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terça-feira, maio 22, 2007 

O seu a seu dono!


Há gestos que, de tão normais, deviam passar despercebidos e, num país normal, certamente passariam.
Mas, aqui, no país do Sol Nascente, há nuances; as coisas são ligeiramente diferentes. Claro que ainda não chegámos ao ponto de dizer como ouvi a uma amigo que vivia noutras paragens que “se vires um porco a voar, não penses que é miragem. É uma realidade!”.
Aqui, os porcos ainda não voam, não… mas qualquer dia, sabe-se lá se não voarão!
Aqui, qualquer acto incomum, extraordinário e anormal será considerado comum, ordinário e normal desde que o seu autor esteja devidamente credenciado para se sentir livre ou acima do cumprimento das leis a que devem obedecer os mais comuns dos mortais, vulgo povo. Pelo contrário, um gesto vulgar praticado por alguém que seja honesto e tenha um mínimo de educação, passa a feito extraordinário e até constitui notícia!
Contava-me certa velhinha de olhar vivo e penetrante que, no dia das festividades de 20 de Maio, a RTTL mostrou o ex-Presidente da República Xanana Gusmão entre o povo que assistiu às cerimónias no que já foi o Largo Infante D. Henrique e hoje é a Praça das Nações, dele retendo as desculpas apresentadas ao povo por uma qualquer hipotética falha cometida nos cinco anos do seu mandato.
A notícia do pedido de desculpas soou a coisa normal. Verdadeiramente anormal, tanto que provocou a surpresa da jornalista de serviço – continuou alvoroçada a atenta velhinha de olho brilhante - foi o facto de Xanana não se ter deslocado no carro oficial que até então lhe estivera distribuído enquanto ocupou o cargo de Presidente da República, destacando que o mesmo estava já a uso do Presidente eleito de posse já tomada horas antes, José Ramos Horta!
Mas, pergunto eu que faço parte do comum dos mortais, vulgo povo, não deve, não tem de ser assim?
Em Díli, a RTTL é seguida com muita atenção por quem tem televisão e desde que não falte energia eléctrica ou haja “pulsa” no contador! Ainda bem que assim é porque, talvez desta forma, as pessoas comecem agora a diferençar entre o que é meu, nosso, do vizinho ou do Estado. Ou que o Estado não é bem a mesma coisa que Governo. E do Governo, quem nunca fez ou deixou de fazer parte, não tem de continuar a utilizar o que é um bem do Estado, não particular. E vice-versa.
No meio da confusão em que já ninguém se entende sobre os limites do meu, teu, nosso, vosso ou deles, presumo que, a exemplo da atenta velhinha de olho brilhante e vivo, haja muito boa gente admirada por ainda haver quem leve muito a sério o respeito pelo bem alheio, neste caso do Estado!
Pode bem ser que uma história feita de nada faça realmente história!

Os porcos ter asas e voarem é uma realidade.
E nunca uma miragem.
Os porcos voam ou aterram conforme a "gamela" de comida.
Se a gamela de vianda e farinha for substancial, o porco engorda, dá bons presuntos, chouriças, morcelas, farinheiras, paios e banha (esta para a adubar a sopa dos pobres), especialidades que voam para a mesa dos "nababos". Mas se for um porquito, daqueles vadios, que fossa onde calha para sobreviver, não dá para especialidades, porcínias, porque é magrito este ficará o "porco" dos pobres de carnes secas e não dá banha que seja.
Gosto de ler a sua prosa e a subtileza que encerra.
José Martins

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