sexta-feira, agosto 24, 2007 

Timor, Timor...

E, pronto! Terminou o instante de distensão, com os confrontos de Ermera e Metinaro a marcar o regresso aos tempos de cólera que há mais de um ano transformaram o nosso quotidiano.
Incendiar, apedrejar, insultar, atacar, matar, é assim que temos de viver? Viver em constante sobressalto, é o que queremos?
Os objectivos que se pretendem e se adivinham dever basear-se na paz, na tolerância e no respeito pelo próximo só valem se forem alcançados através da violência?
No entrever de momentâneo pedaço de sossego existe mais brilho do Sol e aprofunda-se o azul dos céus de Timor... Efémera, pura, triste ilusão! Pecado de quem quer a vida timorense apreciada sob outro olhar...
A esperança em dias melhores esfuma-se rapidamente. E a dor - sempre a dor! -, veio para ficar; ela é a imagem de marca deste país onde há quem teime em plantar a árvore do ódio, da violência e da vingança e dela fazer a floresta dos enganos em que Timor-Leste se está a transformar...

quinta-feira, agosto 23, 2007 

Ai, a falta de "transparansia"!

Lê-se na primeira página do jornal que os novos governantes vão ter de apresentar em breve uma declaração de bens para evitar o triplo KKN (korupsaun, kolusaun, nepotismu). Justifica-se a medida e bom será que seja mais abrangente e abarque não só os governantes como todos os titulares de cargos públicos, todas as autoridades e servidores do Estado.
Faz sentido falar de um facto difundido no espaço noticioso de ontem e de hoje quando a RTTL deu grande importância a uma notícia da casa, da própria televisão que traz alvoroçados os profissionais da casa.
Os técnicos da televisão negam-se a receber um carro de exteriores-estúdio móvel - encomendado durante a vigência do governo anterior, entregue quando este novo governo já estava em funções.
Parece que o preço exorbitante do carro não condiz com a sua má qualidade (algumas centenas de milhares de dólares…). Os técnicos estão zangados, exigem “transparansia”, pedem que se proceda à investigação das condições de aquisição, querem saber quem está envolvido e vão ouvir o ex-ministro da tutela, hoje deputado na oposição, que não sabe de nada a não ser em traços gerais e remete para o administrador responsável que não é ouvido…
E ainda a propósito de carros: já que é chegado o tempo de disciplinar hábitos, de educar, de tornar tudo transparente, então valerá a pena começar pelas coisas simples como, por exemplo, criar um regulamento que proíba retirar a matrícula a um veículo que circule na via pública, não sei se porque o “dono” quer, se porque ao “dono” interessa que o carro ande sem identificação... Ai, a falta de "transparansia"!

quarta-feira, agosto 22, 2007 

O Sol brilha!

Pode ser sol de pouca dura mas não deixa de ser agradável poder dizer que os dias estão mais calmos. O sol brilha ainda mais no céu, o mar está mais azul e deixou de ter ondas alterosas e há estrelas no céu até mesmo quando se vêem nuvens cinzentas de água da chuva fora-de-época...
O caminho está livre de apedrejamentos feitos por grupos que, à
beira da estrada e junto do seu montículo de pedras esperam pela primeira vítima.
Em abono da verdade deve-se dizer que embora se tenha verificado algum abradamento da violência, a tensão mantém-se em Baucau e Viqueque.
Mas em Díli, nas zonas mais críticas, há mais policiamento. Talvez seja por isso e talvez também porque as pessoas começam a ficar muito cansadas - a instabilidade dura há mais de um ano - que diminuiram os incidentes. Ou talvez esteja a surgir a consciencialização de que a violência não leva a lado nenhum.
Há dias e sempre com a “crise” e a “situação”
como pretexto para breve troca de impressões, comentava alguém no mercado que “nós, povo kiik, já abrimos os olhos; lutámos pela independência e essa já a conseguimos. Agora, a luta é pelas cadeiras. Os líderes querem cadeiras. Então eles que lutem por elas!”.
Lúcido comentário!

domingo, agosto 19, 2007 

Direitos, de quem?

