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sexta-feira, novembro 07, 2008 

A vida às escâncaras de quem passa...

Os passeios das ruas de Díli estavam – algumas ainda estão - transformados num imenso mercado de venda de legumes, fruta, carne, galinhas ou frangos em gaiolas, roupa... Sucediam-se os pequenos espaços cobertos de lonas de várias cores, muitas delas rotas, todas elas sujas. Ali, não se fazia apenas negócio nem apenas se conversava. Vivia-se. As vinte e quatro horas do dia.
O enorme mercado-favela em que Díli estava – digo estava para me esquecer que, se calhar, ainda está ou já o é há muito tempo... - a transformar-se tem sido desmontado um a um e os moradores transferidos para os mercados propriamente ditos. Nem todos! Porque lá para os lados de Lecidere, defronte de um supermercado de onde foram desalojados, alguns vendedores transferiram-se para o terminal de biskotas e microletes situado junto ao mar.
Ontem, às cinco da manhã, teve início mais uma operação de desmontagem de tendas aqui para os lados de Comoro, com o trânsito da hora de ponta a ser desviado para Hudi-Laran – a que os internacionais chamam Banana Road – e Bairro Pité.
Resta ainda o mercado da Praia dos Coqueiros, junto da Perta Mina, no extremo da Avenida de Portugal. Estou curiosa em saber o que vai acontecer às pequenas hortas que foram sendo feitas nas traseiras do dito mercado.
Os mercados deixam muito a desejar em termos de limpeza. Ao contrário, os produtos são frescos, há variedade e têm alguma qualidade.
Se calhar, o que vou dizer é uma grande asneira. Mas, mesmo assim sendo, arrisco: sendo Darwin uma cidade totalmente dependente de produtos que lhe chegam do Sul da Austrália a preços altíssimos e situando-se próximo de Timor, por que não apostar na exportação dos nossos produtos? Com qualidade, claro, como alguém aventava há tempos!
Mas, como apostar na qualidade? E, por outro lado, qualidade, o que é isso? É que olhando para esses espaços agora deixados vazios, reparando no lixo que se amontoou onde então se fazia negócio e se vivia, percebe-se tristemente quão diminuto é o seu grau de exigência e aonde chega a miséria dos timorenses.
Tenho de reconhecer que o que digo atrás sobre a exportação de produtos não passa de miragem. Qualidade dos produtos, exportação, sim, mas como, se a maioria dos leste-timorenses se contenta com um tecto de lona esfarrapado em vez de casa, vivendo sem privacidade, sem conforto, sem qualidade, com a vida às escâncaras de quem passa?

Olá Ângela
É interessante ver estas mudanças em Díli, pena é que sejam apenas superficiais.
O mercado que retiraram em Lecidere, mudou-se para perto, e onde estava localizado anteriormente parece que vai nascer uma obra qualquer. E ainda bem que se mantém por perto, porque ainda é dos poucos onde se consegue comprar a preços aceitáveis.
Por vezes os vendedores dos outros mercados não têm grande interesse em vender. Pedem preços elevadíssimos mesmo para "malai" e a simpatia d'outrora já é difícil de encontrar nesses mercados. Como se vai organizar esta gente (ou os seus fornecedores para a exportação?)
Espero que Timor se desenvolva, mas de uma forma sustentada e que não perca as características de um povo tão magnífico que nos faz vir e querer voltar.

Olá Ângela. Escreve mais. Ou melhor: escreve mais vezes, ainda que seja pouco. Há muita gente com vontade de te ler. Precisamos destas janelinhas para ir espreitando o mundo com olhos humanos. um beijo

Olá D. Ângela e demais utilizadores.
É verdade que por vezes a falta de higiene nos faz querer mudança... mas olhe que eu estive em Timor em 74 e posso-lhe dizer que trocaria de boa vontade todas as idas aos hipermercados de Portugal, pelas idas ao mercado de Dili com seus montinhos a escudo ida, pelos ovos pequeninos e todas as frutas e também pelas lojas dos chineses (Sang tay hoo, Layjuman, Há cem, Há 200 e muitas outras). Isto o micróbio se não mata engorda, agora as grandes superfícies além de nos matarem com com as hormonas e pesticidas, ainda nos tiram a beleza de viver em comunidade, pausadamente e com alegria.
Quanto a apostar na exportação, é muito engraçado a nível de retorno monetário mas lá vão tirar aos Timorenses o direito de plantarem as coisas de forma simples e em vez disso, estabelecem normas de higiene que eles não podem cumprir, mais umas tantas coisas e depois lá estão os papões do dinheiro a ir investir em produção em série em Timor e depois quando derem por isso é tudo deles e o povo é empregado de uma linha de montagem, em vez de produzirem as coisas honradamente como donos da terra, passam assim a ser escravos dentro dela.
Depois mais uns tempos e tudo se transforma num ambiente de loucos movidos a coca-cola, red bull, e outros excitantes e quando derem por isso é tarde para voltar para trás e mesmo que fosse cedo começam a haver muitos interesses que o impedem.
Isto não há nada como olhar para o triste exemplo ocidental e não o seguir. Quem sabe se vai sair de Timor um novo modelo de vida em sociedade para ensinar o resto do mundo?

Cumprimentos
Mário Silva

Ola a todos,
So para dizer que concordo com o que o Mario diz!

EDGAR DISSE.....
OLA ANGELA É BOM QUE TODOS NOS PRESICAMOS TRABALHAMOS JUNTOS PRA AJUDAMOS OS NOSSOS POVO! ELES NAO COMPREDEMOS NADA DE BELEZESA DA CIDADE!!! XAU ABRACO

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