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domingo, abril 27, 2008 

Da falta do arroz

No tempo dos portugueses, a base da alimentação dos timorenses era o milho. Também se comia arroz mas, particularmente nas montanhas, era o milho – a par da mandioca, do inhame, da batata doce - que constituía a parte de leão da dieta dos timorenses.
Com a entrada da Indonésia e a vinda de muitos indonésios - de quem efectivamente o arroz é o prato forte -, e a distribuição do arroz aos funcionários públicos, o milho quase desapareceu da mesa dos timorenses.
Reinam o arroz e o supermie, a massa instantânea. Ao “mata-bicho”, ao almoço, ao jantar…
Sinal dos tempos é que em mesa mais ou menos farta das festas dos timorenses, a par de iguarias de carne ou peixe, abundam as versões de arroz branco, eto fila (arroz salteado em cebola bem frita), arroz de açafrão ou arroz “fugado” (que é como por aqui se chama ao arroz de tomate) ou catupa (arroz de coco cozido em cestas de folhas de palmeira). Mas, do batarda´an, prato de milho, verde ou seco, pilado ou inteiro, confeccionado com papaia verde, amendoim, leite de coco e, na versão mais rica, com carne de porco e chouriço (tipo cachupa de Cabo Verde), nem vê-lo.. ou vê-lo pouco, discretamente... Salvo raras excepções! É que se espalhou a falsa ideia de que o milho é prato de gente atrasada pelo que timorense que queira parecer evoluído, “fino”, dele desdenha, pelo menos em público…
Curioso é o facto de que são os timorenses que regressaram ao país depois da independência após anos vividos no estrangeiro que, atrevidamente, comem, apreciam, saboreiam tanto a versão pobre como a rica do batarda´an, quantas vezes sob olhar atento, curioso por vezes, , outras tantas depreciativo, em desdém pelo menos aparente, dos que se habituaram ao arroz e sem ele se sentem com peixe fora de água.
Disto se fala entre timorenses, assumido que está – entre os que nunca saíram e os que voltaram ao país - o facto de que todos nos deixámos arrastar pela moda, pela aceitação da supremacia do arroz. Disto e de como os tempos mudaram. No tempo português, a produção de arroz em Timor era suficiente para os gastos da população e o governo provincial considerava mesmo a hipótese de se exportar o produto.
No indonésio, diz-se que a importação anual rondava as seis mil toneladas. Hoje, passámos para a importação em quantidades da ordem das dezenas de milhar de toneladas.
A escassez do produto no mercado mundial e o consequente aumento de preço do arroz deixam adivinhar dificuldades nos tempos mais próximos.
Ao deixar de fazer parte da actual dieta alimentar dos timorenses, a população quase deixou de cultivar milho, pelo que não se põe sequer a ideia de que o milho possa suprir as faltas do arroz no mercado.
É urgente e fundamental que se reeduque a população convencendo-a de que o milho é bem mais substancial que o arroz. E, para fazer frente às dificuldades que aí vêm, é tarefa inadiável incentivar o plantio do milho.
Antes que seja tarde demais…

O seu artigo é muito interessante. Desconhecia como a invasão indonésia tinha mudado tanto os hábitos alimentares. E já agora explique-me uma coisa: os timorenses não gostam de leite ou não estão habituados a beber leite ? Isto porque não vejo lá ninguém a ordenhar as cabras ou as búfalas. Alguns alunos meus da UNTL dizem que o leite lhes cai mal.
Augusto Lança

Concordo com o que disse a D.Angela. A populacao deve ser reeducada para outras alternativas ao arroz. Mas quem mais deve ser reeducado e o Governo para que tome medidas acertadas no interesse da maioria. No tempo do Governo Portugues em Timor a reparticao da economia tinha sempre os armazens cheios para atender essas crises e era o governo (Reparticao Servicos de Economia)que importava o arroz para que nao houvesse inflacao dos precos. Recentemente quando houve falta de arroz no mercado o governo servio se de particulares.Tudo legal mas pergunto poque usar particulares para importar arroz? Com tantos tecnicos e subsecretarios e teoricos neste governo a receber o seu vencimento sera que o governo nao poderia fazer o que o servicos da economia do governo da provincia de Timor fazia? Ou tem assim tanto dinheiro para dar aos privados? Com tanto terreno agricula abandonado porcausa da migracao para Dili(por falta de oportunidades no interior) porque nao aproveitar esta situacao e reverter a migracao de Dili para o interior? Ha muita falta de emprego em Timor. Porque entao o Governo implementar uma politica agraria onde todos os terrenos nao lavrados pelos donos passarem a serem administrados e lavrados por um periodo de 5 anos sendo o dono recrutado como empregado com vencimento a trabalhar nessa propriedade utilizando os tecnicos e maquinaria agricula do governo para lavar sendo depois a colheita pertencente ao governo. Ao fim de 5 anos o terreno reverteria para o dono. Toda a melhoria como irrigacao e algum material agricula ou um credito sem juros seria um bonus ao proprietario para que assim ele continuasse a trabalhar a terra e a produzir sendo o Governo obrigado a adquirir toda a producao. Penso que assim se podera dar resposta a muitos dos problemas em Timor. Dar contratos de compras a familiares dos membros do governo ou empresarios com contactos no governo nao beneficia a populacao em Geral mas esta a criar uma fossa grande dos que tem e dos que nao tem.

