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sábado, dezembro 29, 2007 

Timor vale a pena!

Quando cheguei a Lisboa em Setembro de 1970 - era então uma jovem de olhar algo assustado que havia deixado a família a quase 19 mil quilómetros de distância a querer descobrir a cidade grande e bela que era Lisboa -, fiquei de imediato amiga da Helena Torrado, a minha amiga Lena. Mesmo quando vivia em Lisboa, passava longos períodos em que não nos víamos regularmente e quando nos encontrávamos era certo e sabido que as horas todas eram poucas para pormos em dia as nossas conversas. É que nem os amigos deixam de o ser só porque estão longe, nem sempre é absolutamente verdade que “longe da vista, longe do coração”.
Há dias, fui surpreendida por um telefonema longínquo, era meio-dia em Díli, três da madrugada em Portugal. Era a Lena que, com outros amigos – entre os quais o Ricardo Carriço - tertuliava ao serão saborosa conversa ao som de boa música e, tenho a certeza, à volta de uma boa mesa talvez ainda contemplando o rio prateado daquela varanda de Constância, vila poema …
- Maria Ângela, quero que oiças isto. Tenho a certeza de que vais gostar! – disse-me ela.
Encostei o carro ao passeio e ouvi atentamente. Gostei, gostei muito e bem tentei fixar as palavras da canção dedicada a Timor-Leste libertado mas a emoção foi mais forte e a lágrima rolou fácil…
Recordei o cordão humano, as estátuas cobertas de branco, as velas acesas, os minutos de silêncio… enfim, em segundos vieram-me à memória as imagens da solidariedade portuguesa manifestada em 1999, mais evidenciada então mas numa sequência lógica do apoio português à causa de Timor em todos os anos da ocupação do território pela Indonésia.
Hoje, nada é assim. Hoje, Timor-Leste é um país independente, anda aos solavancos em busca de um caminho seguro, faz parte das frustrações dos grandes líderes mundiais que quiseram acreditar que os timorenses eram deuses e estavam imunes aos pecados normais dos seres humanos e criaram - porque lhes convinha e era oportuno -uma imagem de país de sucesso; como se fosse possível que, em dois anos, se pudessem ultrapassar as agruras de vinte e quatro anos ou se pudesse escapar imune ao sofrimento infligido pelo invasor e, qual resultado de acto milagreiro, surgisse como país independente sem falhas, sem erros, com certezas, diferentemente até dos países que nunca passaram pela experiência dolorosa de Timor-Leste!
Hoje, as atenções estão viradas para outras direcções. Atura-se mal a questão timorense, diz-se abertamente do agastamento sentido e quem tem poder vai avisando e prometendo castigo ao menino rabino de dedo esticado “olha, vê lá se te portas bem se queres um rebuçado!” E Timor-Leste, que nunca foi independente e viveu sempre sob domínio estrangeiro, aprende dificilmente como e o que é construir um país independente, cai, ergue-se, erra mas esforça-se por manter equilíbrio, por se manter direito não vá perder o rebuçado que é o apoio internacional…
Os timorenses sabem que perderam – convém que se diga que também por sua culpa – as simpatias acumuladas anos a fio e, ao conforto dos tempos em que éramos apontados como o povo guerreiro, heróico, massacrado, mártir e seres humanos de excepção (quase parecendo que não éramos deste Mundo como acreditava Rui Cinatti…) sucedeu-se a imagem de povo cheio de defeitos. Tantos que nem vale a pena enumerar…
Por isso as lágrimas que verti ao sol do meio dia naquela rua de Balide – por coincidência justamente próximo do edifico da antiga Comarca de Díli que é hoje a sede da CAVR (a Comissão para o Acolhimento, Verdade e Reconciliação) e onde tantos timorenses estiveram presos longos anos deixando como testemunhos da sua passagem grafittis naquelas paredes que ainda hoje transpiram dor e sofrimento - tiveram, de certa forma e a par da nostalgia das glórias de um outro dia, o sabor tonificante de abraço amigo numa clara mensagem de que Timor não passou de moda… Pelo menos para uma mão cheia de amigos cientes de que Timor continua a precisar de amigos, daqueles que, de mão dada, continuam solidariamente a pensar no país do Sol nascente…
José Pires e Deolinda (se me não falha a memória) do grupo Alma Lusa cantam por Timor Libertado. Vale a pena ouvir!
É reconfortante que, numa altura em que nos atirámos pedradas e quando nos arremessam tantas críticas pela nossa cambaleante construção nacional – fruto da nossa impreparação e talvez da nossa ignorância – haja quem continue a lembrar-se de Timor e que Timor lhes sirva de inspiração para a composição de uma bela melodia!
Bom Ano de 2008!

Muito obrigado por essa escrita !

FOI UMA MUSICA BOA DE OUVIR.

BOM ANO DE 2008, PRINCIPALMENTE PARA TI TIMOR

Mau Lear

timor vale a pena, muito mesmo, nao desistam nunca, porque eu tambem nao..
estive por esses recantos á cerca de um ano, adorei, marcou-me muito, gosto de pensar que tudo vai correr bem..

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