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quarta-feira, fevereiro 21, 2007 

Lá diz o ditado português que “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.
Hoje vi o ministro da Agricultura um bocado alterado, sem conseguir disfarçar a irritação ao responder na televisão às questões dos jornalistas sobre o motivo da crise destes dias; a falta de arroz.
Concordo que a situação não seja de total carência de alimentos, idêntica à de África, e que há mandioca, fruta, legumes…
Num jornal diário, é ainda o ministro que vem dizer que “o governo não faz milagres”. Claro que não. Aliás, acho mesmo que é tido como certo que os milagres são um exclusivo de Deus. Mas, pode bem acontecer que, perdido o norte, haja quem pense estar no mesmo patamar divino da arte dos milagres.
O que, sendo mais humano, me parece algo bizarro é que o Ministério da Agricultura não tenha percebido a tempo que o stock de arroz estava no fim, sendo preciso importá-lo a tempo e horas de evitar tanta zanga…

À saída de uma casa comercial, um grupo de jovens - num momento de pausa de ingrata tarefa de limpeza e saneamento dos colectores a céu aberto que atravessam a cidade, resolveu atirar para o ar, em tétum, naturalmente: “o malai vem para cá encher a barriga e nós é que morremos à fome. É melhor irem-se embora”.
Olhei à volta e não havendo nenhum malai de verdade, percebi que a tirada me era dirigida, pelo que resolvi retorquir, obviamente, também em tétum: “que malai vem cá encher a barriga e que malai tem de se ir embora?”
Como se calculará, o grupo sentiu-se de imediato apanhado. Mas, mesmo assim, foi acrescentando umas coisas, entre as quais que os malais tinham tomado conta do país e provocavam a fome entre a população (que raio de argumentos!).
Reparei que o pessoal à minha volta estava um bocado aflito aconselhando-me a que os deixasse falar… sozinhos. Antes de me afastar, resolvi perguntar-lhes se tinham ideia de que no estrangeiro, onde existem timorenses que ali são malais, também podia acontecer que um dia alguém tivesse a ideia de mandar sair os timorenses do seu país. E nem esperei pela resposta.
Com este pequeno incidente xenófobo e racista, recordei-me que um dia, talvez em 2000 ou 2001, na Avenida Fontes Pereira de Melo, em Lisboa, quando ia apanhar um táxi, ouvi um senhor de uma certa idade, encostado a uma parede, dizendo alto “olhem para eles, vêm para a nossa terra, ficam com os nossos empregos e ainda andam de táxi!”.
Olhei à minha volta, mas não havia mais ninguém; percebi que eu era a visada. Eu é que estava a afrontá-lo andando de táxi!
Primeiro ri-me. Depois, percebi que, mesmo sentindo-me bem portuguesa, nem todos o entendem assim…
O que não me passou pela cabeça é que, passados uns anos, no meu outro país, Timor-Leste, haveria de aparecer alguém a chamar-me malai!
E isso, claro, entristece-me sobremaneira. Para além de que me incomoda imenso o ressurgir do racismo e da xenofobia em Timor, o que me leva, por outro lado, a ter de dar alguma razão àqueles que, menos românticos que eu, pouco ou nada acreditam no milagre da miscigenação.

ola!Presumo que seja a Nuta...?Daqui é a sobrinha da Matilde Varela e gostava de saber se tem mail. Todos queremos notícias!bjs, isabel

Aqui fica o meu mail...amaral_isabel@hotmail.com, e sou sobrinha da MAtilde e do Humberto do alentejo.

Malai é um estrangeiro?

Minha/meu caro/a tekisan:

N\aao sei porquIe é que acha triste a palavra "Malai" em todos os dicionáriso existe a palavra a palavra" MALAI" nas suas pr]oprias linguas. Malai quer dizer Foreigner em Inglês" ou 'Estrangeiro em Português" ou outro qualqquer noutra lingua. E o que é que a palavra foreigner ou estrangeiro querem dizer " pessoas que vêm de fora", pessoa originárias de outro país , etc, etc...

O que é triste é a forma como utilizam a palava "Malai" apenas para rebaixar ou separar um certo grupo de pessoas" isso sim podemos dizer " que tristeza" triste é também as noticias que lemos neste blog e em tudo o que é comunicação social. Isso sim " que tristeza"

Angela gosto dos seus artigos mas prefiro os seus do " o outro lado do mundo"

Robiana Florencio

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