Ainda de negro vestida, de negro véu de renda cobrindo-lhe a cabeça, G. regressa a casa depois de mais uma ida à Igreja onde em silenciosa prece procura alento para a dor profunda pelo desaparecimento do seu companheiro. Três meses é, efectivamente, muito pouco tempo e a dor corta como navalha afiada.
As lágrimas soltam-se-lhe facilmente dos olhos negros de luto profundo e entrecortam-lhe a voz enquanto desabafa que “...foi demasiado cedo, ainda não tinha chegado o tempo dele. “
E continua: “Baixou ao hospital depois de um primeiro ataque; ali, disseram-me que não tinham hipótese de o tratar. Que o hospital não tinha equipamento apropriado. Que era melhor levá-lo para o estrangeiro. Portanto era bom que a família arranjasse forma de o levar de Timor. Eu e os meus filhos tentámos tudo. Queríamos que ele fosse para Darwin. Mas eram precisos vinte e cinco mil dólares...(suspira!) para a Indonésia também não era fácil porque o meu marido andou a fazer trabalho clandestino no tempo da ocupação...
No Hospital Nacional de Timor-Leste não havia tratamento para ele e o meu marido morreu vítima de novo ataque cardíaco três dias depois de ter sido internado. Mas foi cedo de mais. Ainda não tinha chegado o tempo dele...”

***

Manhã cedo, depois de deixar a filhinha em casa da avó, L. fazia o trajecto habitual para o escritório quando uma pedra bem grande lhe apanhou “a cabeça, ao lado da nuca, aqui do lado esquerdo”.
L. conta que “ fui logo para o hospital. Vomitei muito. Por isso o médico ficou muito preocupado, fez-me uma radiografia e também me aconselhou que ficasse em casa a descansar; mas desde que levei a pedrada passei a ter muitas dores de cabeça, tonturas e falta de equilíbrio. Eu já voltei outra vez ao hospital. Mas a radiografia não acusa nada. Por isso o doutor disse que tenho de fazer um exame mais completo. Mas o hospital de Díli não tem o equipamento e tenho de ir a Bali.”
L. teria ido logo se tivesse dinheiro para a viagem, estada e para o exame. Assim, vai trabalhar todos os dias embora continue com tonturas, falta de equilíbrio e muitas dores de cabeça. E, claro, continua sem dinheiro. Mas também continua à espera. De quê? Certamente que haja um milagre!

***

Fala da universidade e da igualdade o artigo 16º da Constituição da RDTL que diz que “Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres”;

Sobre a saúde, estipula o artigo 57º, 1, da CRDTL que “Todos têm direito à saúde e à assistência médica e sanitária e o dever de as defender e promover”;

O artigo 1º da Declaração dos Direitos Humanos defende que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”

sábado, agosto 18, 2007 


No cabeçalho da página de um qualquer documento oficial da RDTL surge este símbolo onde se vêem a arma de fogo, o arco e a flecha, em exemplar exteriorização da vontade do artista numa cuidada conjugação dos seus objectos de culto. O passado e o presente, o antigo e o moderno, o rudimentar e o sofisticado. E a triste sugestão da cultura do conflito. Dispensável.

terça-feira, agosto 14, 2007 

Dividir para reinar...

