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domingo, fevereiro 18, 2007 

Eu dou-vos o arroz!

Havia uma imensa multidão num edifício próximo da ponte de Comoro. Na rua, dois carros da tropa australiana posicionavam-se. Olhando com mais atenção, percebi que a multidão se aglomerava à porta do que me pareceu um armazém. Presumi que estavam à espera da distribuição de arroz.
É preciso dizer-se que, há já umas semanas, não há arroz no país e a população
começa a ficar nervosa, sem grandes alternativas para a substituição do que constitui a base da sua alimentação, agora que o milho, embora mais nutritivo, foi destronado da casa dos timorenses nos anos da ocupação indonésia. Nessa altura, cada funcionário público recebia uma determinada quantidade arroz como complemento do seu vencimento. Mas, não só por isso. Também porque há pouco milho cultivado e o seu preço é bastante mais elevado que o do arroz.
Numa terra de rumores e de histórias, são muitas as razões com que se pretende justificar a falta do ouro branco das nossas mesas.
Para uns, a falta do arroz tem origem na escassez do produto nos países produtores como o Vietname; dizem outros que o arroz que era destinado ao mercado de Timor-Leste entrou efectivamente no país mas, saiu pela fronteira, rumo ao Timor indonésio e daí para as províncias indonésias cheias de problemas resultantes do mau tempo que aí se fez sentir;
para outros, tem a ver com a burocracia da administração timorense intimamente ligada ao atraso na ordem de importação.
Mas, há quem avente outra explicação: o arroz está armazenado, só é distribuído para certas zonas e tem destinatário preferencial. Outros há que acrescentam que o arroz dos armazéns do Estado se esgotou nos campos de refugiados.
Há mais: existe outra corrente para quem o arroz pode servir de moeda de troca: dás-me o teu cartão eleitoral, dou-te um quilo de arroz...
Não sei qual destas versões que circulam na cidade é verdadeira. Se calhar, nenhuma delas o é.
Mas, nada disto aconteceria se tivesse havido alguma organização e previsão;
por outro lado, o grau de sigilo, de arrogância e de superioridade que envolve todo o e qualquer acto da administração pública, resulta nisto.
Era mais fácil prevenir que remediar. Só que, em Timor-Leste, ninguém perde tempo em previsões...
Surgiu desnecessariamente um foco de instabilidade e, não tarda, face ao desespero
pela inexistência de alternativas, a população irá reagir à boa maneira timorense actual que é exteriorizar a sua indignação através de violência. E depois, de dedo esticado, castigadores, poderosos, não venham dizer, à laia de ameaça às "crianças" mal comportadas “vejam lá, olhem que eu dou-vos o arroz!”. Porque será, de novo, tarde demais…

Agora até a comida falha...a base das bases...Quando as necessidades fundamentais são estremecidas acredito que a revolta possa ser bem grande! Há uns meses gostava de estar aí...hoje já não...não conseguiria sobreviver a tanta tensão! Um abraço, S

Ora que tristeza! Já faz lembrar a campanha de 1975 em que o actual presidente da ASDT Xavier do Amaral, então presidente da FRETILIN, e a sua equipa da qual faziam parte o Abilio de Araujo, Alkatiri, Ramos Horta, os irmãos Lobatos, Carvarino, Vicente Guterres( Sahe), e tantos outros, diziam: " Se receberem o nosso cartão, se se juntarem a nós, nós temos um cofre secreto no Tatamailau (Ramelau) e que quando abrirmos as suas portas é só dinheiro a sair e vamos todos ficar ricos....E por ai fora, os cartões foram distribuídos( Alguns , ou melhor tantos possuíam cartões de filiação dos cinco partidos, Fretilin, UDT, Trabalhista, Apodeti e Kota) para agradar os lideres ( creio que hoje o mesmo está a acontecer)
O cofre do Tatamailau de hoje é o ARROZ em vez das moedas. Porquê? ...Porque naquela altura Timor tinha comida em abundância: as hortas eram feitas a tempo e horas, todos trabalhavam para ter a barriga cheia e não se ficava á espera de esmola alheia!..hoje! Bem hoje, promete–se arroz em vez de moedas de ouro do Tatamailau( Ramelau) pelos motivos que a Angela refere. O seu artigo fez-me lembrar esses tempos passados em que os mesmos pássaros fazem as mesmas promessas em troca da nossa barriga vazia...É uma dor, mas é verdade...o que vamos fazer? Enquanto temos déspotas no governo como o Domingos Sarmento e outros tantos como ele, nada se pode fazer se não tivermos apoio dos que acreditam numa verdadeira democracia . Não há dúvida nenhuma que assim Timor-Leste não chega a lado nenhum. Onde está Democracia com o qual, nós Timorenses tanto sonhamos . Infelizmente tirando a FRETILIN, os outros partidos são todos pobres e não têm quem os ajude, têm muita vontade mas...no mundo de hoje quem manda é o CACAU ....
Robiana Florencio

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