Bicho nojento! Malvado Mafarrico!
Desconfiei e não levei a sério. Mas estava mesmo por detrás da porta o mafarrico malvado!
Realmente, mais vale viver o dia a dia, sempre à espera do perigo– que o diabo tece-as mesmo! - e não cair na tentação de imaginar que os dias estão mais calmos! Pelo menos não haverá sucessão de desilusões ao ritmo dos acontecimentos desagradáveis que se tornaram o prato do dia na cidade.
Em dois dias, ceifa-se a vida de dois seres humanos! Abatem-se mais depressa homens para gozo pessoal, estilo desporto, do que gado destinado a alimentação.
Vai alguém a enterrar? Pronto, surgiu a desculpa! Já lá vai o tempo em que o cemitério de Santa Cruz era respeitado! Agora, trocam-se pedradas, a ver quem tem melhor pontaria, quem danifica mais, quem mata mais depressa!
Nas ruas os assassinatos a sangue frio acontecem à vista de quem esteja por perto – tudo acontece natural e impunemente! - , os assassinos desaparecem céleres como o vento, não deixam rasto e preparam calmamente o ataque que virá a seguir!
Nos becos, nos bairros populares, os confrontos, os ataques, os roubos e as ameaças acontecem de forma igualmente traiçoeira mas mais dissimulada…
Passa uma mulher e tem o azar de trazer um relógio no pulso ou atende uma chamada no telemóvel? Ah, mas isso representa um insulto para o ladrão, o senhor! E é assim que em resposta ao murmúrio ameaçador “passa-me depressa isso para as mãos, porque senão…” a mulher passa ligeiro o que tem e lhe custou provavelmente um mês de trabalho não vá acontecer-lhe um acidente!
Aproxima-se a microlet e vem cheia de gente? Então é o momento de mandar parar o autocarro! E a pergunta sai em disparo de silenciosa arma, quase num sussurro, sem sorriso: quem está aqui de Lorosae, ou Loromonu (questão colocada de acordo com a origem geográfica do inquiridor em serviço) ?
Pobre de quem responder contra o que o inquiridor pretende! Temos castigo, pois claro!
O homem varre a rua, distraidamente, metido com os seus pensamentos? Talvez o faça como disfarce enquanto espera por uma oportunidade para surripiar o zinco “esquecido” no telhado do vizinho!
Do nosso país se dirá que “aqui vale tudo”!
De nós, timorenses, se ajuizará que somos uns selvagens.
Dos nossos líderes não faltará quem pense que subiram demasiado depressa e se deixaram deslumbrar pelo Poder. Pois é, o Poder cega! Tão cegos e tão impantes de vaidade porque tinham o Mundo a seus pés que se distraíram, tropeçaram e nem perceberam que estavam a conduzir o país para o caos!
Belzebu maldito! Ruim! Bicho nojento! Malvado Mafarrico!
Quais líderes? Os da Fretilin? Os dp PD, PSD e UDT? Ou o artigo refere-se aos líderes de todos os partidos, ao Presidente Xanana e aos líderes da Igreja Católica? Não podemos deixar no ar a insinuação de que se trata dos líderes que estão somente no poder, porquanto a culpa da crise que se vive em Timor-Leste tem culpados em variadíssimos quadrantes e os principais responsáveis, quer queiramos ou não, foram os líderes dos partidos. Foram eles que convenceram o povo a ir a eleições porque o sistema de confiar nos partidos para o dirigismo da nação seria o mais adequado. O povo confiou nos seus líderes e votou Fretilin, UDT, PD, PSD, PDC e tantos mais. Ao votar sonhou que esses mesmos líderes saberiam governar e fazer oposição construtiva e defensora dos seus interesses. E afinal, contrariamente ao que se sonhou temos assistido a uma falta de responsabilidade por parte dos partidos no respeitante à coisa pública. Os partidos com assento parlamentar nem sequer assumem a defesa, diga-se apoio solidário, dos campos de refugiados. Não exigem ao Presidente da República que de uma vez por todas acabe com a instabilidade e determine eleições gerais, por que está à vista de todos que os confrontos e a instabilidade é originária de uma premissa indiscutível e que se traduz na sensibilidade generalizada de que a Fretilin já não tem a maioria do povo a seu lado. Sendo assim, apenas resta aos líderes dos partidos e ao PR acordarem que a solução está na realização das eleições. E não venha cá a ONU com conversas de anormais quando referem que não há dinheiro para tal. Mas houve mais que dinheiro suficiente para realizar a farsa das primeiras eleições tãosomente para a Assembleia Constituinte, o que se traduziu numa entrega de poder nu e cru aos srs. Alkatiri e Ramos Horta versus Fretilin, com muitos boletins de votos introduzidos nas urnas uma semana antes das eleições. Os líderes são todos aqueles que se responsabilizaram em representar qualquer voto popular, e consequentemente, têm todos a responsabilidade de alterar a situação e chegando até à conclusão de que tudo pode ser feito sem a pata da ONU constantemente a passar-nos atestados de incompetência.
Posted by joãoeduardoseverino 10:20 da tarde
Obrigado a Sandra e a Tekisan
Posted by joãoeduardoseverino 11:13 da tarde
A timor-deste:
Parabéns pelo seu anti-alkatirismo primário!
20 valores por chamar os nomes pelos bois...
Posted by zé lérias (?) 3:01 da manhã