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quarta-feira, julho 05, 2006 

Webikas ou o milagre das águas

Webikas é um pequeno lugarejo que se situa para os lados de Natarbora, no distrito de Manatuto, que já foi Lorosae e agora passou a Loromonu.
Nessa povoação quase desconhecida, pouco povoada, os habitantes são ligeiramente diferentes dos outros timorenses, de pele e cabelos mais claros a que se juntam olhos por vezes castanho-esverdeados ou azulados.
Diz a lenda sobre a criação de Webicas que, a meio da tarde, duas jovens de um povoado, cumprindo as tarefas rotineiras de casa, foram ao poço buscar água para o jantar.
Cobiçadas no lugar, conscientes da sua beleza, entre risos, conversas e gracejos, as moças deitaram o balde para o fundo do poço, esperando ver como sempre, reflectidas naquela água as suas caras morenas, olhos bem escuros, cabelos negros de azeviche, brilhantes e cheirosos de bem espalhado óleo de coco…
Splash!!! Splash!!!, fez o balde lá no fundo!
E, oh, céus! Em vez das suas, as raparigas viram espelhados nas águas os rostos de dois jovens completamente diferentes delas! O seu aspecto físico era-lhes desconhecido. Cor leitosa, de cabelos da cor do sol dourado, de olhos entre o verde e o azul do mar…
Ah, a terrível atracção dos opostos! Deu-se o milagre!
Foi pela magia, disseram elas. Os jovens pelos quais as raparigas se apaixonaram num só instante, estonteados de tal paixão, do fundo daquelas águas, engravidaram as meninas através da imagem reflectida. Nove meses depois, logo ali, à beira do poço bem no sítio do milagre, nasceu um novo lugar a que se chamou Webikas. E, naturalmente, se a água era cristalina, em particular os olhos dos naturais de Webicas, haveriam de, alguma forma, espelhar a limpidez daqueles águas!
Os menos poéticos, mas ainda com pendor para o romance, contam que era normal ver-se gente de raça branca, mulheres de roupas bonitas e compridas a par de homens de casaca que deixavam ao largo os barcos – porventura as caravelas de quem andava por estes mares em busca de que os novos mundos lhes pudessem dar – e vinham a terra descansar, fazendo grandes festas na praia e, pasme-se!, dançando e cantando ao ritmo da música que saía de uma caixa escura e grande: o piano, pois claro!