Ainda a tempo...
Numa semana, o país recebeu visitas importantes, assinaram-se mais uns acordos, Portugal e a Austrália fizeram questão de afirmar a sua amizade mútua e prometeram continuar a prestar apoio a Timor-Leste, reafirmou-se a importância da língua portuguesa, os incidentes tornaram-se menos frequentes e o Presidente da República proferiu um discurso duro, criticando fortemente o governo anterior, a FRETILIN e os seus compatriotas.
Os erros repetem-se não só porque nada ou quase nada se aprendeu das lições do passado mas também pelo facto de “O nosso ego ter (tem) sido sempre demasiado grande”, daqui resultando simplesmente julgarmo-nos superiores em tudo aos demais seguindo à risca o que soe dizer-se sobre a ignorância ser, de facto, muito atrevida!
É por nada ou quase nada termos aprendido que os erros se repetem tal
Durante os anos da colonização portuguesa e durante a ocupação indonésia,demos conta dos erros de outros que fomos criticando, umas vezes suave, outras mais violentamente; durante os cinco primeiros anos da independência, quem deteve os destinos da Nação timorense, tão assoberbado andou com os caminhos para a perpetuação, ou pelos menos, para a longevidade no poder, que se esqueceu de que tal só seria possível se tivesse prestado pelo menos alguma atenção ao povo na sua totalidade e não só a alguns, criando duas classes distintas: a dos marginalizados e a dos eleitos. Durante os cinco anos pós-independência a oposição criticou bastante o governo mas, ao ter aceite fazer parte de um Parlamento sucedâneo da Assembleia Constituinte, perdeu muito da sua capacidade crítica.
E o povo governado, a gente comum timorense foi sobrevivendo, cada dia mais pobre, cada vez menos paciente, marcando os seus dias de descontentamento com o lamento e o desencanto crescente pela vida cinzenta que a sonhada independência lhes trouxera em vez dos dias luminosos há tanto ansiados sob o olhar distante, superior e distraído de quem tinha mais em que pensar que em perder tempo com as “ninharias” do povo...
Valham-nos os tempos da Resistência, durante os quais, ainda que dificilmente, superámos as nossas diferenças e lutámos conjuntamente por um objectivo comum. Bom será que esse tempo de unidade sirva de ponto de partida para revertemos a situação actual.
Ainda estamos a tempo de corrigir o que de mal fizemos. Basta querermos. E tudo passa, natural e principalmente, pela educação que se impõe seja dada de pequenino, por um grande banho de humildade, tolerância, respeito e, logicamente, pela assunção da nossas culpas.
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Dos sonhos de Cristóvão Santos fazia parte contribuir para a construção de Timor independente.
O dia, o da sua morte que se desejava bem mais longínquo, chegou cedo...
Sentiu-se mal, deu entrada no hospital, puseram-lhe o soro e morreu daí a pouco, diz-se que vítima de ataque cardíaco.
A história acabaria aqui não fosse a triste sequência de mortes originadas por ataques cardíacos...
Porque é sua obrigação, tem de ser objectivo do Estado zelar e melhorar a qualidade de vida dos timorenses e de quem escolhe este país para viver, trabalhar ou simplesmente visitar, pelo que é urgente equipar o Hospital Nacional de maneira a salvar as vidas de quem recorre aos seus serviços porque precisa, porque quer ou porque não tem forma de se tratar lá fora.
É tempo de reverter a situação, antes que ao Hospital se cole para sempre a etiqueta de casa da morte...
Uma má notícia para mim.
Um bom companheiro com quem passei bons momentos.
Deus o tenha em descanso.
As minhas condolências para a sua família.
Gilberto Borges.
Posted by Gilborgia 5:48 da tarde