Do país Timor-Leste, somos timorenses; devíamos procurar e consolidar o que nos une. Mas não o fazemos. Preferimos, pelo contrário, andar à cata de qualquer coisa, qualquer coisinha, muito minúscula, muito insignificante, que, em determinado momento vê o seu valor inflacionado quando feito argumento importante a ser utilizado conforme as nossas intenções e interesses.
Somos uma “Nação” e de “Nação” se enchem os discursos, mesmo quando só se quer falar de país, território. De tanto nacionalismo palavroso quase se poderia pensar que está bem interiorizado o conceito, o espírito de Nação...
Os acontecimentos actuais, bem como os do passado, têm-se encarregado de demonstrar à saciedade que, infelizmente, o afã posto na busca de um pormenorzito que sirva o nosso querer momentâneo, mais do que manter ou consolidar a Nação, nos levará célere a descontruí-la, talvez mesmo a destruí-la definitivamente...
Somos timorenses e isso deveria bastar-nos. Que nada! É sempre necessário mais uma florzinha que componha o ramalhete da divisão entre os timorenses.
Tempos houve em que a divisão era apenas a da geografia. Porém, se é necessário dividir para reinar...
E por isso os firakus de Lorosae não se entendem com os kaladis de Loromonu. Uns são aguerridos, outros demasiado passivos...
Mas, mesmo em Lorosae, por exemplo, em Viqueque, importa saber-se de que lado de Watu Lari se está; dos naueti ou dos makassai? Podem ser todos do mesmo partido, mas...
Dos primeiros se diz que apoiaram a integração (a exemplo de uma família da área) na sequência do apoio à revolta pró-indonésia no longínquo ano de 1959 que valeu a morte de alguns à mão dos makassai apoiados pelo poder colonial e a outros a deportação de Timor; dos makassai se diz que sempre apoiaram a Resistência, também a exemplo de um dos filhos da terra, guerrilheiro clandestino...
Ciclicamente bastante explorado é o “problema” dos “puros” e dos “mestiços”: um “puro” é sempre puro quer tenha o cabelo bem crespo e as narinas bem dilatadas, quer tenha olhos rasgados, nariz afilado e cabelos lisos; E entre os mestiços, também se faz a distinção entre os descendentes de europeus, asiáticos/chineses, africanos, etc... E um descendente de branco é sempre considerado malai. Com alguma sorte, chegará a malai-oan... e a timorense de corpo inteiro só vencidas muitas barreiras!
Mais um obstáculo transposto? Sim, mas logo surgirá outro, quando temos de escolher entre os de dentro e os de fora. De dentro, sim! Mas, de que lado esteve durante a ocupação? Há os independentistas, os clandestinos, os pró, os duplos, os colaboracionistas, etc, etc, de valor sempre indexado à conjuntura.
Quanto aos de fora, haverá os que são de
Portugal, os de África/Maputo ou os da Austrália. E depois é preciso saber a que partido pertence cada um deles. Logo se verá quanto e como vale cada um!
Agora, sobreveio outra moda: a da religião. E relacionada com ela, a morte.
Como comentava alguém “unidade? ... então se há diferentes cemitérios para os seguidores das várias religiões! Pois, se nem a morte nos une!!!”
Multipliquem-se estes poucos exemplos por treze distritos e logo se perceberá a dimensão da querela!
Nasci no tempo português e ainda me lembro bem do amor exacerbado dos timorenses à bandeira portuguesa.
Usado
como factor de unidade do Império português que se estendia do “Minho a Timor” porque “Portugal não é um país pequeno; é grande o seu Mundo e maior a sua alma!” (a alma, oh, a alma, essa poderosa e omnipresente entidade invisivel!), sob essa bandeira se conseguiu a tranquilidade em Timor sobrevinda a inúmeras lutas internas. O que não quer dizer, obviamente, que tudo estivesse certo nem que tudo tenha sido ultrapassado e bem resolvido, daí se podendo concluir que por nada ter sido bem resolvido é que as divisões vêm agora todas à tona.
Sim, mas...
Agora que não estamos sob nenhum poder colonial, que somos leste-timorenses, independentes pois, que somos um país alicerçado numa Nação antiga de “antes do tempo dos Descobrimentos” deveria ser a altura de conjugarmos esforços e todos juntos trabalharmos para a unidade nacional que se esvai desta terra como água por entre os dedos...

segunda-feira, agosto 13, 2007 

Que futuro para Timor-Leste?


