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domingo, janeiro 07, 2007 

Verde, esperança...

A paisagem já mudou de vestimenta. O castanho terroso das montanhas que circundam a cidade foi substituído pelo verde. O chão está atapetado de verde e as árvores surgem mais frondosas. O mar é uma mescla de azul e verde, transparente, menos bonançoso …
Verde, verde… esperança, para além da paisagem, onde moras?
A montanha transfigurou-se . O timorense é que ainda não. É pena que ninguém acredite na continuidade do sossego que desde o Natal quase se tornou real. Ou que o mesmo ainda não esteja suficientemente interiorizado para que, sob, a sua protecção, se possa passear por este belíssimo país que é Timor-Leste. Não sendo isso possível, dá-se a voltinha dos tristes que é como quem diz, vai-se à Areia Branca pela marginal e pela marginal se regressa que esta, mesmo descuidada, continua sendo um regalo para os olhos…
Num curto passeio até à Areia Branca cruzámo-nos com bastantes autocarros vindos da Posta Leste, de Lorosae. Percebi então a razão de tanto autocarro estacionado imediatamente antes da ponte de Bidau. É que o novo terminal mudou de Becora para ali. Explicam-me que assim é porque ninguém quer passar pela estrada de Fatu Ahi, onde houve problemas sérios entre o grupo de Alfredo Reinado e as FDTL lideradas pelo coronel Lere e o medo, bem como as más recordações desses Abril e Maio, ainda não desapareceram.
Reparo num um conjunto de casas em pedra ainda inacabadas. Bonitas, por sinal. Uma delas está literalmente em cima da estrada. Deixou de haver passeio e, se alguém por ali passar a pé, terá de se afastar para a via pública arriscando-se a ser atropelado. Se isso acontecer, de quem será a responsabilidade?
Um bocado mais à frente, junto à praia, umas quantas árvores foram derrubadas. Ouvi dizer a um morador do lugar que ali vai nascer outra discoteca. Aliás, aquela zona está a tornar-se muito “in”, muito movimentada, com discotecas e restaurantes junto à praia onde é agradável comer-se um bom peixe grelhado ouvindo o marulhar das ondas do mar.
Há momentos em que sabe bem perder-me com estas descrições de Timor, pedaço de paraíso! É pouco, mas transporta-me aos tempos de quietude timorense e isso me basta para me esquecer, pelo menos momentaneamente, que a energia eléctrica continua a faltar umas quantas horas por dia, que o lixo se amontoa na berma das estradas até que o cheiro nauseabundo acorde o responsável pelo saneamento da cidade, que posso ser apedrejada ao fundo da minha rua, que os grupos rivais continuam a conflituar-se, que os campos de refugiados continuam cheios, que a paz pode ser apenas uma miragem…
Ai, Timor Lorosae!

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