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quarta-feira, novembro 26, 2008 

O edifício da antiga Intendência Militar dos tempo da colonização portuguesa tornou-se agora na Casa Europa antes de ontem inaugurada com pompa e circunstância. Está bonito. Fica bem ao lado do Palácio do Governo, cujo largo está hoje embandeirado tendo em vista a festa por ocasião do 33º aniversário da primeira e unilateralmente proclamada, mas já pacificamente e consensualmente aceite como data histórica, independência de Timor de 28 de Novembro de 1975.

Do outro lado do espaço mais nobre da cidade de Díli, está um vasto espaço vazio com uma placa deteriorada pelo tempo a dar-nos conta de que ali haverá um dia “ as futuras instalações da Embaixada de Portugal”.

Tempo atrás de tempo, em Portugal, foi a crise, veio o bem-estar económico, voltou a crise... Só espero que, passados oito anos sobre a data em que, salvo erro, foi disponibilizada pelos líderes timorenses aquela área – numa manifestação de apreço por Portugal e pelos laços afectivos e históricos entre os dois países – os governantes portugueses consigam, apesar da crise que ora se vive e esquecido que está que houve tempo de mais alívio económico, realizar a construção da Embaixada de Portugal. O tempo urge!

***

Tinha eu escrito esta pequena prosa, quando alguém me alertou para o artigo do Pedro Rosa Mendes. Violento, arrasador!
Somos todos culpados da situação? Não estaremos capacitados nem preparados para assumir a grande tarefa de construção da Nação, do Estado de direito, da amada e sofrida Pátria timorense?
Passados seis anos sobre a outra independência, a de 20 de Maio de 2002 internacionalmente aceite, naturalmente não vale a pena estarmos de novo a queixar-nos de que a nossa impreparação ou a nossa incapacidade resulta de séculos de colonização/colonialismo português e dos vinte e quatro anos de ocupação indonésia. Mas vale a pena enchermo-nos de brio e transformarmos o frenesi que pomos nas várias celebrações relativas a qualquer evento que nos sirva de argumento (ai, o apetite de festança!) para publicitar pela festa – sim, eu sei que daí não vem mal nenhum ao Mundo! - que somos um país, queremos um Estado, lutamos pela construção da Pátria e pelo aprofundamento do espírito da Nação em vontade de construir um Timor-Leste que volte a emocionar o Mundo, que se supere, se deixe imbuir por sã humildade, honestidade e determinação. E assim, um dia - que o caminho se faz caminhando - , atingiremos o objectivo que, quero crer, faz parte do sonho de todo o timorense: que Timor-Leste seja a Pátria sonhada onde todos nos sintamos timorenses de corpo inteiro, independentemente de sermos de fora ou de dentro, puros ou mestiços, de Lorosae ou Loromonu, do Governo ou da Oposição, do partido A ou do partido B...
Talvez um dia, saradas as feridas e os males, afastados os milhentos pontos de discórdia que nos dividem quando deveríamos estar unidos, expulsos os fantasmas que ocupam a Casa Timor, consigamos que a data de 28 de Novembro seja mesmo de união entre os timorenses e não haja necessidade de haver duas comemorações, a do Governo e a da FRETILIN/ASDT, a exemplo, aliás, do que acontecia no Governo anterior em que a ASDT de Xavier do Amaral celebrava a data separadamente das comemorações organizadas pelo Governo...

Sim, também é natural que não façamos tudo bem feito. Afinal, só há seis anos nos é permitido dizer de nossa justiça sobre o nosso país. Não é desculpa mas consola, como consola dizer que o caminho se faz caminhando...
E pronto, por aqui me fico, vencida que fiquei pelo artigo do Pedro Rosa Mendes.

Mais um excelente texto Angela!!

Na verdade parece-me hora de haver mais olhares sobre o quotidiano timorense. Olhares próximos.O de Pedro Rosa Mendes foi um olhar próximo. Decerto haverá outros.

Pois é Ângela, as pessoas sabem dizer mal mas não olham para trás para verem o tempo que Timor esteve a "vegetar" com um sistema que o oprimiu.Depois, deu-se a Libertação.Tudo se desencadeou muito rapidamente: eleições, governo, presidente,liberdade...
É natural que demore algum tempo a estabilizar este novo modo de vida, como a Ângela diz e muito bem:
"lutamos pela construção da Pátria e pelo aprofundamento do espírito da Nação em vontade de construir um Timor-Leste que volte a emocionar o Mundo, que se supere, se deixe imbuir por sã humildade, honestidade e determinação". Pela parte que me toca, admiro profundamente esse povo e digam o que disserem, acredito que ele vai vencer esta luta! Quanto ao governo português...é bom nem falar! Timor,para os políticos portugueses está muito longe, tal como noutros tempos...Quanto à comunicação social... calou-se! Acabaram-se as pedradas, o sangue que os fazia correr como vampiros... Dói-me de facto a Antena 1 - RÁDIO ESTATAL- ter por exemplo o programa RDP África e não ter o RDP Ásia! É vergonhoso!Mas posso garantir-vos que enquanto eu tiver um sopro de vida, hei-de amar e defender esse povo com unhas e dentes! Um até sempre e que em breve vos possa abraçar,
Loroana

É, de facto, muito infeliz a crónica do jornalista Pedro Sousa Mendes, que, embora já viva em Timor há 2 anos, teima em analisar a realidade intrínseca de Timor-Leste à luz da sua triste perspectiva ocidental e "malai". Quando começar a analisar Timor a partir de dentro para fora e não de fora para dentro, talvez comece a ser merecedor de uma leitura à qual demos algum crédito. Por enquanto, é um entre outros... A Ângela tem toda a razão quando afirma que "o caminho se faz caminhando". Com efeito assim é. Esperemos é que "os outros" deixem Timor fazer essa caminhada que é, tem de ser e deverá ser efectivamente sua... Obrigada por nos manter uma janela aberta para Timor, através da qual o observo com carinho e saudade!

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Tutuala
“Perdida no imenso mar, ao largo de Timor, Tutuala, a Sagres do Oriente, onde os pôr-do-sol, são fabulosos, os verdes luminosos…”




Aqui estou: cheguei a Tutuala durante a noite, depois de viajar pelo mundo inteiro! De tudo o que vi, a Sagres do Oriente, é o recanto mais lindo da terra! A vegetação luxuriante, inebria; o mar límpido e calmo, permite que os pescadores com suas zagaias e bestas, protegendo os olhos com lentes feitas de vidros de garrafa, façam pescarias verdadeiramente incríveis! Passeio-me no baúl, olhando a imensidão do mar e imaginando o que teriam pensado os nossos descobridores ao aportarem nestes locais paradisíacos?! Que autoridade tinham eles para quebrar o dia-a-dia dos nativos irrompendo ilha adentro, içando os padrões?
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Na minha imaginação, vejo os povos de mãos dadas, timorenses e indonésios, cristãos e muçulmanos, brancos e negros! Será que vai haver algum milagre?


Palmira Marques (2000)

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