São crianças de Timor-Leste. Uma nasceu em Venilale, a outra é de Ermera.
Têm muito pouco, quase nada, mas sorriem! O olhar reflecte a pureza, a inocência natural das crianças.
Deveriam brincar, estudar, alimentar-se bem. Deveriam ser a prioridade em Timor-Leste. Mas não. Grande parte delas são crianças trabalhadoras, muitas delas mendigas, mal alimentadas, sofridas, mal amadas pelo Estado, pelos políticos, pela sociedade.
Não sabem sequer que devem ter três refeições por dia. Porque se soubessem, também saberiam dos seus direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos das Crianças, aprovada por unaminidade em Assembleia Geral da ONU em 20 de Novembro de 1959. E saberiam que quase nada do que está consagrado está a ser cumprido.
Não sei quando chegará o dia em que às crianças timorenses será permitido viver com dignidade, quando serão observados, por exemplo, o direito “ ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade”, a “especial protecção para o seu desenvolvimento físico, mental e social,” ou a “crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos”.
Mal defendidas, marginalizadas, espezinhadas, quantas vezes esquecidas, as crianças de
Timor-Leste crescem no meio do ódio e da injustiça.
As crianças sofrem mais que os adultos. Mas querendo continuar a acreditar que os líderes deste país são adultos responsáveis, o mínimo que se espera é que eduquem e chamem à razão os adultos loucos que em nome da sua "democracia" semeiam o terror por este país, se preocupam apenas com o seu presente e se esquecem da brevidade do Poder e da Vida e que Timor-Leste tem futuro.
E o futuro de Timor-Leste são as crianças...

sábado, agosto 11, 2007 

Tempos de cólera

Diz quem vivia em Timor nos idos de 1975 que há semelhanças entre os tempos de cólera que ora vivemos e os de então. E o resultado foi o que se viu.
Sendo este tempo, o de agora, tão notoriamente delirante, louco, impus-me a necessária discrição por entender que há momentos em que é imprescindível manter a calma e não deitar mais achas para a fogueira em que querem transformar Timor-Leste e onde os loucos que andam à solta acobertados sabe-se lá bem por que interesses! – havendo, contudo, quem assevere que esses fanáticos o fazem por interesses partidários – apedrejam, queimam, perseguem, destroem bens particulares e do Estado, matam se puderem.
O tempo, porém, encarregou-se de me demonstrar o lirismo da minha atitude. Estava a começar a sentir-me coberta por uma manta de cobardia quando me questionei se deverá haver silêncio, se a discrição não se confundirá com um encolher de ombros ou um fazer de conta que nada se passa que não seja “normal em países saídos de conflitos longos”, como é o caso de Timor-Leste, quando gente sem escrúpulos destrói o país, a esperança, a alma de um povo, a nação.
E em nome do que quer que seja, de tudo ou de coisa nenhuma, justifica-se destruir um país, a terra, a gente? O Poder justifica tudo? Tenho a certeza que não. Tal como tenho a certeza de que, como todos quantos anseiam por paz e tranquilidade, não devo manter-me calada. Decididamente, não!

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O edifício da Alfândega está totalmente destruído pelo fogo posto duas vezes para se ter a certeza de que tudo ficava realmente reduzido a cinzas. E em cinzas se transformaram documentos...
Ouvi na RTTL um responsável partidário desculpabilizar os incendiários justificando que a obra era do partido que governara o país ... A obra feita foi certamente a da reconstrução porque o edifício incendiado data do tempo português. Ali funcionou, depois do tempo em que foi “ Alfândega”, a Imprensa Nacional onde comecei a trabalhar como revisora de provas em 1969. Mas, ainda que a autoria da obra fosse do governo, isso justificaria a sua destruição? Passará então a ser normal construir/reconstruir, incendiar, destruir em cada cinco anos de alternância política para que aqueles que nos sigam não tirem proveito da “nossa” obra?
Não queria, mas senti-me transportada a 1999 quando as imagens transmitidas pelas várias estações de televisão de Portugal nos davam conta de Díli incendiada pelos indonésios que se julgavam no direito de o fazer, uma vez que os edifícios (tudo!, diziam eles) haviam sido construídos por eles. Estranha e triste coincidência de pontos de vista!

segunda-feira, agosto 06, 2007 

Desesperanças...

