
O edifício da antiga Intendência Militar dos tempo da colonização portuguesa tornou-se agora na Casa Europa antes de ontem inaugurada com pompa e circunstância. Está bonito. Fica bem ao lado do Palácio do Governo, cujo largo está hoje embandeirado tendo em vista a festa por ocasião do 33º aniversário da primeira e unilateralmente proclamada, mas já pacificamente e consensualmente aceite como data histórica, independência de Timor de 28 de Novembro de 1975.
Do outro lado do espaço mais nobre da cidade de Díli, está um vasto espaço vazio com uma placa deteriorada pelo tempo a dar-nos conta de que ali haverá um dia “ as futuras instalações da Embaixada de Portugal”.
Tempo atrás de tempo, em Portugal, foi a crise, veio o bem-estar económico, voltou a crise... Só espero que, passados oito anos sobre a data em que, salvo erro, foi disponibilizada pelos líderes timorenses aquela área – numa manifestação de apreço por Portugal e pelos laços afectivos e históricos entre os dois países – os governantes portugueses consigam, apesar da crise que ora se vive e esquecido que está que houve tempo de mais alívio económico, realizar a construção da Embaixada de Portugal. O tempo urge!
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Tinha eu escrito esta pequena prosa, quando alguém me alertou para o artigo do Pedro Rosa Mendes. Violento, arrasador!
Somos todos culpados da situação? Não estaremos capacitados nem preparados para assumir a grande tarefa de construção da Nação, do Estado de direito, da amada e sofrida Pátria timorense?
Passados seis anos sobre a outra independência, a de 20 de Maio de 2002 internacionalmente aceite, naturalmente não vale a pena estarmos de novo a queixar-nos de que a nossa impreparação ou a nossa incapacidade resulta de séculos de colonização/colonialismo português e dos vinte e quatro anos de ocupação indonésia. Mas vale a pena enchermo-nos de brio e transformarmos o frenesi que pomos nas várias celebrações relativas a qualquer evento que nos sirva de argumento (ai, o apetite de festança!) para publicitar pela festa – sim, eu sei que daí não vem mal nenhum ao Mundo! - que somos um país, queremos um Estado, lutamos pela construção da Pátria e pelo aprofundamento do espírito da Nação em vontade de construir um Timor-Leste que volte a emocionar o Mundo, que se supere, se deixe imbuir por sã humildade, honestidade e determinação. E assim, um dia - que o caminho se faz caminhando - , atingiremos o objectivo que, quero crer, faz parte do sonho de todo o timorense: que Timor-Leste seja a Pátria sonhada onde todos nos sintamos timorenses de corpo inteiro, independentemente de sermos de fora ou de dentro, puros ou mestiços, de Lorosae ou Loromonu, do Governo ou da Oposição, do partido A ou do partido B...
Talvez um dia, saradas as feridas e os males, afastados os milhentos pontos de discórdia que nos dividem quando deveríamos estar unidos, expulsos os fantasmas que ocupam a Casa Timor, consigamos que a data de 28 de Novembro seja mesmo de união entre os timorenses e não haja necessidade de haver duas comemorações, a do Governo e a da FRETILIN/ASDT, a exemplo, aliás, do que acontecia no Governo anterior em que a ASDT de Xavier do Amaral celebrava a data separadamente das comemorações organizadas pelo Governo...
E pronto, por aqui me fico, vencida que fiquei pelo artigo do Pedro Rosa Mendes.