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sábado, novembro 11, 2006 

Chega!!!

Um grupo de casas foi ocupado em 1999, quando a população da montanha desceu à cidade fugindo das forças de ocupação que aproveitaram os últimos dias da sua permanência para a orgia de crueldade e loucura que assinalou o fim da presença indonésia em Timor.
Em 2006, os ocupantes-moradores dessas casas - a maior parte deles de Lorosae - que, aliás, nunca foram muito bem recebidos pelos primeiros moradores da zona tornada bairro popular em fins dos anos 70, ou regressaram ao seu sítio, no interior, na montanha, ou se refugiaram nos campos de deslocados.
Abandonadas as casas, umas quantas foram incendiadas outras tantas vandalizadas; sobraram umas quantas que foram rapidamente ocupadas por outros, quase todos de Loromonu, parentes, amigos, correligionários dos outros primeiros moradores que assentaram raízes no bairro.
Entretanto e, por curto período, a situação acalmou um pouco; alguns dos ocupantes-moradores de 1999 tentaram reocupar o que entendiam ser seu.
Como facilmente se depreende, foi o rastilho para mais uma mostra de valentia entre grupos rivais que se vão digladiando, aumentando dia a dia os motivos para novos actos de violência e de vingança em nome da reposição da verdade e dos direitos de cada um, querendo cada um fazer justiça por suas próprias mãos.
Neste momento, e no que respeita a esta sucessão de ocupação de casas, ganham os Loromonu, perdem os Lorosae. Até um dia destes, quando vier a retaliação.
Somos todos timorenses? Um natural de Loromonu tem ligações familiares estreitas com alguém de Lorosae? Temos um país cuja sobrevivência é, tem de ser, responsabilidade nossa? Perdemos as nossas referências? Temos a soberania em perigo?
Quem se importa?
Cada dia que passa se nota mais ódio, se extremam mais os campos. E, por mais que se tente passar a mensagem de que a violência, a vingança e o ódio devem dar lugar ao respeito, à tolerância e à boa convivência, pouco ou nada se consegue. Ninguém de entre os dois lados da contenda quer desistir, já ninguém parece acreditar que a paz é necessária neste país e que , para a conseguir, temos de parar antes que seja tarde de mais!
Há momentos em que apetece lançar um grito do alto da montanha: Chega!!!