Jornalismo moderno
Há um jogo de dinâmica de grupos em que se põem as pessoas num círculo e uma conta uma história ao ouvido de quem está ao lado, e depois a história vai passando assim de ouvido em ouvido até chegar ao fim do círculo, quando é contada em voz alta e se pode apreciar as distorções que foi sofrendo durante o percurso. Os boatos também funcionam assim, e diz o povo que “quem conta um conto acrescenta um ponto”. Actualmente um jornalista que escreve sobre um assunto já não precisa de saber muito sobre o tema nem de perguntar a quem saiba, basta-lhe fazer uma busca na Internet e encontra muita informação disponível sobre o que quer que seja. O problema é que essa informação muitas vezes não é exacta e ao reproduzi-la o jornalista vai perpetuar um erro e dar-lhe credibilidade para que seja reproduzida por outros mais. Vou dar um exemplo: há pouco tempo houve alguma polémica por causa de um relatório sobre os grupos de artes marciais em Timor, na altura houve notícias que chamavam à PSHT “Perguruan Setia Hati Terate” em vez do nome oficial correcto “Persaudaraan Setia Hati Terate”. Utilizando um motor de busca qualquer na Internet é fácil ver quais os jornalistas que escreveram os seus artigos fazendo “copy paste” em vez de irem às fontes. A PSHT tem muitos milhares de membros em Timor-Leste, qualquer um deles podia dizer aos jornalistas o real significado da sigla, até porque nos treinos deles o aspecto de “Irmandade” é sistematicamente sublinhado, tendo inclusivamente precedência sobre os aspectos de educação física, de defesa pessoal e artístico. E isto tem alguma importância, perguntarão alguns? Depende do valor que se dá à objectividade e precisão dos conceitos, no jornalismo que se faz nos orgãos de comunicação social timorenses não é algo muito relevante. Se um jornalista explicar que a sigla CPLP significa Clube dos Países de Língua Portuguesa isso é ser exacto?
“Persaudaraan” é uma irmandade no sentido místico-religioso em que todos os membros se vêem como irmãos, como tendo entrado para uma nova família (como nas congregações religiosas católicas); “perguruan” quando usada no contexto das artes marciais significa um estilo ou escola. Jigoro Kano, antes de fundar o judo, estudou diferentes escolas de jujutsu: Tenjin Shinyo Ryu, Kito Ryu. Também Morihei Ueshiba, fundador do aiquidô, estudou na juventude, entre outras artes, o jujutsu (escolas Daito, Shinkage...). Actualmente também existem diferentes escolas ou estilos dentro do aiquidô: Aikikai, Tomiki Ryu, Iwama Ryu, Yoshinkan Ryu, etc...
Assim, irmandade (Persaudaraan) e escola (Perguruan) são conceitos bem distintos. A objectividade é importante?
Claro que essas explicações são sempre importantes. Porque é que se há-de dizer mal quando se pode dizer bem. O saber não ocupa lugar.
Posted by AnadoCastelo 12:07 da manhã
Houve recentemente uma exposição da CPLP, em Londres, na embaixada do Brasil, com quadros e artefactos que representavam os oito países.A exposição celebrou os 10 anos da CPLP. É uma pena que Timor tivesse muito pouca coisa exposta.
Posted by Anónimo 3:10 da tarde