Os tempos têm de ser de mudança!
Nos dias em que me mantive afastada do blogue, muita coisa se passou no país.
De repente, ocorreu-me que Timor voltara a estar na moda, que, afinal, não estávamos assim tão esquecidos, tantas eram as notícias, tantos e tão ilustres foram os visitantes.
Veio o Presidente da Comissão Europeia, veio uma delegação do Conselho de Segurança da ONU, um governante português palestrou sobre a importância do provedor dos direitos humanos, o Presidente da República não gostou do que disse um juiz internacional que também não gostou e respondeu ao Presidente, Mari diz que o governo tem de ser de grande inclusão e que não governa, John Howard perdeu o lugar e há quem tenha a ilusão de que a mudança australiana chegará a Díli, os militares autores do massacre dos polícias foram condenados, Reinado mostrou-se em Gleno todo poderoso com os seus homens que diz serem agora mais de setecentos e escreveu uma carta ao Secretário-Geral da ONU, o Governo prepara novo orçamento, entraram na moda as feiras de flores e de emprego, comemorou-se com pompa e circunstância o aniversário da independência unilateralmente proclamada pela FRETLIN a 28 de Novembro de 1975, o proclamador Xavier do Amaral foi internado no hospital nacional, realizaram-se manifestações de estudantes contra a lei da “pensão vitalícia” que os deputados da anterior legislatura se atribuíram, aconteceu guerra e paz entre os moradores dos bairros em conflito…
A crise está longe de estar acabada e continua a haver apedrejamentos quando menos se espera e por qualquer motivo, como aconteceu no dia 12 de Novembro a um amigos que não deram dinheiro para as velas pelas almas dos mortos do massacre de Santa Cruz por já o terem feito uns bairros antes, ou, noutras ocasiões, porque o condutor anda demasiado depressa ou demasiado devagar, porque o carro tem um emblema partidário ou é de uma determinada organização , foi confundido com outro, porque o António está bêbado, o José olhou para a namorada do amigo, etc., etc., etc.… Continua a ser muito cansativo andar em constante sobressalto com medo de pedra certeira…
Mas, ao ver as imagens que há dias a RTP passou sobre os incidentes protagonizados por jovens nalguns bairros de Paris e sobre a entrada da polícia num bairro de Lisboa onde encontrou armamento havendo até quem tivesse sido apedrejado por lá ter passado, não pude deixar de pensar que, afinal, no Mundo civilizado, “eles” também fazem alguns desacatos, queimam carros, provocam a polícia, atiram pedras e têm armas escondidas!
Ficámos a saber que os há tão destruidores como os de cá. É verdade que a constatação de que os há tão vândalos quanto os nossos não resolve o nosso problema nem nos traz consolo, até porque os vândalos dos países desenvolvidos – considerados civilizados - vivem em democracia há uma série de anos e as suas condições de vida nem de longe se comparam com as más condições em que vive a quase totalidade do povo de Timor-Leste, sendo claro que em França como em Lisboa os estragos feitos pelos vândalos não deixam o país em crise, enquanto que em Timor é o que se vê!
Assim sendo se concluirá que muito há a haver em Timor-Leste e por Timor-Leste.
Continuamos a precisar de apoio internacional. Mas, seria bom que todos interiorizássemos que o sucesso de Timor-Leste depende antes do mais, de nós próprios, timorenses. Pelo que é urgente que se comece pela educação. De pequenino, em casa (o que implica educação dos paizinhos) e na escola primária de forma a erradicar totalmente a apetência e o gosto pela violência que, sem nos darmos conta, começam pegajosamente a colar-se como traço - menos bom - da nossa cultura, do nosso carácter levando até que os antigos ocupantes o digam inchados de arrogância que nós é que fomos os maus da fita...
Os tempos têm de ser de mudança! Porque, como dizia um ilustre visitante, o povo timorense já sofreu tanto! Chega!
Olá Ana! Permita tratá-la por Ana ainda que não nos conheçamos, mas acompanho os seus textos desde há muito tempo. A certa altura manifestei interesse e vontade forte de contribuir com a minha participação efectiva na reconstrução, desenvolvimento (usemos o termo que quisermos, para bom entendedor meia palavra basta) de Timor, mas não foi possível encontrar enquadramento (o meu objectivo seria o projecto de fim de curso na área agrícola e a vontade seria permanecer), pois o período coincidiu com a crise de 2006. Felizmente ou infelizmente fiquei a trabalhar em Portugal. Estou-lhe a escrever porque gostaria de contribuir monetariamente (25€ mensais) e gostaria que me indica-se e pose-se em contacto com uma associação, ong em que o dinheiro fosse efectivamente usado em benefício das pessoas.
O meu interesse por Timor deve-se em muito ao prof. Augusto Lança, do qual não voltei a ter noticias, o que anda ele a fazer?
Saudações e uma mensagem de esperança, FORÇA!!!
Posted by joão guerreiro 9:40 da tarde