Desigualdades
Antes da independência de Timor, falava-se imenso sobre a contribuição e a influência dos timorenses espalhados pelo Mundo considerando-se valiosa a sua prestação na reconstrução do país, em estreita ligação com os que nunca sairam do pais. Conhecendo-se a falta de quadros timorenses, parecia pacífico que todos faziam falta para a gigantesca tarefa de erguer Timor-Leste. Muitos timorenses que viviam na Austrália, em Portugal e noutros países regressaram mal Timor se tornou independente, acreditando cada um deles que poderia, efectivamente, participar na reconstrução timorense.
Logo de início, quase não se deu pela diferença. Mas, não tardou que se generalizassem os ditos sobre as desigualdades entre “os de dentro” e “os de fora”, apontando-se as virtudes e os defeitos de uns e de outros de acordo com a parte interessada.
Não é de todo raro ouvir-se dizer a quem permaneceu no país durante todo o tempo da ocupação que lutou mais pela independência do que os que viveram fora, sendo a estes apontado o “pecado” de ter vivido descansadamente, tirando maior partido das boas condições de vida nos países que os acolheram em detrimento das más em que viviam os de dentro. Para estes, a luta afigurou-se mais difícil e perigosa. Inevitavelmente, há sempre necessidade de esclarecer a importância da luta diplomática feita no exterior naturalmente complementada e alicerçada pela resistência clandestina e pela guerrilha que lutava no interior.
Também não é menos verdade que, de entre quem regressou, existe a tentação de menosprezar as capacidades dos que nunca saíram do país, considerando-se os regressados melhor preparados com base na sua experiência no estrangeiro.
Mas verificam-se ainda outros cambiantes entre os que vieram da Austrália, os de Portugal, os de outros países de língua portuguesa e os de dentro a que se acrescentam os timorenses que estudaram e viveram na Indonésia, cada grupo interiorizando os hábitos do respectivo país de acolhimento.
De entre os cambiantes, talvez seja de realçar a propensão para o uso da língua com a qual cada grupo melhor se identifica. Por isso se explica que Timor-Leste seja uma autêntica babel a que não escapam as instituições públicas e os próprios ministérios, com a elaboração e difusão de documentos oficiais conforme a língua da preferência dos que têm poder decisório ou dos que intervêm na elaboração dos documentos, a maio parte das vezes ignorando-se as duas linguas oficiais, de entre as quais uma, o tetum, é também língua nacional.
Se a isto somarmos as diferenças e simpatias partidárias como ponto de partida para a escolha de quem melhor serve ou não serve um determinado objectivo em determinado momento, então melhor se compreenderá que enquanto uns são, à partida marginalizados, outros, de entre os escolhidos,são mais tarde contestados, por questões de somenos importância, baseadas justamente em desigualdades mais imaginadas do que reais.
De degrau em degrau e de prática leviana e irreflectida em continuo crescendo, chega-se ao ponto em que tudo se procura e se entende como motivo de desunião parecendo que nada se encontra nem existe que nos una. Por isso, se tornou infelizmente tão real e motivo de profunda divisão, a questão Lorosae e Loromonu. Como se isto não bastasse, ressurge a questão dos mestiços e dos puros, esgrimindo-se a origem de cada um como ponto de partida para estéreis e perigosas discussões sobre a legitimidade e direitos de uns em detrimento dos dos outros.
Para além de nada disto fazer qualquer sentido, facilmente se conclui quão descabida é essa discussão, tanto mais que se sabe ter sido Timor-Leste desde os tempos mais recuados ponto de migrações de povos diversos.
Continuando Timor-Leste a ser um país tão carente de recursos humanos, em vez de perdermos tempo e energias na descoberta de pontos de desunião com consequências imprevisíveis mas de certeza nefastas, seria certamente mais vantajoso para todos e, claro, para o país, que procurássemos entendermo-nos, considerando os pontos positivos que pela certa existem em cada um dos componentes da sociedade timorense. Assim, como estamos, não chegaremos a lado nenhum. Ou por outra, chegaremos rapidamente à destruição. E esta, continuo a acreditar, ninguém deseja para Timor-Leste.
Logo de início, quase não se deu pela diferença. Mas, não tardou que se generalizassem os ditos sobre as desigualdades entre “os de dentro” e “os de fora”, apontando-se as virtudes e os defeitos de uns e de outros de acordo com a parte interessada.
