Mais violência, mais insegurança
Reacenderam-se os focos de violência em vários pontos de Díli. Aqui, na rotunda do aeroporto, a via está pejada de pedras. Diz-se que houve mais uma vítima de catanada no mercado de Comoro. De acordo com moradores das redondezas do hospital, a ordem é de bloquear a passagem a transeuntes do exterior do campo de refugiados quer sejam crianças ou adultas. Mas, a insegurança que Timor-Leste vive desde Abril deixou de estar circunscrita à capital e as suas consequências também se fazem sentir nos outros distritos.
As populações do interior vivem sob o medo de que a guerra explícita chegue às montanhas. São muitas as histórias que se contam ouvidas daqueles que têm de se deslocar a Díli, o que se afigura normal, sabendo-se da apetência popular para fantasiar o mais pequeno pormenor de um facto corriqueiro e porque vivemos num país em que também se considera natural a falta de acesso à comunicação. A rádio e a televisão e os jornais não chegam às montanhas. Quase parece que se quer perpetuar a ignorância das populações!
As microletes, pequenos autocarros e as biskotas, os autocarros maiores, que faziam o transporte de pessoas e víveres, subiram o preço das viagens – em certos casos triplicaram-no - e, em paralelo, diminuíram a sua frequência, dificultando assim o transporte de víveres inexistentes nas zonas montanhosas como a arroz, o óleo, o supermin. Ou de velas, gasóleo, sabão… Nos kios, a versão indonésia de quiosque, escasseiam os bens mais básicos.
E como ainda não é tempo de colheita do milho e da mandioca, as populações calcorreiam as encostas das montanhas em busca de alimento que a natureza generosa de Timor-Leste lhes dá.
A esta dificuldade, facilmente transposta se a situação fosse de normalidade, soma-se o medo como resultado de quem apenas conhece a realidade através do ponto aumentado por quem contou um conto: é voz corrente que as montanhas de mata cerrada estão cheias de gente estranha, armada e também ela em busca de alimento. Logo, até o chefe de família mais corajoso das recônditas aldeias timorenses se fecha em casa, não vá apanhar um tiro resultante de uma bala perdida.
A verdade é que só as causas do medo mudaram. Olhando um pouco para trás, já depois da independência se considerava perigoso viajar para algumas zonas do interior do país.
Em alguns pontos, as estradas eram bloqueadas com grandes troncos de árvores e só o pagamento de uma determinada quantia estipulada pelos autores da proeza, alguns deles surgindo de cara coberta, permitia a sua passagem depois de arredado o tronco da via pública.
Como pano de fundo, surge a precariedade em que vive o povo. A fome anda de mãos dadas com a pobreza. Se a isto somarmos a ignorância e o desemprego, para além da displicência com que foram olhados desde os primeiros dias da independência as dificuldades dessa gente simples – a quem apenas é permitida a preocupação com o estado do tempo, com o preço e a má distribuição dos bens que produzem sem direito a resposta e resolução dos seus problemas - bem teremos de entender as razões do seu descontentamento, medo e raiva. E, como é óbvio, não restará outra alternativa senão resolver urgentemente e com prontidão os problemas das pessoas!
As populações do interior vivem sob o medo de que a guerra explícita chegue às montanhas. São muitas as histórias que se contam ouvidas daqueles que têm de se deslocar a Díli, o que se afigura normal, sabendo-se da apetência popular para fantasiar o mais pequeno pormenor de um facto corriqueiro e porque vivemos num país em que também se considera natural a falta de acesso à comunicação. A rádio e a televisão e os jornais não chegam às montanhas. Quase parece que se quer perpetuar a ignorância das populações!
As microletes, pequenos autocarros e as biskotas, os autocarros maiores, que faziam o transporte de pessoas e víveres, subiram o preço das viagens – em certos casos triplicaram-no - e, em paralelo, diminuíram a sua frequência, dificultando assim o transporte de víveres inexistentes nas zonas montanhosas como a arroz, o óleo, o supermin. Ou de velas, gasóleo, sabão… Nos kios, a versão indonésia de quiosque, escasseiam os bens mais básicos.
E como ainda não é tempo de colheita do milho e da mandioca, as populações calcorreiam as encostas das montanhas em busca de alimento que a natureza generosa de Timor-Leste lhes dá.
A esta dificuldade, facilmente transposta se a situação fosse de normalidade, soma-se o medo como resultado de quem apenas conhece a realidade através do ponto aumentado por quem contou um conto: é voz corrente que as montanhas de mata cerrada estão cheias de gente estranha, armada e também ela em busca de alimento. Logo, até o chefe de família mais corajoso das recônditas aldeias timorenses se fecha em casa, não vá apanhar um tiro resultante de uma bala perdida.
A verdade é que só as causas do medo mudaram. Olhando um pouco para trás, já depois da independência se considerava perigoso viajar para algumas zonas do interior do país.
Em alguns pontos, as estradas eram bloqueadas com grandes troncos de árvores e só o pagamento de uma determinada quantia estipulada pelos autores da proeza, alguns deles surgindo de cara coberta, permitia a sua passagem depois de arredado o tronco da via pública.
Como pano de fundo, surge a precariedade em que vive o povo. A fome anda de mãos dadas com a pobreza. Se a isto somarmos a ignorância e o desemprego, para além da displicência com que foram olhados desde os primeiros dias da independência as dificuldades dessa gente simples – a quem apenas é permitida a preocupação com o estado do tempo, com o preço e a má distribuição dos bens que produzem sem direito a resposta e resolução dos seus problemas - bem teremos de entender as razões do seu descontentamento, medo e raiva. E, como é óbvio, não restará outra alternativa senão resolver urgentemente e com prontidão os problemas das pessoas!