Loidahar
Loidahar é uma aldeia muito bonita a uns dois ou três quilómetros de Liquiçá. Fica numa curva de estrada, antes de Nunturi e dela se divisa Liquiçá, o mar azul e, bem mais longe, a ilha de Alor.
Loidahar marca a transição entre a zona quente do distrito de Liquiçá de árida montanha de quase inexistente palavão – usado como lenha - e a mais fria, a das montanhas revestidas de grandes madres-del-cacau a sombrear os cafezeiros. Depois de Loidahar, desliga-se o ar condicionado do carro e abrem-se as janelas para inspirar o ar puro e fresco da montanha.
Elegantes arequeiras, coqueiros e bananeiras ladeiam a orla da estrada e, logo à entrada da aldeia, escrito em grandes letras num muro sempre com ar de pintado de fresco, lê-se “Bem-vindo ao suco Loidahar”. Lembro-me que no tempo da ocupação havia inscrição idêntica em indonésio que, se me não falha a memória rezava assim: “Selamat dessa Loidahar”.
Sempre achei aquela aldeia muito especial. Talvez que parte da minha simpatia por aquele local advenha do facto de a ligar a uma bonita história de amor.
Havia um senhor, vindo de longe, que se apaixonou por um bela rapariga morena de negros cabelos de azeviche. Queriam casar-se; mas a família da jovem não estava pelos ajustes. Talvez desconfiasse das boas intenções do senhor que viera de longe. De tanto tentar, esperar, tentar, negociar, arranjar intermediário, tudo sem resultado nenhum, o jovem senhor vindo de longe fartou-se! E, se bem pensou melhor o fez!
Noite fechada, raptou a sua amada de cabelos negros de azeviche!
Naqueles tempos, há bem mais de cinquenta anos, não havia muitos carros. Mas havia cavalos. E foi num cavalo que, a galope, por atalhos escusos, o jovem senhor levou a sua amada para suficientemente longe de Loidahar.
Da união nasceram três filhos. Já depois da independência um deles, profissional de mérito reconhecido no estrangeiro, regressou a Timor. E foi ao sítio fotografar Loidahar e fotografar-se no sítio. A intenção era apenas uma: levar a prova ao seu velho pai de quase noventa anos de que Loidahar não desaparecera do mapa, antes continuava bonita, arrumada e acolhedora!
Esta história veio-me à memória hoje, quando soube que até em Loidahar – pouco importa que tenha sido ou não junto à estrada - existem vândalos que incendeiam casas!
Parabéns pelo blog. Preciso de uma pequena ajuda.
Será que algum leitor sabe o número de telefone de uma rapariga timorense chamada Lena que estuda no Monte da Caparica?
Há uma amiga dela timorense que está de férias em Lisboa e gostava imenso de falar com ela.
Desde já obrigado
Posted by Hugo 11:04 da tarde
timor meu amor
Posted by Da Costa Sousa 10:58 da tarde
Ola Nuta
Provavelmente o texto que viu nos tempos de antigamente seria "Selamat Datang Desa Loidahar". :-)
Eu tambem arranjei uma "bela rapariga morena de negros cabelos de azeviche" mas foi mais para baixo, no suco de Dato, ao pe da ribeira... :-)
E felizmente nao tive que a raptar a cavalo. Tenho uma motoreta!...
Posted by João Paulo Esperança 6:46 da manhã
Este comentário foi removido pelo autor.
Posted by Maracuja Maduro 9:17 da manhã
Eu conheço a história deste casal muito bem. Os três filhos , todos rapazes tambem sao pessoas de valor. O senhor Mário e a D.Alice viveram uma verdadeira história de amor! A D. Alice já falecida sofreu muito. A irma mais nova esta casada com um dos irm˜åos do senhor Domingos Oliveira da UDT. A história da D.Alice e do senhor Mario nada tem a ver com a história da "Selamat Datang Desa Loidahar".
Um dos seus filhos veio mais de uma vez a Timor e esteve no Banco Mundial . D. Angela as suas histórias são interessantes.
Maracujá Maduro
Posted by Maracuja Maduro 9:26 da manhã
So para esclarecer...
"Selamat Datang Desa ......" significa em indonesio
"Benvindo a aldeia de ......."
e era uma inscricao colocada pelos indonesios a entrada de todas as aldeias pelo pais fora.
Timor eh - ainda - uma terra de magia, de grandes paixoes, de sonhos belos... Uma terra boa para amar.
Posted by João Paulo Esperança 5:33 da manhã
sim Joao Paulo Esperança. E o que isso quer dizer . Eu creio que não me entendeu , quando digo que nada tem a ver ocm a historia dos selemata datangs loidahar quero realçar que é uma história tão antiga , aconteceu quando nem sequer sonhavamos com os "bapas" nem os "pan limas" dos selamat datans....foram historias do tempo " Benvindos ao nosso mundo" .... a minha mãe é filha de Liquiçá, mais especificamente de "Nun Turi" que por sua vez sua vez tem ligações com os de Loidahar. Dai o conhecer a D. Angela e sua familia...mas de momento sou apenas o Maracujá Maduro que trabalha lado a lado consigo.... gostos dos seus trabalhos tamb´m....
Posted by Maracuja Maduro 12:55 da manhã