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sexta-feira, agosto 03, 2007 

Não! Não vou por aí!

Há dias, dizia-me um colega que na vizinha Indonésia se comenta que “os timorenses sabem unir-se quando o inimigo é externo mas, na falta de um inimigo externo, arranjam inimigos internos e digladiam-se entre si…”. E num tom mais baixo, acrescentava “mana, senti uma grande vergonha, mas não fui capaz de dizer nada!”
Nesta troca de impressões sobre este traço negativo do nosso carácter, retorqui-lhe que, em Bali, também já haviam feito o favor de me dizer mais ou menos o mesmo e da vergonha que eu também experimentara por ter de me calar, engolir o meu orgulho e olhar para o chão, incapaz de enfrentar o atrevido. Senti vergonha e raiva! Mas não tive outro remédio senão manter-me calada!
E agora, que estamos no meio de mais uma crise, por mil e uma razões a que se soma a do adiamento sucessivo de uma decisão para a formação de novo governo, estamos a dar inteira razão aos nossos vizinhos que se comprazem com a nossa manifesta incapacidade de entendimento, de coabitar pacificamente um espaço, Timor, que é – tem de ser - de todos nós, timorenses.
Sabe-se que a democracia timorense é incipiente, frágil, periclitante, que os cinco anos de independência serviram para muita coisa mas não para apostar na educação cívica e, logo, na aprendizagem da vivência democrática, da tolerância e do respeito pelo próximo.
Unicamente por isso se compreende que só a hipótese de perda do Poder faça estalar o verniz e dê origem a ataques a adversários políticos, esquecendo-se de que os mesmos são só adversários políticos, são timorenses e não inimigos a abater!
Tornou-se um hábito o conselho amigo, formal ou informal para que “evite esse caminho”, “não ande fora de horas”, “não ande demasiado depressa”, “não ande tão devagar”, “não vá por aí …”
Na noite em que houve mais um apedrejamento a um carro em que seguia um cidadão –por sinal líder partidário - que regressava calmamente a casa depois de jantar em família, perante mais um ataque desnecessário, violento, gratuito, sinto uma tristeza imensa, uma raiva surda e uma terrível vergonha por tudo quanto está a acontecer no meu país!
Direi também que, a exemplo do que pensam os meus dois irmãos, Mário e João, líderes partidários, por coincidência ou não vítimas de apedrejamento, a resposta à violência só pode ser uma:
Não vou por aí!

Estamos a ver o mesmo filme de 1975. Quando nao se consegue a bem osresultados desejados comecamos a por barreiras na estrada (Fiscalizacao por ordem do Maubere)e talvez com as milicias treinadas em Bucoli. Espancam pessoas que nao se identificam com o partido e atiram pedras aos carros que passam. Se quisermos paz estabilidade e respeito os lideres devem impor a disciplina aos seus membros. Senao conseguirem entao nao sao lideres e eles devem ser responsabilizados pelas accoes dos seus membros.

Mario Carrascalao para primeiro ministro ja pois se ele pos o Bapak Asis algemado e preso de certeza que sera mais facil meter o resto dos corruptos todos a trabalhar na brigada de estradas.

Não tenha vergonha, Timor é o fruto dos colonialismos sucessivos (português e indonésio) que não deixaram o povo timorense desenvolver-se normalmente, ora abandonado ora assistido, até que conseguiu libertar-se pela violência mas claro, sem estar preparado para o poder mas, quem o está? Todos os países foram crescendo com lutas, revoltas, revoluções e Timor não pode ser, infelizmente, excepção!

Tem toda a razão em "não ir por aí", a violência é a arma dos fracos mas, às vezes, é a única, foi assim que Timor chegou à Liberdade mas claro que agora é preciso aprender a viver em Liberdade e isso é obra de todos, sobretudo das elites que vivem, como sabe, muito longe do povo e não só do(s) governo(s).

Há coisas que não se podem esquecer, como quem colaborou com a o opressão indonésia ao mais alto nível, mesmo se tenha sido o mais honesto possível e, há coisas que não se devem fazer como agora a AMP, (que defende a democracia) fez, ao ficar com todos os cargos no Parlamento Nacional.

Aprende-se a viver em Democracia e muito, analisando como os outros países a construiram e a vivem, podem evitar-se assim muitos erros mas, será que as elites timorenses o poderão fazer? Quanto tempo irá durar a coesão na AMP? Será que Timor-Leste pode já pôr de lado uma grande parte da elite e da opinião pública, como se já fosse uma Democracia consolidada?

Creio que a violência voltará se as elites continuarem a viver numa torre de marfim esquecendo-se que também há um povo que é pobre e... anda a pé!

Para terminar, lembro o que o antigo comandante das Forças de Estabilização Internacionais, o brigadeiro-general australiano Mal Rerden, aprendeu com os timorenses:

"Em primeiro lugar, a resiliência dos timorenses, é gente muito, muito dura, com uma grande capacidade de resistência, em circunstâncias diferentes, tanto física como psicologicamente".

"A segunda coisa é a adaptabilidade dos timorenses, a sua versatilidade. Perante uma dada situação, conseguem encontrar uma maneira de contornar, ou passar por cima, ou lidar com uma situação em que a maior parte das pessoas ficaria bloqueada".
"Mesmo no sentido político, são muito flexíveis ".

"A última coisa que também me surpreendeu foi que, sendo pessoas tão pobres e sem privilégios, os timorenses ainda consigam ser felizes e estejam interessados e em condições de participar na vida", acrescentou o comandante australiano.



http://entrecais.blogspot.com
http://sol.sapo.pt/blogs/EntreCais/default.aspx

Tenha vergonha. Esta para ai com a mentalidade colonialista e paternalista a tentar dizer o que bom para os timorenses. Nos os Timorenses sabemos o que bom e o que e mau. E altura de mudanca para que todos tenham as mesmas oportunidades. Estamos fartos dum governo que so da emprego a quem e do partido e contratos para os amigos. Nao viveste em Timor por isso nao sabes oque se passou desde 1974,o tempo da ocupacao e quem e que realmente colaborou. Nao tentes justificar a violencia e o terrorismo. Timor ja e independente e nao precisamos de violencia para resolvermos as diferencas. E falando de elites que tal esta do camarada Rogerio Lobato ter tratamento especial quando a mais prisioneiros que precisam de melhores cuidados medicos e estao ai. Chega de interferencias ja nao bastam o Malai Azul e a tal Margarida. Bem se ve que a Fretilin tem uma boa maquina de propaganda (accao psicologica social). nao vou perder mais tempo com gente dessa laia pois ja temos governo e tudo vai mudar para Timor para o melhor.

Artigos 85º e 106º da Constituição de Timor-Leste

Artigo 85.º
d) Compete exclusivamente ao Presidente da República nomear e empossar o Primeiro-Ministro indigitado pelo partido ou aliança dos partidos com maioria parlamentar, ouvidos os partidos políticos representados no Parlamento Nacional

Artigo 106.º
1. O Primeiro-Ministro é indigitado pelo partido mais votado ou pela aliança de partidos com maioria parlamentar e nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos políticos representados no Parlamento Nacional.

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