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sábado, agosto 11, 2007 

Tempos de cólera

Diz quem vivia em Timor nos idos de 1975 que há semelhanças entre os tempos de cólera que ora vivemos e os de então. E o resultado foi o que se viu.
Sendo este tempo, o de agora, tão notoriamente delirante, louco, impus-me a necessária discrição por entender que há momentos em que é imprescindível manter a calma e não deitar mais achas para a fogueira em que querem transformar Timor-Leste e onde os loucos que andam à solta acobertados sabe-se lá bem por que interesses! – havendo, contudo, quem assevere que esses fanáticos o fazem por interesses partidários – apedrejam, queimam, perseguem, destroem bens particulares e do Estado, matam se puderem.
O tempo, porém, encarregou-se de me demonstrar o lirismo da minha atitude. Estava a começar a sentir-me coberta por uma manta de cobardia quando me questionei se deverá haver silêncio, se a discrição não se confundirá com um encolher de ombros ou um fazer de conta que nada se passa que não seja “normal em países saídos de conflitos longos”, como é o caso de Timor-Leste, quando gente sem escrúpulos destrói o país, a esperança, a alma de um povo, a nação.
E em nome do que quer que seja, de tudo ou de coisa nenhuma, justifica-se destruir um país, a terra, a gente? O Poder justifica tudo? Tenho a certeza que não. Tal como tenho a certeza de que, como todos quantos anseiam por paz e tranquilidade, não devo manter-me calada. Decididamente, não!

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O edifício da Alfândega está totalmente destruído pelo fogo posto duas vezes para se ter a certeza de que tudo ficava realmente reduzido a cinzas. E em cinzas se transformaram documentos...
Ouvi na RTTL um responsável partidário desculpabilizar os incendiários justificando que a obra era do partido que governara o país ... A obra feita foi certamente a da reconstrução porque o edifício incendiado data do tempo português. Ali funcionou, depois do tempo em que foi “ Alfândega”, a Imprensa Nacional onde comecei a trabalhar como revisora de provas em 1969. Mas, ainda que a autoria da obra fosse do governo, isso justificaria a sua destruição? Passará então a ser normal construir/reconstruir, incendiar, destruir em cada cinco anos de alternância política para que aqueles que nos sigam não tirem proveito da “nossa” obra?
Não queria, mas senti-me transportada a 1999 quando as imagens transmitidas pelas várias estações de televisão de Portugal nos davam conta de Díli incendiada pelos indonésios que se julgavam no direito de o fazer, uma vez que os edifícios (tudo!, diziam eles) haviam sido construídos por eles. Estranha e triste coincidência de pontos de vista!

Não sei o preço disso,mas não fique calada!
Dizer que a apoio não significa nada,sobre tudo porque estou longe e com alguma tranquilidade.
FALE o mais alto que achar conveniente.
Um abraço.

Corageme continue adenunciar o que esta mal doa a quem doer. Estou cheio de curiosidade com o que o "" do tal mareanteEntre cais,,As Margaridas e o Malai Azul irao escreber.

Ao contrário do que pensa Mano Fuick do que penso sobre Timor-Leste, só posso elogiar e agradecer Ângela Carrascalão pelo que nos vai enviando do interior do país, escritas com coração e também com imparcialidade, enfim um olhar humano num mar de notícias de agência ou tomadas de posição partidárias, qual delas a mais duvidosa. Continue com força!

Cada vez fico mais triste e penso que os Timorenses não querem ter um País!
Passei dois anos nessa terra, que me deixou um travo de saudade e gosto por ela. Hoje estou profundamente decepcionado com o rumo dos acontecimentos.

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