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quarta-feira, abril 11, 2007 

O dia do voto

No dia 9, o povo votou em massa nas eleições para Presidente da República. Ordeiramente. Pacificamente.
Votei em Comoro e assisti à abertura das urnas e à contagem dos votos.
Votei em Comoro, na Aldeia 30 de Agosto, mas também poderia ter votado em Balide, em Liquiçá ou mesmo em Oécussi, com cartão eleitoral, passaporte ou outro cartão de identificação. Tomaram nota do número do cartão eleitoral. Só isso; não há cadernos eleitorais. Tenho o dedo pintado de preto. A tinta leva algum tempo a desaparecer. Mas há quem assegure que desaparece facilmente quando em contacto com lixívia.
Vi alguns fiscais com cartões plastificados, com fotografia do portador. Um luxo que não abrangeu os fiscais da quase totalidade dos candidatos que tiveram direito - apenas - a cartão de observador de "partido político" . E como os cartões de papelão sem fotografia apenas foram entregues no dia anterior, só os "fiscais" de Díli reduzidos a observadores tiveram acesso a esses cartões. Aos dos distritos, obviamente, não houve tempo para se fazer a entrega, que as distâncias em Timor se medem por muitas horas de caminho...
Ainda não há resultados totais das eleições. A contagem dos votos arrasta-se no tempo. Os resultados vão sendo conhecidos gradualmente.
A contagem dos votos no local não foi muito lenta. Mais vagarosa é a recontagem em Díli. Do que aconteceu – ou se aconteceu alguma coisa – aos votos em viagem até Díli, poucos saberão. E, talvez - também - por isso, haja tanta desconfiança.
Mas quem engana quem? Porque engana? Como engana? Que mistério!
Dizem uns que há mais votos que votantes; asseguram outros que há falta de boletins de votos; outros ainda falam do seu desaparecimento; há ainda quem fale de urnas cheias de boletins transportadas para a sede dos distritos. Há quem se oriente por contagens paralelas e não dê importância às da CNE. E, desde o início, houve quem tivesse a certeza de já ter ganho. O Primeiro-Ministro denuncia a intimidação em alguns distritos. Um ministro quis mudar o local da votação de uma para outra estação. Nada disto é dignificante.
Está semeada a desconfiança e, apesar da presença massiva dos observadores internacionais, já quase ninguém acredita na lisura e na transparência das eleições.
Adivinham-se, pois, tempos difíceis.
Multiplicam-se as vozes apelando aos candidatos que aceitem o resultado das eleições.
A tensão está latente. Impõe-se que haja contenção. Se assim não for, rapidamente o país resvalará para o caos. E, uma vez mais, convém dizê-lo, a culpa será da classe política.

Tenho acompanhado, através da imprensa internacional, o desenrolar da campanha eleitoral, a votação e a contagem dos votos, para o lugar de Presidente da República de Timor-Leste.
Espero que os que simpatizam com o pequeno território de cerca 900.000 almas encontrem transparência no resultado e que não exista "maquiavelismos" e os perdedores saibam enfrentar a derrota com dignidade.

Aguardo os resultados, ainda que acredite na vitória de "Lu-Olo".

Saudações de Portugal

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