Que vai ser de Timor-Leste?
Timor sempre suscitou muitas paixões, inúmeras discussões muito acaloradas. É o que acontece agora. Em tempos idos como hoje, quando se fala desta crise, ( a palavra da moda) é inevitável apontar-se mais do que um responsável por ela, a crise.
Antigamente, também havia os bons e os maus. Mas havia, apesar de tudo, menos subdivisões nos temas em discussão. Talvez não houvesse tanta imaginação, ou escasseassem os intervenientes empenhados…
Mas, certamente que os intervenientes empenhados eram-no, efectivamente empenhados na causa de Timor…
Hoje, há muito mais diversidade e Timor desdobra-se, enche-se de mil caras, todas diferentes.
Talvez porque a “situação” (outra palavra que serve para ilustrar tudo quanto se passa no país) tenha evoluído. Os tempos também são outros… também aqui, “situação” pode ser “situasi”.
Já não há “os do mato” nem militares indonésios. Hoje há timorenses. Em vez da palavra secreta e em surdina dos “do mato” , os insurrectos falam abertamente e bem alto. Descem à cidade. Descansam em pousadas, onde o clima é mais ameno...Não sei se tocam piano, não sei se falam francês, mas sei que falam inglês e têm telemóvel!
Se os do mato lutavam quase sem armas, ao menos agora, as armas são sofisticadas, modernas e diziam uns que até estavam em boas mãos.
Se “os do mato” não tinham fardas, hoje abundam as fardas novas, com cintos e botas a condizer… Os tempos são outros… Não há rupias. Há dólares!
Se naquele tempo, a luta era pela liberdade hoje assistimos à luta pelo Poder.
Hoje ninguém quer ser clandestino. Não aos bastidores! Todos exigem as luzes da ribalta! Todos querem o papel principal!
Perduram os bons e os maus. Os heróis e os bandidos. Os da FRETILIN e os outros. E juntaram-se-lhes os esquadrões armados e os peticionários. Os civis e os militares. Os malais e os timorenses. Xanana e Mari. Os Lorosae e os Loromonu. Os portugueses e os australianos. As boas armas e as más armas. Unidade, desunião. A mentira e a verdade. Outra paz, outra guerra. Uns vivos, outros mortos.
O Povo é que não mudou. Ainda é povo timorense. O povo é que continua pobre. O povo é que se sente perseguido. São os seus parcos haveres que continuam a ser roubados, incendiados. “Povo maka terus nafatin”*.
Adia-se o futuro. Timor-Leste está paralisado. Sem acção. Em desnorte total, perdido. Fugindo de si próprio. De alma moribunda.
Mas continuamos distraídos, discutindo entre os bons e os maus, os heróis e os bandidos, muito pouco sobre a paz, quase sempre sobre a guerra…
Que vai ser de Timor-Leste?
Façam reflectir os vossos posts no Technorati e nos motores de busca. Vejam este post para saber como.
Posted by Orlando Braga 5:23 da tarde
As revoluções apenas aperfeiçoam os sistemas contra os que se insurgem…
Uma agressão gera o sentimento de onde provém…
Uma verdade a meias, é sempre uma mentira…
Mudar as palavras, alterar o seu sentido – não muda a verdade.
Por muito que 1984 e Orwell possam indiciar o contrário.
Posted by Simbelmune 6:52 da tarde
O Problema de Timor é um problema de competência, ou a falta dela. Timor não tem autonomia nem competência suficiente para ser independente. Terá de encontrar um estatuto político de autónomo em algumas matérias, mas nunca independente. Timor, não é mais do que Mónaco, Liechtenstein ou Andorra. Uma “parceria” com algum país forte perto de si é a solução para a prosperidade e segurança do território.
Posted by Unknown 12:39 da tarde