Para os lados de Comoro, as ruas estão cheias de gente. São jovens, de livro debaixo do braço. A algazarra é grande e o riso fácil. São jovens ainda esperançosos, dos que acreditam que o seu futuro seja bom.
Do outro lado da cidade, no espaço defronte da embaixada de
Portugal, muita gente, entre o que se conta uma mão cheia de jovens, espera que a porta se abra. Muitos, os que nasceram antes de 1975, vão tratar da aquisição de nacionalidade Os mais jovens pretendem um visto de entrada em Portugal.
Na rua, há menos algazarra. E o riso transformou-se. O semblante é carregado, sério. Advinha-se a desesperança pela tristeza do seu olhar.
A maior parte desses jovens já nem é da geração dos “sarjana supermi”, dos licenciados na Indonésia. São, já, os “nossos” licenciados, os da independência.
Saídos da Universidade, a Vida deixou de lhes sorrir. E por isso vão procurar lá fora o que o seu país, a mais nova Nação do Mundo, o primeiro país do 3º milénio, lhes negou: Sonhos, esperança, trabalho.

sexta-feira, agosto 03, 2007 

Não! Não vou por aí!

Há dias, dizia-me um colega que na vizinha Indonésia se comenta que “os timorenses sabem unir-se quando o inimigo é externo mas, na falta de um inimigo externo, arranjam inimigos internos e digladiam-se entre si…”. E num tom mais baixo, acrescentava “mana, senti uma grande vergonha, mas não fui capaz de dizer nada!”
Nesta troca de impressões sobre este traço negativo do nosso carácter, retorqui-lhe que, em Bali, também já haviam feito o favor de me dizer mais ou menos o mesmo e da vergonha que eu também experimentara por ter de me calar, engolir o meu orgulho e olhar para o chão, incapaz de enfrentar o atrevido. Senti vergonha e raiva! Mas não tive outro remédio senão manter-me calada!
E agora, que estamos no meio de mais uma crise, por mil e uma razões a que se soma a do adiamento sucessivo de uma decisão para a formação de novo governo, estamos a dar inteira razão aos nossos vizinhos que se comprazem com a nossa manifesta incapacidade de entendimento, de coabitar pacificamente um espaço, Timor, que é – tem de ser - de todos nós, timorenses.
Sabe-se que a democracia timorense é incipiente, frágil, periclitante, que os cinco anos de independência serviram para muita coisa mas não para apostar na educação cívica e, logo, na aprendizagem da vivência democrática, da tolerância e do respeito pelo próximo.
Unicamente por isso se compreende que só a hipótese de perda do Poder faça estalar o verniz e dê origem a ataques a adversários políticos, esquecendo-se de que os mesmos são só adversários políticos, são timorenses e não inimigos a abater!
Tornou-se um hábito o conselho amigo, formal ou informal para que “evite esse caminho”, “não ande fora de horas”, “não ande demasiado depressa”, “não ande tão devagar”, “não vá por aí …”
Na noite em que houve mais um apedrejamento a um carro em que seguia um cidadão –por sinal líder partidário - que regressava calmamente a casa depois de jantar em família, perante mais um ataque desnecessário, violento, gratuito, sinto uma tristeza imensa, uma raiva surda e uma terrível vergonha por tudo quanto está a acontecer no meu país!
Direi também que, a exemplo do que pensam os meus dois irmãos, Mário e João, líderes partidários, por coincidência ou não vítimas de apedrejamento, a resposta à violência só pode ser uma:
Não vou por aí!

quarta-feira, agosto 01, 2007 

Todo o tempo do Mundo...

Os ventos não estão de feição. E deve ser por isso que não há urgência nenhuma em que se reconstrua o país…
Mas, se os detentores do Poder, se quem manda nos destinos deste país tem o entendimento de que temos todo o tempo do Mundo, quem, afinal, do povo kiik se atreverá a achar que o tempo urge porque há um país a ser reconstruído?
Não sei porquê mas, tendo-se-me embotado a imaginação, nada mais me ocorre senão valer-me na circunstância de uns ditos populares bem adequados ao momento…
É que quem acredita que “quem espera, sempre alcança”, também não deveria esquecer-se que “quem espera, desespera”.
Temos todo o tempo do Mundo, mas um mês não será tempo suficiente para se decidir o Governo de um país? E se as sumidades deste país se lembrarem de apenas dar o braço a torcer daqui a uma ano, vamos todos esperar um ano sentados até que as ditas sumidades se lembrem que, afinal é urgente tratar da Vida do povo e do futuro do país que querem governar?
E depois admiramo-nos que haja quem queira passar-nos o atestado de Estado falhado!