Cansaço
Ontem, a noite foi de alvoroço. O sobrevoo dos helicópteros em voo rasante junto ao campo de futebol sobressaltou toda a gente Soube-se depois que tinham sido, de novo, dois grupos de artes marciais. Algumas casas destruídas, feridos, fuga desordenada de mulheres e crianças, mortes… Sempre igual, sempre repetido. Desgastante!
É normal, faz parte do quotidiano timorense, mas cansa!
A violência mantém-se, sucede-se dia após dia, cria pânico, desacredita o país, provoca o desgaste de toda a população, destrói, mata.
Perdemos o respeito pelo próximo, perdemos as referências, insultamo-nos, destruímo-nos, estamos sem uma liderança que consiga convencer da gratuidade destes actos de vandalismo. E nem sabemos para onde vamos.
A crise existe. A loucura também. Só que deixámos de perceber o porquê desta crise e só conhecemos alguns loucos... A responsabilidade da crise já passou por muitos. Foram os peticionários, os polícias, os políticos, a oposição, os padres, os esquadrões da morte, foram os jovens, os refugiados, os lorosae e os loromunu e, agora, são os grupos de artes marciais.
Por este andar, não escapará incólume nenhum componente da sociedade timorense. Talvez que o desgaste me leve a manifestar, provavelmente com acentuado pessimismo, o receio de que não fique um único timorense para contar. Não sei a quem isto pode agradar nem quem ficará a ganhar com a situação. Tenho, contudo, a certeza de que nós, timorenses, sairemos completamente derrotados.