D. Ângela: pegou num ponto importante mas é preciso ir mais além (incluindo a modificação da política agrícola em Timor Leste, coisa que nunca existiu...). É preciso, nomeadamente, um programa de culinária na Televisão de Timor Leste "à la" Maria de Lurdes Modesto que eduque as pessoas a comerem melhor do que comem com os mesmos (ou outros) produtos.
Porque não avança com um programa deste tipo?!...

Com a falta do Arroz o governo deveria apostar mais no seu cultivo tanto para abastecimento interno e para exportacao uma vez que a procura vai ser maior. Mais uma fonte de receita para balancar as fugas de divisas que os investidores trazem em malas de $10.000.00 US semanalmente ou mensalmente pela Airnort via Darwin Australia.

O seu artigo é interessante. Li ontem na pagina do Aljazira em como a ONU - fundo de alimentação quer introduzir em substituição do arroz, e para ficar como a alimentacåo básica do Timorrense, a batata "Oropa"....ora vá lá uma pessoa entender o que essa gente não entende de Timor. Sempre soube que Timor-Leste é terra rica em batata doce,toda gente sabe que Timor-Leste é rica em outros tubérculos nativos. Também todos sabem que a batata "OROPA" gosta mais dos climas frescos do que dos quentes e humidos. Todos sabem que é por isso que Maubisse é a casa da batata "OROPA" ....ONU não aprende mesmo.

Bom artigo Ângela .

JRodrigues Sarmento

E já agora, porque não dão canas de pesca aos Timorenses, para poderem comer peixe, tendo um mar tão rico? Quando lá estive, fotografei dois Meninos a tentarem pescar, servindo-se de uma garrafa de plástico, como cana de pesca.....Mas não vi ninguém com canas próprias. O peixe é um alimento muito rico, faz muito melhor do que a carne. Acho que já era tempo de darem instrumentos aos Timorenses que lhes permitissem ser autónomos e melhorarem a sua qualidade de vida.
Maria Isabel Guimarães

E já agora, porque não dão canas de pesca aos Timorenses, para poderem comer peixe, tendo um mar tão rico? Quando lá estive, fotografei dois Meninos a tentarem pescar, servindo-se de uma garrafa de plástico, como cana de pesca.....Mas não vi ninguém com canas próprias. O peixe é um alimento muito rico, faz muito melhor do que a carne. Acho que já era tempo de darem instrumentos aos Timorenses que lhes permitissem ser autónomos e melhorarem a sua qualidade de vida.
Maria Isabel Guimarães

Boa tarde!
Isso é só o começo...
O que faz a ocidentalização é um aparente desenvolvimento mas na realidade torna todos escravos infelizes de uma sociedade onde todos os alimentos deixam de ser produzidos pelo povo e por desculpas de ordem higiénica etc, passam todos a ser industrializados pelas multi-nacionais e o que acontece é que todos ficam dependentes das manobras dos lobis dos ricaços...
Como se passou em Portugal, só por causa de uma paralisação de camiões TIR em Espanha, as prateleiras de supermercado ficaram quase vazias... Quero ver o que se passará em situação mais radical... Até se comem uns aos outros. Não deixem leis sanitárias condicionarem as vossas pequenas produções ou explorações de gado. Como jovem nação não sigam as pisadas daqueles que destroem o mundo e façam leis de amor, porque mais vale milho, mandioca e arroz com liberdade do que riqueza e carne de porco (que para já é um veneno) acompanhada pela governação do diabo, onde toda a astúcia da mentira entra em nome do apoio ás vitimas, em nome dos "direitos" e depois ninguém pode dar um passo que já tem mil câmaras de filmar apontadas, não pode fazer isto nem aquilo sem um projecto aprovado e bem pago ao estado. Depois as ruas são infestadas de cartazes com mulheres semi nuas, para manipular e desfazer a mente dos jovens… Mais valia andar para trás 50 anos do que avançar 5 no sentido da ocidentalização. É tudo fogo de vista para atrair mas a realidade é que depois transforma todos em focas amestradas…
Ridículo não é, ver uma foca a bater palmas com uma bola na ponta do focinho. Está no sitio errado a fazer algo errado para mostrar às pessoas erradas. Perdem-se as principais bênçãos de Deus trocando-as por coisas muito baixas.

Cumprimentos

Mário

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