Afinal , o que nos espera amanhã?
Parece que tudo está mais calmo. O fumo, sinal revelador de incêndios, diminuiu. Mas não desapareceu totalmente e, do lado de lá da ribeira de Comoro, ainda se vê uma coluna de fumo. Deve ser da casa de alguém que desagradou ao vizinho ou ao parente, ontem como há dez anos. Tanto faz. Estamos em época de extravasar ódio e vingança. Tem sido assim ciclicamente, com períodos de tréguas, uns mais longos que outros. Tréguas talvez para recarregar baterias para novo acertar de contas…
Não se ouve o som da sineta que alerta para a aproximação de perigo no bairro, mas encostados aos muros, sentados no chão, catana ao lado, por vezes ao som da guitarra, os jovens que tomaram em suas mãos a defesa de suas casas, continuam de guarda. Do lado menos habitado, mais junto à montanha, podem surgir estranhos, vindos de Manleuana, os mesmos que incendiaram 10 casitas entretanto abandonadas por um grupo de famílias da zona leste do país.
O bairro onde moro tinha cor, vida. Havia vendedores de fruta e de legumes; centenas de crianças no seu vaivém diário para a escola ou em jogos de futebol no campo pelado defronte da Igreja de D. Bosco, contribuíam para a animação das ruas das aldeias do suco de Malinamoc. Em 30 de Agosto, 4 de Setembro, Terra Santa, havia animação e vivia-se em paz.
Havia sempre um sorriso e um bom dia, boa tarde ou boa noite a acompanhar um qualquer fugaz encontro de rua.
Agora, reina apenas o silêncio, entrecortado pelo ruído dos helicópteros militares que cruzam os céus. Não há ninguém. Espera-se. Há desconfiança e medo. Porque, afinal, ninguém sabe o que nos espera amanhã.
É uma pena realmente num pequeno País como Timor haver tanta confusão. E depois de tantas perguntas e tantas dúvidas continua-se a perguntar como é possível? Possível é, senão não estaria a acontecer o que se vê, para quando é que o governo timorense põe os interesses do povo à frente de tudo? Sim, porque sem empregos, com fome e sem ocupação dos jovens o que é que qualquer país pode esperar? Violência, só violência.
Meus Senhores está na altura de pôr o País a funcionar, ou por acaso, por mero acaso, estão à espera do que o petróleo lhes pode dar? Bem podem esperar sentados porque a Austrália não os vai deixar sossegados.
Posted by AnadoCastelo 5:11 da tarde