“Maromak sei tulun nia!”(1)
Quatro jovens trabalhadores rurais que tratavam de uma pequena horta nunca se haviam dado seriamente conta da divisão “Lorosae/Loromonu”.
Para quem os ouvia, só o sotaque cantado de Lorosae(2), mais duro o de Loromonu(3), denunciava a sua origem.
E, de repente, eclodiram os conflitos.
E foi o que todos sabemos. Começou a caça ao homem. A perseguição escusada, indiscriminada, gratuita.
Há dias, no auge da perseguição aos pais, filhos, parentes, tetranetos, naturais de Lorosae, alguém perguntou a um dos três trabalhadores presentes onde estava Luís.
Sorriso aberto, mau grado os confrontos, Marcos revelou que Luís estava bem escondido.
- “Ele é nosso amigo. Trabalhamos juntos há tanto tempo! Não vamos deixá-lo à mercê da fúria dos rapazes”.
E ali se aguentou três dias. Mas ao quarto dia, Luís desapareceu sem deixar rasto. Não aguentou a pressão.
Sem conter as lágrimas, Marcos afirma que “Maromak sei tulun nia!”.
Marcos está muito preocupado com a sorte de Luís e espera que ele tenha chegado são e salvo à terra Lorosae onde nasceu que o não faz nem mais nem menos timorense do que os de Loromonu ou de Rai Klaran(4), de Taci Feto(5) a Taci Mane(6). Apenas igual, timor-oan em tétum, timorense em português.
(2) Lorosae - Sol Nascente
(3) Loromonu - Sol Poente
(4) Rai Klaran - Centro da terra
(5) Taci Feto - Mar mulher
(6) Taci Mane - Mar homem