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sexta-feira, fevereiro 16, 2007 

Manda quem pode...

Díli poderia ser uma cidade bonita se tivesse havido algum interesse em a tornar aprazível nos tempos da ocupação. Mas, quem aqui estava não tinha obviamente intenções de embelezar o que quer que fosse.
E por isso a cidade cresceu desordenada, mal dimensionada, feia. Salvam-se a baía que é obra da Natureza e os edifícios do tempo português.
Foi-se a ocupação, veio a independência. Faria sentido que a reconstrução do país também passasse por Díli. Mas não. Continuou o crescimento anárquico, sem um plano director.
Díli é um amontoado de casas e casinhotos, com mercados de rua onde há uma sombra, com os passeios todos estragados, com barracas com paredes de zinco, sem água, sem ruas iluminadas, com esgotos a céu aberto. Todos vêem mas, são tantos os problemas do país que é natural que também se pense que a solução pode ficar para depois. Sim, não é prioritário.
Apesar de tudo, ainda há quem queira fazer alguma coisa pelo seu país, procurando contribuir para a reconstrução da “nossa Nação”, da “nossa” cidade. E talvez por isso às vezes, quem tem boa vontade, esquece-se de que nem sempre é possível participar no esforço da reconstrução.

E depois...

Defronte do restaurante nasceu uma esplanada igual a tantas outras esplanadas espalhadas pelos passeios da cidade e “ocupando... terrenos do Estado”. Nunca ninguém tinha dado por elas, embora se enchessem de manhã e de tarde por quem quisesse um cafezito ou qualquer outra coisa como ver pasar as modas!
Até que o adiministrador que é o que aqui se equipara a presidente da câmara deu autorização que lhe fora pedida pelo interessado para que uma dita esplanada fosse construída. E de repente todos as viram, às esplanadas.
Vieram os fiscais das obras públicas, os funcionários da poderosa Direcção de Terras e Propriedades, a ministra dos Transportes tomou posição e todos os proprietários de restaurantes com esplanadas receberam carta avisando-os de que era melhor deitá-las abaixo porque se não tivessem a iniciativa de as desmanchar, eram eles que o faziam ou levariam os comerciantes a tribunal.
Percebeu-se: O administrador de Díli não manda. As Obras Públicas mandam um pouco mais. O Ministério da Justiça sim, manda muito!
Ficou toda a gente à espera do lobo mau. Que chegou há dias em carta enviada a um restaurante pela Direcção de Terras e Propriedades.
Antes que o lobo mau comesse alguém, obedeceu-se à sua ordem.
Os vasos com palmeiras estão encostados à varanda. A esplanada quase não existe.
De repente tive a sensação de que vivia numa cidade modelo, num país em que tudo se faz de acordo com as leis, em que todos cumprem, em que todos são iguais. Pensei por momentos habitar um país em paz total, tranquilo, seguro e estável. Mas, naturalmente, foi apenas um momento muito pequenino o da minha ilusão.
Porque, a cidade onde vivo continua a ser insegura, com as casas a cair aos bocados e muitas delas destruídas desde 1999. De noite, as ruas ficam desertas. Nos campos de deslocados continua a haver refugiados. Diz-se que continua a haver armas espalhadas pelo país. Continua a morrer gente sem se saber bem porquê. O desemprego continua a ser da ordem dos 90%. Os porcos, as galinhas, os cabritos e as vacas continuam passeando-se pela cidade.
E continua a haver vândalos a entrar em restaurantes armados de facas, ameaçando quem lá está por umas cervejolas. Mas, claro isso, são as pessoas vulgares que vêem. Porque muitos, dos que podem tudo, andam com o nariz no ar a olhar apenas a frontaria dos edifícios no nobre intuito de contribuir para aumentar o seu ego e não perdem tempo a olhar ao seu redor...
Da esplanada, retiraram hoje o telhado, vai desaparecer totalmente. Está, pois, cumprida a ordem.
Até porque convém que não nos esqueçamos que “manda quem pode, obedece quem deve!” E ainda porque o respeitinho é muito bonito!

É o caos, ponto final parágrafo. Está visto que as eleições vão fazer muita falta, só espero que depois não voltem ao mesmo, ou seja, ser só para alguns. Sim, porque depois quem sobe ao poleiro esquece os que estão em baixo. Mas já é altura de haver ordem num País que poderia ser a pérola do Oriente.
Bjs

Prometeram-me ha mais de seis meses que o Ramos Horta resolveria estes problemas todinhos!!
Ai Timor meu Timor estas entregue a palhacos.

RM

http://www.smh.com.au/news/world/gusmaos-new-party-shakes-east-timors-political-foundations/2007/02/16/1171405446826.html

Talvez esteja aqui a solução para a desordem, só e só se não forem por diante declarações de instabilidade manifestadas por ex-responsável governativo. Assim se espera.
Ai ai Timor... de todos nós! Tanto que todos gostariam de paz, harmonia e bem estar para o seu povo.

SM

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