É ou não importante preservar o meio ambiente?
Os dias estão mais frescos, é verdade. Mas, apesar disso, o Sol aquece e as árvores não só embelezam a cidade, como a tornam mais verde.
Uma boa sombra é sempre pretexto para dois dedos de conversa enquanto se descansa da torreira do Sol. E para além dos humanos , os pássaros também tiram partido da ramagem.
Em tempos idos, as ruas da cidade de Díli eram ladeadas por árvores bem frondosas. Dessas, ainda se pode ver um restinho defronte do Parlamento Nacional, do edifício da ACAIT e da Uma Fukun, na marginal.
Diz-se que nos tempos da ocupação se encolhia deliberadamente os ombros ao corte indiscriminado de árvores com uma intenção precisa. Era preciso “abrir” o espaço e aumentar a visibilidade de forma a dificultar a vinda dos guerrilheiros para as zonas urbanas.
Depois da independência, o Ministério da Agricultura espalhou uns quantos avisos sobre a importância das árvores nossas amigas enquanto se proibia o seu corte, o que não quer dizer rigorosamente nada, porque nem todos acreditam na utilidade das árvores; elas são cortadas quando menos se espera e sem qualquer motivo aceitável.
No passeio junto à zona asfaltada em frente ao aeroporto de Díli havia umas árvores enormes, frondejantes. Felizmente ainda sobram algumas! Mas, há uns quatro anos e num só dia, foram cortadas umas quantas árvores porque as raízes estavam a levantar o asfalto!
Díli é uma cidade que não prima nem pela limpeza nem pela organização, pelo que se louvam as iniciativas no sentido de a tornar mais
Há programas de limpeza ao abrigo dos quais - e mediante o pagamento diário de dois dólares - a população local se organiza para limpar as vias públicas da zona onde vivem. O apoio vem da OIT sedeada em Díli e do Ministério da Reinserção Comunitária do Trabalho e da Solidariedade.
Ontem, via-se uma grande multidão de homens, mulheres e jovens limpando a avenida do aeroporto. Reparei que o Sol entrava mais facilmente e o asfalto cinzento escuro da via rebrilhava bem exposto ao astro rei!
A copa frondosa das árvores que ladeavam a avenida do aeroporto, do lado da montanha, foi desbastada quase totalmente e abriu espaço para que o Sol aquecesse bem o asfalto, para que os pássaros ficassem sem poiso e as pessoas perdessem uma sombra amiga, a tal para dois dedos de saborosa conversa. Desejei que o corte tivesse terminado ali mas também me ocorreu que talvez alguém tivesse reparado nesse corte indiscriminado e suspendesse o trabalho.
Nada disso. Hoje reparei que foram cortadas mais umas quantas árvores e as primeiras das quais ontem ainda sobrava o tronco ficaram reduzidas a um coto saído do chão.
Enquanto a população “limpa” as ruas, discute-se política de “alto nível”, cozinham-se novas amizades, trocam-se argumentos, prepara-se o governo a ser apresentado ao Povo.
Calculo que os políticos estejam todos muito ocupados.
Mas tem de haver alguém que tome conta da cidade, da preservação do meio ambiente e esteja consciente da sua importância. Se não, por este andar, um dia destes, quando dermos conta, estamos a viver num país árido e sem graça!
E não valerá sequer a pena atribuir a culpa a gente carenciada que precisa de ganhar uns dólares e de lenha para cozinhar, se ninguém se preocupa com a sua educação cívica e menos ainda em melhorar a sua qualidade de vida.
Li os seus artigos e recordei os três meses que passei em Timor numa cooperação com a a Universidade de Dili há quatro anos. Espero que sejam preservados os imponentes Ficus da marginal que devem ser quase tão antigos como as vizinhas peças de artilharia que ainda resistem à implacável erosão dos tempos...Mas os tempos de hoje terão de ser de esperança e eu tenho muita esperança nessa jovem nação que todos nós portugueses trazemos no coração. José Ribeiro.
Posted by josé ribeiro 5:17 da tarde