Animais nossos amigos
Manhã cedo, meio-dia, crepúsculo ou noite fechada, soa um grito desconhecido que irrompe do nada: toké, toké, toké! É assim a qualquer hora do dia, na cidade como no campo, que se ouve o som algo estranho, diferente, que surpreende quem visita o país pela primeira vez. Mas, rapidamente o dono da “voz” passa a fazer parte dos hábitos de coabitação pacífica entre o homem e o bicho. É o toké, lagarto de cores variegadas, cujo sonoro e repetido toké, esganiçado quando o bicho é novo e grave e rouco se é mais velho, lhe dá o nome.
Com um aspecto físico nada atraente, o toké mais parece um animal pré-histórico em miniatura, chegando a medir, quando adulto, talvez entre uns 15 e os 20 centímetros.
Diz a imaginação popular que casa onde haja toké, é casa afortunada e, de tão vulgar e tão inofensivo, o melhor é acostumarmo-nos à sua presença, até porque o toké não só não pede licença para entrar e ficar, partilhando o nosso espaço, como é um bicho de reconhecida utilidade porque se alimenta de insectos, moscas e mosquitos incluídos.
Com ventosas nas patas, o toké passeia-se pelas paredes e pelos tectos das salas e das varandas, sempre pronto a apanhar o insecto distraído que tem a desdita de se pôr ao jeito da sua língua esticada.
Mas o toké não é apenas animal de interior. O bicho gosta de se camuflar por entre a folhagem e nas pregas dos largos troncos de árvores de grande porte como os gondoeiros ou os tamarindeiros, onde abundam insectos aí se alimentando fácil e fartamente, tornando-se gordo e… feio, muito feio!
O bicho inspira alguma antipatia mesclada de respeito! Porque, sendo embora um animal vulgar e para além dos conhecidos atributos na eliminação de insectos, há os que crêem ver nele algo de misterioso e há também quem defenda que tem qualidades curativas, servindo de remédio para certas doenças de que se dá como exemplo a asma.
Por exemplo, afiançava um conceituado katuas que a filha, doente de asma desde tenra idade, se havia curado definitivamente da doença. E explicava como:Toma-se o toké que, depois de morto a preceito e limpo de peles, deve ser cuidadosamente torrado em lume brando, para não queimar. De seguida, reduz-se a pó. Mistura-se com água e ingere-se.
Outra senhora garantia o mesmo efeito e dava a receita utilizada pela sua mãe, conhecida e reputada curandeira do bairro onde morava em tempos idos:
Mate-se o toké. Limpe-se de vísceras, e retire-se-lhe a pele, as patas e a cabeça. Coloca-se numa panela com água e tempera-se a gosto. Deixa-se ferver durante algum tempo, até a carne ficar quase desfeita. Pode acrescentar-se um bocado de arroz. Serve-se a canja bem quente.
E acrescentava convicta a senhora: sabe a galinha!
Pormenor importante: Esta receita só dará resultado se a doente não tiver conhecimento do que está a comer.
Pudera!, acrescentaria eu. Só mesmo dessa forma! Tenho a sorte de não padecer de asma, mas se sofresse e se tivesse de ser tratada com semelhante mezinha, dela tendo prévio conhecimento, tenho cá para mim que morreria da cura em vez da doença! Brrrrr…
Oi Angela
só hoje li sua resposta.Mande-me o seu email. aqui vai um abraço de Luanda.
José Gonçalves
Posted by Blog do Jonuel 9:19 da tarde
Oi Angela
só hoje li sua resposta.Mande-me o seu email. aqui vai um abraço de Luanda.
José Gonçalves
Posted by Blog do Jonuel 9:19 da tarde
Jose Goncalves
Aqui vai meu email:
macarrascalao@myself.com
abraco,
Maria Angela
Posted by Ângela Carrascalão 3:01 da tarde