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domingo, fevereiro 11, 2007 

Coimbra tem mais encanto
Na hora da despedida...

A noite prometia e fizemo-nos à estrada. Cruzámo-nos com quatro blindados. Em Fatu-Hada, para não variar, muitas pedras pelo caminho… No Bairro Pité, houve problemas. Violência. Como todos os dias…

A sala estava repleta. De portugueses, a maioria, mas de alguns timorenses também. Todos preparados para ouvir o coro “Alma de Coimbra”.
Fez-se silêncio! E bateram-se, muitas, vibrantes palmas!
Em momentos como este, percebo bem quão profundas são as raízes portuguesas deixadas em Timor. Tal como constato quão agradável e enriquecedor é o sentimento partilhado de afecto por duas pátrias. O meu e o de todos quantos, como eu, são mestiços de português e timorense.
Não sei se irá parecer lamechice transmitir o que sinto. Mas apetece-me partilhar este sentimento.
Esta noite, enquanto ouvia cantar “Coimbra tem mais encanto”, “Foi Deus”, “Coimbra” ou “Amália”, voltei a sentir o que tantas vezes me acontece que é não saber, em determinado momento, se sou mais daqui, se sou mais dacolá… Nunca sei se sou mais timorense, se mais portuguesa … Sou de certeza, as duas coisas!
Esta noite, as capas negras, guitarras, violas, pianista e um coro fantástico de vozes fizeram-me voar até Portugal, a quase 19 mil quilómetros de distância… Emocionei-me, naturalmente! Acompanhei, ainda que para dentro, só para mim, os fados que bem conheço. Recordei os amigos, o ambiente, os cheiros, Lisboa, o Tejo, Coimbra…
Deu-me um ataque de saudade! Será apenas portuguesa, a saudade? Ou será a “Sôdade” de Cesária Évora, de Cabo Verde, outro dos momentos altos da noite?
Foi uma noite inesquecível. Pelo fado, certamente. Pelo que senti, obviamente. Mas, especialmente porque, estando Timor-Leste a atravessar um crise difícil, um grupo conceituado tenha vindo a Díli cantar, indiferente ao perigo. É um verdadeiro acto de coragem e de generosidade, cantar duas, três vezes por dia, para todo o tipo de público, timorense e internacional. Na Catedral, na Escola Portuguesa como no Centro juvenil Padre António Vieira ou na Fundação Oriente.
E tal como me senti portuguesa ao ouvir a Alma de Coimbra, sinto-me agora completamente timorense ao transmitir a minha gratidão por se terem lembrado de nós, timorenses.
Por terem entendido que não somos apenas violentos, nem gostamos só de apedrejar quem passa, nem somos totalmente ignorantes nem selvagens.
Também gostamos de poesia e de música! De fado, também, pois claro!
Obrigada, Alma de Coimbra!

Obrigada pela descrição, fez-me sentir timorense, adoro esse país embora nunca tenha lá estado. Um dia irei n sei bem kuando mas é um sonho que quero transformar em realidade. Obrigada pelas sensações doces e boas que me fez sentir

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