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domingo, junho 29, 2008 

Depois de longa pausa...

Todos concordávamos que, se Ramos Horta aceitasse candidatar-se ao cargo de Comissário dos Direitos Humanos, Timor-Leste passaria a ter mais visibilidade e certamente iríamos recuperar muito da respeitabilidade perdida.
O Presidente da República deixou o país em suspenso durante largo tempo. Vai, não vai, aceita, não aceita…
Em conversas menos sussurradas suspirava-se, meneava-se a cabeça em sinal de apreensão, num “ai que vai ser de nós!”
José Ramos Horta ouviu muita gente, deixou outros tantos nervosos. A maior parte não queria que Horta aceitasse. Mas, claro e quase pela certa, haveria uns quantos desejosos de que Horta se fosse embora…
Quando se soube da sua desistência, os timorenses respiraram fundo, de alívio!
Pouco importa aos timorenses que o sul-coreano Banki Moon diga ou desdiga, que telefonou ou não telefonou. A nós, o que nos interessa - embora certos de que Timor-Leste não será tantas vezes referido no estrangeiro, como ainda reconhecendo que oportunidade como esta só haverá de nos acontecer daqui a muitos, muitos anos -, é que, pelo menos a curto/médio prazo estão afastadas as desculpas para nova eclosão de crise…
Quanto à respeitabilidade perdida, temos de trabalhar para a recuperar se não quisermos que, mesmo à boca pequena , nos considerem uma república das bananas ou um Estado falhado!

***

Em 1999 as notícias que nos chegavam de Timor davam-nos conta de que Díli estava engalanada de bandeiras indonésias. Aliás, não era só em Díli como em todo o país que o fervor integracionista se media pela quantidade de bandeiras colocadas em alto mastro de cada quintal timorense. Veio o referendo e foi o que se viu. Apesar do mar vermelho e branco das bandeiras “merah putih” indonésias, o povo - pelo menos 78% de acordo com a versão oficial - votou pela independência.
A História não se repete, é certo. Mas, às vezes há coisas que nos fazem recordar esses episódios de antigamente, não sendo tão antigamente assim que as pessoas se tenham esquecido…
Vem isto a propósito de ver a cidade de Díli – e, uma vez mais, presumo que o mesmo se verifique por todo o país - ornamentada de imensas, atrever-me-ia a dizer que de centenas, bandeiras da FRETILIN no cimo das árvores, no cocuruto dos telhados, dos monumentos, dos postes de electricidade, das pontes, nos mercados, nos campos de deslocados….
Tenho lido algumas opiniões de quem está no Poder e se manifesta contra sob argumento de que não estamos em campanha eleitoral; como reacção, explicam alguns quadros importantes do maior partido da oposição, que se trata de uma demonstração legítima da frustração dos militantes da FRETILIN por este partido não estar no Poder, havendo opinado outra fonte igualmente idónea do mesmo partido ter-se tratado de uma directiva do Comité Central.
Se bem me parece, a reconhecidamente histórica FRETILIN não deveria pôr-se “em bicos de pés” para manifestar a sua frustração. É que a demonstração de desagrado quase pode significar que, ao invés do poder e da importância que a História lhe confere, a FRETLIN perdeu a força. E, mesmo não querendo, a memória empurra-nos para episódios de um outro tempo, o da manifestação evidente de que tanta bandeira merah putih! só poderia significar que o povo timorense queria a integração…

Interessante análise. Fez bem o Ramos Horta em continuar pelos assuntos domésticos. Está mais do que na hora de Timor se reerguer, com força, mesmo que devagarinho!

http://www.youtube.com/watch?v=309FL2VZ0Q8

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