Não é de todo raro ouvir-se dizer a quem permaneceu no país durante todo o tempo da ocupação que lutou mais pela independência do que os que viveram fora, sendo a estes apontado o “pecado” de ter vivido descansadamente, tirando maior partido das boas condições de vida nos países que os acolheram em detrimento das más em que viviam os de dentro. Para estes, a luta afigurou-se mais difícil e perigosa. Inevitavelmente, há sempre necessidade de esclarecer a importância da luta diplomática feita no exterior naturalmente complementada e alicerçada pela resistência clandestina e pela guerrilha que lutava no interior.
Também não é menos verdade que, de entre quem regressou, existe a tentação de menosprezar as capacidades dos que nunca saíram do país, considerando-se os regressados melhor preparados com base na sua experiência no estrangeiro.
Mas verificam-se ainda outros cambiantes entre os que vieram da Austrália, os de Portugal, os de outros países de língua portuguesa e os de dentro a que se acrescentam os timorenses que estudaram e viveram na Indonésia, cada grupo interiorizando os hábitos do respectivo país de acolhimento.
De entre os cambiantes, talvez seja de realçar a propensão para o uso da língua com a qual cada grupo melhor se identifica. Por isso se explica que Timor-Leste seja uma autêntica babel a que não escapam as instituições públicas e os próprios ministérios, com a elaboração e difusão de documentos oficiais conforme a língua da preferência dos que têm poder decisório ou dos que intervêm na elaboração dos documentos, a maio parte das vezes ignorando-se as duas linguas oficiais, de entre as quais uma, o tetum, é também língua nacional.
Se a isto somarmos as diferenças e simpatias partidárias como ponto de partida para a escolha de quem melhor serve ou não serve um determinado objectivo em determinado momento, então melhor se compreenderá que enquanto uns são, à partida marginalizados, outros, de entre os escolhidos,são mais tarde contestados, por questões de somenos importância, baseadas justamente em desigualdades mais imaginadas do que reais.
De degrau em degrau e de prática leviana e irreflectida em continuo crescendo, chega-se ao ponto em que tudo se procura e se entende como motivo de desunião parecendo que nada se encontra nem existe que nos una. Por isso, se tornou infelizmente tão real e motivo de profunda divisão, a questão Lorosae e Loromonu. Como se isto não bastasse, ressurge a questão dos mestiços e dos puros, esgrimindo-se a origem de cada um como ponto de partida para estéreis e perigosas discussões sobre a legitimidade e direitos de uns em detrimento dos dos outros.
Para além de nada disto fazer qualquer sentido, facilmente se conclui quão descabida é essa discussão, tanto mais que se sabe ter sido Timor-Leste desde os tempos mais recuados ponto de migrações de povos diversos.
Continuando Timor-Leste a ser um país tão carente de recursos humanos, em vez de perdermos tempo e energias na descoberta de pontos de desunião com consequências imprevisíveis mas de certeza nefastas, seria certamente mais vantajoso para todos e, claro, para o país, que procurássemos entendermo-nos, considerando os pontos positivos que pela certa existem em cada um dos componentes da sociedade timorense. Assim, como estamos, não chegaremos a lado nenhum. Ou por outra, chegaremos rapidamente à destruição. E esta, continuo a acreditar, ninguém deseja para Timor-Leste.
Como é que as novas "inteligências" poderiam receber de braços abertos quantos de nós que no exterior ajudámos, e de que maneira, a resistência a chegar à vitória final se a única preocupaçãp é comprar armas, roubar o dinheiro dos doadores, comprar casas em Sydney, Maputo, Darwin e Lisboa?
Nunca mais se pode acreditar e ajudar a escumalha governamental e legislativa. Estes, nem sequer permitiram que as dezenas de cidadãos do mundo casados com timorenses tivessem direito ao passaporte da RDTL. Só desejo paz à sua alma.
Posted by joãoeduardoseverino 6:18 da tarde
Qual é a democracidade liberdade existente neste blog do Público que para certos comentários não é possível exclui-los para o lixo, enquanto, outros, caso dos nossos são contemplados com a possibilidade de serem excluídos da leitura global? Belo exemplo...
Posted by joãoeduardoseverino 1:39 da tarde