas e chegadas dos amigos ou de outras personalidades públicas.
Quando chegava um novo governador vindo da longínqua Mãe-Pátria ou uma personalidade do Governo Central (tão poucas que sobram alguns dedos de uma mão para os recordar) o aeoporto transformava-se em palco de celebridades. Era então "obrigatório" ir ao aeroporto para os cumprimentos e para a habitual feira de vaidades a que Timor não escapava.
À presença das celebridades juntava-se a da cavalaria de Maubara que, sob o comando do imponente régulo D. Gaspar, trajado a rigor, o surik (espada) desembainhado a prestar homenagem, acompanhava impante o cortejo automóvel até ao Palácio onde se encontrava o povo para assisitir ao desfile dos moradores dos diversos concelhos e do Exército português.
O aeroporto era pequeno mas servia para as necessidades do território. O avião era tão pequeno como o da companhia australiana que hoje assegura os voos diários entre Díli e Darwin.
Houve um curto espaço em que o Governo Central dotou a província de um avião maior, quadrimotor, com 16 lugares que desapareceu num acidente sujeito a muita especulação.
Se a cidade acabava ali junto do aeroporto, conclui-se que tudo o mais era paisagem, cabritos e vacas à solta pelo campos. Uns momentos antes da chegada ou da partida do avião bimotor, os animais eram retirados da pista , "enxotados" como se dizia. Saíam e voltavam daí a pouco. Afinal, o reino era deles!
No tempo indonésio, o aeroporto passou a militar e aí se viam inúmeros helicóteros, uma inovação que se manteve durante os tempos da ONU e da independência.
Depois, começou a ouvir-se falar de um novo destino a dar ao então baptizado heliporto.
Dizia-se que aí iria ser construído a nova residência oficial, vulgo Palácio do Presidente da Repúbica e até se dizia que o mesmo iria ter apoio chinês.
Isso foi até Maio deste ano. Porque agora que os tempos são outros, o aeroporto sofreu nova transformação. A pista já não tem vacas nem cabritos, helicópteros, um ou outro mas, em compensação, assiste-se ao nascer de uma nova "cidade", composta pelos diversos pavilhões onde se acomodam as forças australianas. Reparei que as novas construções ainda inacabadas são sólidas, grandes, variadas. O que me permite pensar que vai ter de ser descoberto um outro espaço para a tal residência ofical do Presidente da República porque, como páram as modas, tudo indica que aquela nova cidade veio para ficar. Ela, a cidade e, logicamente, os seus novos habitantes.
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Posted by AnadoCastelo 1:46 da manhã
Pois, pelos vistos os australianos vieram para ficar de pedra e cal como os edficícios que construiram para se abrigarem.
É uma pena se esse país acaba por perder a sua independência, porque ao perdê-la perde também a sua identidade.
Posted by AnadoCastelo 1:47 da manhã