Acabou-se a tranquilidade!
Desde o princípio da semana que, aqui e além, têm surgido desacatos, ataques, confrontos de que resultam feridos com pistolas, com rama ambong, enfim, o ramalhete de cardos que, desde Abril do ano passado faz parte das nossas vidas.
Mas, aqui por Comoro, a situação parecia calma, sob controlo. De tal forma que me levou a acreditar que a tranquilidade tinha voltado para ficar.
Tanto mais que o bairro tem sido percorrido a pé por homens de camuflado, de arma em punho. Bem, percorrido durante o dia, que é quando os vejo. De noite, não saio à rua e eles, depois de suarem copiosamente de tanto andar, certamente, estão tão cansados que devem ficar a descansar, sentados, conversando, dormindo… a carne é fraca, claro…
Perto da meia-noite, ao pé da minha casa, os cães - ou amostras de cães - ladram furiosamente, tanto quanto entendem, no seu entendimento de cão pequeno, ser o suficiente para assustar os homens armados de longos samurais preparados para entrar numa vivenda. Não conseguiram assustar os meliantes que deviam estar bem preparados porque, na primeira oportunidade abriram o portão, apanhando de surpresa o assustado segurança, sacaram umas coisas e desapareceram no escuro.
Passaram à minha porta e, dentro dos portões, os meus cinco cães também ladraram furiosamente.
Em época de crise, há umas quantas rotinas que devem ser cumpridas ao pormenor: Apagam-se as luzes da varanda, não vá o diabo tecê-las, e espera-se que a polícia, chamada logo a seguir ao roubo, faça a sua aparição.
A noite está húmida. Compreende-se. É que o calor carregado de humidade deita abaixo até um timorense habituado aos rigores do clima, quanto mais um estrangeiro de climas mais temperados!
Andámos, eu e a Aurete, a minha irmã de criação, lá fora, para a frente e para trás, varanda da frente, varanda da trás, falando em surdina para não espantar os vândalos, vadios, gatunos, bandidos, ladrões, vagabundos (eles devem ser tudo isso e muito mais, desde que tenham oportunidade para pôr em prática cada uma das suas especialidades!). Concluímos ambas que temos o coração na garganta, que nos quer saltar do peito! Maldito nervoso!
Para a frente, para trás… à espera. Dos salvadores. Da polícia, claro! Que havia de aparecer logo a seguir, acreditava eu, na minha saloiice de quem não percebe nada dessas coisas aliadas à violência que surge em horas impróprias e estragam o descanso do “guerreiro”.
Fui bem picada por mosquitos – eu, que já estou doente, dizem as análises, de dengue! – e farta de tanta picadela entrei e saí de casa umas tantas vezes, espreitei na RTPI a conversa entre a Simone de Oliveira e a Merche Romero, perdi a entrevista com o “borracho” brasileiro que era casado com a jornalista Marília Gabriela, bebi água, voltei às minhas voltas e.. nada deles!
Telefonei umas tantas vezes à minha irmã Natália para saber dela e do marido, segui atentamente o João inspeccionando o quintal e…nada deles!
Ao fim de vinte minutos, apareceram. Sem algazarra, que a noite ia alta!
Lançaram uns very lights que rebentaram lá em cima no escuro do céu enevoado e mesmo à frente da casa roubada. A luz iluminava tudo em redor. Bem, tudo, tudo, não. Lá mais para o escuro, onde as bananeiras servem de esconderijo perfeito para qualquer meliante, a luz do very light não chegava… Menos ainda no sopé da montanha e pior ainda na montanha, ela própria, de que apenas se divisa a silhueta escura. Para esses lados há umas casas onde houve problemas aqui há uns tempos, para além de outros mais graves em Abril e Maio do ano passado.
Não se descobriu ninguém. É natural, a luz emanada dos very light não é assim tão forte que chegue ao sopé da montanha e os salteadores também descansam! Também para eles está calor, estão cansados do “trabalho” e, guardado o produto desviado e sem sombra de perseguição das forças da ordem, os salteadores-vândalos, etc, etc, devem ter-se entregue aos braços de Morfeu!
Desta vez não houve helicópteros. Compreende-se. Não só porque eram apenas vândalos. salteadores, etc. etc., como também porque o espaço aéreo deve estar disponível para um qualquer avião que pretenda aterrar no aeroporto de madrugada, como também porque a noite vai alta e o calor húmido quebra qualquer um… até um timorense!
É hora de descanso!!!
E eu, derreada que estou porque também me deixo abater por este calor húmido da época das chuvas, vou fazer o mesmo que outros fazem há umas boas horas, ainda que tendo a responsabilidade da segurança deste país.
Vou descansar!
Leio sempre os seus comentearios D. Angela. Sinto o que a senhora sente. O seu refugio sãos os seus artigos. Os meus os poemas sobre Timor-Leste ...or isso aqui fica a minha sugest\ao, a complementar os artidos da D. Angela, leia a seguir os poemas no site ' Timor do Norte a Sul"
Caros amigos leitor :
visie o blog TIMOR DO NORTE A SUL
Hoje com poemas do nossos poetas > Mau Dic e J. Sarmento.
Os poemas são dedicados ao " Garoto -Labarik" Heroi por Timor
aqui vai o endereço:
http://timordonorteasul.blogspot.com/
Obirgado
Maracuja Maduro
Posted by Maracuja Maduro 6:31 da manhã