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quinta-feira, outubro 18, 2007 

Falta de atenção?

Os timorenses, tal como qualquer ser humano, precisam que lhes dêem atenção; quando a que julgam merecer é mínima ou nem sequer existe está aberto o caminho para o uso da sua prodigiosa imaginação a que não é alheio o gosto pela intervenção do sobrenatural nos vários aspectos da Vida, dos mais comezinhos aos mais complexos. Fazem-no justamente com o objectivo de conseguirem ser alvo dessa atenção, querem que reparem neles, disse-me um amigo respondendo às minhas perguntas sobre as razões da história do regresso de Sahe à vida.
Explica-me o amigo que, nos tempos da Resistência, eram muitos os grupos clandestinos espalhados pelo país, dos sítios mais recônditos de Timor-Leste, às vilas, aldeias ou mesmo em Díli.
Tantos eram e tão complexa era a rede que mal se conheciam entre si.
Entretanto, já no devir da independência, elementos de vários desses grupos foram reconhecidos como veteranos. Mas, porque clandestinos houve muitos e a luta pela Resistência envolveu a quase totalidade do povo timorense, uns quantos continuaram sendo ignorados.
Parece ser essa a razão da história ressuscitatória de Vicente Reis, uma história que tem alimentado as conversas dos timorenses. Para uns, tudo não passa de uma grande mentira de quem apenas quer extorquir dinheiro; defendem outros que, a par de Vicente ou Sahe, há muitos mortos–vivos e muitos isolados por esse país fora.
O grupo que apresentou em conferência de imprensa a foto do presumível Vicente ou Sahe ao lado de Xavier do Amaral é liderado por Rio da Montanha e denominado Conselho Executivo da Caixa Geral Nino (ou Ninho??) de Timor. E a denominação Caixa Geral diz respeito aos caixas/estafetas clandestinos encarregados de levar as mensagens aos guerrilheiros.
O grupo está descontente com o rumo dado ao sentido da sua luta e com os governantes timorenses. Para além disso, quer ser reconhecido pela sua intervenção na luta clandestina.
Mas, para se alcançar determinado objectivo, “vale tudo até tirar olhos”? Talvez não, mas conhecendo-se a apetência timorense pelo mistério e pelo poder do sobrenatural vale, com certeza, o recurso a histórias rocambolescas como esta...
Cada vez mais curiosa com o final da história, direi em jeito de conclusão como o meu amigo “ vamos esperar pelo dia 27!”