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quarta-feira, fevereiro 21, 2007 

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Ontem de manha quando vinha na motoreta com a minha mulher para a Faculdade, pelas oito horas, deparei-me com uma multidao compacta de jovens na zona de Fatuhada, na Estrada de Comoro. Deixaram-nos passar, e as microletes que iam a nossa frente, por um estreito corredor que abriram no meio deles. Uma prima da minha mulher que passou pelo mesmo sitio pouco depois contou-nos que nessa altura ja tinham posto fogo a um carro do Governo. Aparentemente tinham mandado sair os ocupantes, apos o que incendiaram o carro. Parece que uma moca foi autorizada a voltar a entrar na sua viatura e a sair de la com ela depois de demonstrar que o veiculo, apesar de ser parecido com os do Estado, era de uma ONG.
No inicio da tarde, apos as aulas, quando me preparava para voltar para casa o ambiente ja lembrava o de ha uns meses atras, com sms's a avisar sobre locais onde tinha havido ataques. Regressamos ao lar, com a atencao apreensiva destes momentos, espreitando concentradamente o menor sinal de perigo na estrada, mas a via estava desimpedida. No percurso vimos carros carbonizados, o alcatrao cheinho de pedras em muitos sitios, montes de estilhacos de vidros...
Ja em casa, telefonemas para familia e amigos que conduzem no seu trabalho viaturas pertencentes ao Estado, a ver se estava tudo bem. Depois comecou a chover, torrencialmente. A maior chuvada deste ano. O meu jardim ficou alagado, na minha rua a agua corria como numa ribeira. Alguns dizem que foi um aviso divino, Deus a dizer aos mortais desorientados de Timor que esta farto de tanta violencia.
Nos mercados nao ha arroz, a base da alimentacao dos timorenses. E provavel que a tensao continue a aumentar.
Hoje no caminho para ca, pela estrada de Comoro, havia militares australianos espalhados por todo o percurso. Os tanques blindados voltaram as ruas. Havia muito menos transito do que o habitual. Tenho estado a receber mensagens de telemovel de alunos que me perguntam se vou dar aulas. Respondo que sim, e vou terminar por aqui porque a primeira aula comeca dentro de quinze minutos. Mais um dia em Timor-Leste...

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