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domingo, julho 16, 2006 

Outros tempos, tempos novos!

Outros tempos, tempos novos! Pois é. Parece. Mas será que nada ou tudo parece o que é ou que quer parecer ser? "Parece” é verbo ouvido, dito, repetido à exaustão nestes dias em que a “situação” ou a “crise” pertencem a outros dias, vivendo nós, como estamos, em estado de graça…ainda que relativa.
A situação parece que tende a normalizar-se; a crise parece que foi um sonho mau, um pesadelo que parece que já passou.
Verdadeiramente certa, é só a injustiça contra uns bons praticada por uns outros dos que não parecem maus, antes se tem a certeza de que são bandidos. Aliás, um bandido é sempre o herói da facção contrária.
A população parece também ter acalmado e quase passa despercebido - já nem foi notícia! - o passeio nocturno de ninjas, mascarados e trajados de preto, que se entretêm assustando e apedrejando a população. Também nada li nem ouvi sobre um tipo de bomba, ainda que artesanal, encontrado em Tíbar que deu origem a uma intervenção demorada e cuidada dos militares australianos.
Menos ainda se falou de um história especial sobre a descida à cidade, em noite de música e diversão, de Alfredo Reinado e mais algumas dezenas de amigos. Finda a distracção, regressaram em paz, também parece, à sua Maubisse.
Parece que tudo isto são agora questões de somenos importância que fazem apenas parte da ementa de impressões que populares trocam diariamente; impressões verdadeiras, fantasiosas, mais ou menos romanceadas de quem aumenta um ponto quando conta um conto, conforme a personalidade de cada um, em mais um “parece” …
E porque em Timor-Leste se gastam todas as energias na criação e contínua acumulação de razões de divisionismo e de incompatibilidades, o que nos desune passa muitas vezes a ter mais importância do aquilo que nos une.
E, também porque parece que o tempo é outro, ontem o STL (Suara Timor Lorosae), um dos dois diários mais lidos no país, falava, pela primeira vez desde que somos independentes sobre uma questão velha mas não ultrapassada.
O STL trazia o ponto de vista de Alexandre Corte-Real sobre a utilização dos termos Maubere, Buibere que talvez divida mais a sociedade timorense do que a terminologia Lorosa´e, Loromonu. Só que é politicamente incorrecto abordar-se o assunto…
Alexandre, que é de uma família conhecida de Ainaro, na zona Rai Klaran de Timor-Leste, alerta para a relevância e tendenciosidade do termo. Passando pelas motivações que encorajaram a criação deste termo para ilustrar o povo timorense numa determinada e conturbada época da nossa História não tão antiga quanto isso, Alexandre esclarece que Maubere e Buibere, nomes próprios e termos vulgares na zona mambai são desconhecidos em outras zonas como a dos fataluko, makassae e bunak, entre outros.
Recorrendo à multiplicidade étnica, cultural e partidária para reforçar o seu ponto de vista, diz Alexandre que este é um conceito que está ultrapassado e não apenas no tempo: não abrange a totalidade dos timorenses. E isto porque, sendo a sociedade timorense fortemente hierarquizada, na uma fukun (1), nas suas uma lisan (2), se Maubere, Buibere nomes próprios ou conceitos que se aplicam ao proletariado, há que considerar ainda, para além deste, o Naibere, Usibere que dizem respeito aos nobres e liurais.
Aludindo à carga partidária deste termo, se as palavras Maubere e Buibere servem ou agradam aos simpatizantes de uma determinada força partidária, para além da confusão entre cultura, tradição e ideologia já criadas, Alexandre questiona onde ficam os que não se revêem neste conceito nem nessa ideologia. Acrescenta então que Maubere e Buibere não têm nada a ver com a cultura original, são acrescentos que desunem, apartam e esquecem. A título de exemplo, aponta de entre os excluídos os uaima, naueti, makassae, kemak ou bunak.
E finaliza sugerindo que se descubra um termo nacional, que abranja o país na sua totalidade e não discrimine quem não é da zona mambai.
Já que estamos a viver outros tempos, novos tempos, este parece um bom pretexto para debate e solidificação da unidade que todos dizem advogar para Timor-Leste.

(1)uma fukun – casa ancestral
(2(uma lisan -Cerimónias, tradições, usos e costumes

Maubere e Bibere

Haja paciência!!!
As pessoas não têm nada de mais importante para discutir que não termos, cores, fulanos...
Isto faz-me lembrar os saudosos tempo do congresso nacional timorense, em que se perdeu tempo a discutir termos, cores,... disparates!
O país precisa de ideias para se desenvolver, ser bem administrado, criar riquezas para que possa ser partilhada por todos.
Não é perder tempo com o termo maubere, a cor da bandeira, se tem muito ou pouco vermelho, se está fulano, sicrano ou beltrano a ocupar qualquer lugar...
se passamos a vida adiscutir, perdoem-me a expressão, mas se perdermos tempo com "titicas de galinha", então nem daqui a cem anos, os problemas se resolvem..., porque vai sempre aparecer alguém que não de outrém, de alguém que não gosta da côr, vai aparecer sempre alguém que não gosta de uma determinada palavra...
Vamos mais é discutir, propor, "disparatar" ideias que possam ser útil ao desenvolvimento de Timor Loro Sae, Timor Leste, Timor Oriental,..., a metade Este da ilha de Timor, mais Ataúro, Oécussi e ilhéu de Jaco.

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