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sábado, junho 16, 2007 

A tradição já não é o que era...

Um dia da semana passada, acompanhava eu a campanha eleitoral transmitida pela RTTL e ouvi um líder novo de um dos novos partidos surgidos este ano a falar contra a poligamia, preconizando o seu fim e fazendo a apologia da monogamia como base da união, estabilidade e força de uma família.
Prestei atenção e aprendi mais uma coisa. É que não são apenas os homens que são polígamos. Há mulheres que coleccionam maridos. Pelo menos dois.
Sobre a poligamia – bem aceite, aliás - dos homens, sei que existe a fen boot (que, literalmente quer dizer “mulher grande” e se refere à primeira mulher) e a fen kiik (mulher pequena, a mulher que vem a seguir à fen boot) e que o homem tem de ser suficientemente abastado para sustentar ambas as mulheres e os filhos dos vários casamentos. Acontece por vezes o marido pedir autorização à fen boot para se casar com uma mulher que será a sua fen kiik. Mas a recusa da fen boot não é determinante para a não realização da união... Porque com ou sem autorização, haverá as fen kiik que o homem quiser e puder sustentar e que podem perfeitamente ficar a viver na mesma casa…
Nunca antes ouvira falar abertamente sobre a poligamia feminina e fiquei francamente surpreendida. Não sei se o tabu se deve à natureza fechada da sociedade timorense ou se os homens se sentirão diminuídos no seu orgulho de manu-aman (galo) e por isso preferem fingir desconhecer o facto. A verdade é que nunca ouvi nenhuma mulher falar do laen (marido) boot ou do laen kiik.
Sem, obviamente, estar a fazer qualquer juízo de valor, a poligamia feminina, numa sociedade patriarcal como é a de Timor-Leste, não só é um facto curioso como pode bem querer dizer que, afinal, a tradição já não é o que era…

Nuta!
Um apontamento sobre o assunto!
Eh na realidade dificil detectar essa variante a que chamas poligamia feminina e eu bastante atento a todas essas realidades de Timor, durante anos, apenas descobri (eh a palavra certa) um caso no Suco de Lemeia Kraik. GERALMENTE esta situacao anormal eh bastante dissimulada pois que os proprios intervenientes tem vergonha dela e deve-se principalmente ah natureza economica de quem a pratica. Na maioria dos casos eh um acordo entre irmaos, que fazem um barlaque e vivem os dois com a mulher barlaqueada.
Esta "poligamia" nada tem a ver com o tipo de sociedade a que se referem pois que seria mais normal isso acontecer numa sociedade matriliniar,(algumas zonas do Suai) mas o local a que me referi acima eh de vertente patrilinear.
Manuel Carlos

Achei interessante este artigo, mas gostaria só de fazer um comentário: num regime de poligamia,o homem tem várias mulheres, no de poliandria a mulher tem vários maridos.
Cumprimentos,
Maria dos Anjos Hooper

Obrigada pelo esclarecimento!

Gostei do novo visual do blogue. Mais leve :), quem sabe uma leveza que contagiará Timor?!

Serah interessante descobrir o termo tecnicamente certo para este caso, pois pelo que parece nao eh efectvamente a mulher que tem dois maridos (poliandria), mas saos efectivamente dois homens que de comun acordo fazem o "BARLAQUEAMENTO" de uma mulher.
Manuel Carlos

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