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sábado, novembro 25, 2006 

Garotos de Rua


Logo a seguir ao Hotel Turismo, há um supermercado.
Cá fora, de um lado está uma banca de fruta colada a um grande letreiro que proíbe a venda naquele local. Num e noutro lado amontoam-se vendedores de fruta, peixe, legumes e cartões de recarga para telemóveis.
Os vendedores de fruta são, quase sempre, garotos franzinos que palmilham muitos quilómetros por dia tentando ver-se livre da carga que, literalmente, trazem sobre os ombros. Não raro, quando ganham alguma confiança, imploram “ ajude-me, compre-me, isto pesa tanto!” É difícil resistir mesmo quando a fruta já está enrugada e amolecida devido ao calor e até mesmo quando se adivinha alguma manha no pedido. É impossível negar quando um deles se resolve pedir uma garrafa de água ou uma maçã.
Há ainda outro grupo de garotos. Também são apreciadores de maçãs e, por vezes, pedem uma camisa...
Nas imediações dos supermercados, desapareceram ou vêem-se pouco os que, desde os tempos da UNTAET, ofereciam os seus serviços de “securiti”. Mas não desapareceram as crianças sujas, ranhosas algumas, aparentando o ar de quem é sem eira nem beira. Apesar disso, sorriem!
Esta tarde, no cumprimento da rotina semanal de dona-de-casa, tive de ir às compras. E lá me encontrei com os vendedores e os outros.
Todos miúdos.
Todos pobres.
Todos sem eira nem beira.
Para o das mangas fui “tia”, passei num ai a “mãe” para o dos maracujás e transformei-me em “avó” para o garotinho mais sem eira nem beira. Meti-me na pele de “avó” e perguntei-lhe:
- Porque não vais para casa?
- Porque não tenho casa. Foi incendiada.
E eu a teimar: então, e os teus pais?
E ele, olhar subitamente triste, a responder-me: estão em Hera, não os vejo.
- Então e tu, o que comes e onde dormes?
Encolheu os ombros, baixou a cabeça e respondeu-me ainda que num tom mais baixo que o normal:
- Tenho uns colegas. Ando por aí, com eles…
Não resisto e tenho de perguntar: quem pode acabar definitivamente com a vida miserável destes garotos de rua?

Meu Deus como é complicado ver esses retratos de rua. Faz doer o coração, porque são crianças. Obrigadas a crescer à força e da pior maneira.

Esta situação já dura desde antes desta crise. Não entendo a razão porque aind nada foi feito. Tantas ONGs em aqui e mais se preocupam em fazer seminarios e organisar work shops do em prática resolver os problemas que mais afectam o país.
Faz bem em lembrar aqui no blog o que se passa , talvez assim acordem e tentam encontrar uma solução para o problema das crianças da rua...

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